capítulo 5

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Penelope sentou-se no banco do parque, as mãos trêmulas enquanto tentava acalmar a tempestade em seu peito. As palavras de Kian ecoavam em sua mente como um pesadelo que se recusava a acabar. Ele havia sido cruel, deliberadamente cruel, e ela não conseguia entender por quê. Por que ele sentia tanto prazer em vê-la sofrer? Por que ele estava determinado a destruí-la de todas as maneiras possíveis?

Mas, mais do que tudo, Penelope se perguntava como havia permitido que ele chegasse tão perto, mesmo depois de todos esses anos. Ela havia sido tola ao acreditar que o passado poderia ser apagado, que as feridas poderiam ser curadas apenas porque ela desejava que fosse assim. Kian havia provado o contrário, e agora ela se via novamente presa em um ciclo de dor e desconfiança, um ciclo que parecia impossível de quebrar.

O vento soprava suavemente, trazendo consigo o cheiro das folhas secas e do outono. Penelope respirou fundo, tentando encontrar algum consolo na tranquilidade ao seu redor, mas a paz que tanto almejava continuava a escapar-lhe.

Ela pensou nos dias em que eles eram crianças, quando a rivalidade entre eles era uma coisa quase divertida, cheia de provocações inocentes e competições tolas. Naquela época, havia uma espécie de entendimento tácito entre eles, uma linha que nenhum dos dois cruzava. Mas à medida que cresceram, essa linha havia se desvanecido, substituída por um abismo de ressentimento e amargura.

Penelope se lembrou da primeira vez que percebeu que Kian não era apenas um rival, mas alguém que realmente a machucava. Era seu décimo terceiro aniversário, e ela havia passado semanas planejando uma festa perfeita. Tinha convidado todos os amigos, escolhido a decoração, planejado os jogos. Estava determinada a que fosse um dia inesquecível.

Mas Kian, em uma de suas típicas provocações, havia espalhado um boato de que Penelope estava apaixonada por um dos garotos da escola. A notícia se espalhou como fogo, e em vez de ser um dia de celebração, seu aniversário se transformou em um pesadelo. Ela nunca perdoou Kian por isso, e ele nunca se desculpou.

A partir daquele dia, a rivalidade entre eles se intensificou, tornando-se cada vez mais amarga e pessoal. E agora, anos depois, Penelope percebia que nada havia realmente mudado. Kian ainda era o mesmo garoto cruel, e ela ainda era a mesma garota vulnerável, presa em uma teia de expectativas e ilusões que nunca se concretizavam.

Mas algo dentro dela começou a mudar naquele momento. Talvez fosse o cansaço de anos de batalhas sem sentido, ou talvez fosse a dor acumulada de uma vida inteira de desentendimentos. Mas Penelope sabia que não podia continuar assim. Não podia permitir que Kian continuasse a controlar suas emoções, suas ações, sua vida.

Ela precisava reagir. Precisava encontrar uma maneira de virar o jogo, de mostrar a Kian que ele não tinha poder sobre ela. Não seria fácil, e Penelope sabia que isso significava entrar em uma guerra ainda mais feroz do que a que eles já vinham travando. Mas, desta vez, ela não lutaria para vencer sua aprovação ou para reparar o passado. Lutaria por si mesma, para se libertar das correntes que a prendiam.

Determinada, Penelope se levantou do banco e começou a andar, o coração batendo com uma nova energia, uma mistura de raiva e resolução. Ela sabia exatamente para onde estava indo.

Cerca de quinze minutos depois, Penelope chegou ao pequeno edifício de escritórios onde sabia que Kian costumava trabalhar. Ele havia mencionado casualmente em uma conversa anterior que tinha um projeto importante para entregar, e Penelope sabia que ele estaria lá, sozinho, concentrado em seu trabalho. Isso lhe dava a vantagem que precisava.

Quando entrou no prédio, foi recebida por uma recepcionista que lhe lançou um olhar questionador, mas Penelope não se deixou intimidar. Ela sorriu, como se estivesse ali por um motivo comum, e pediu para falar com Kian, mencionando que tinha uma reunião agendada. A mentira escapou de seus lábios com uma facilidade surpreendente, e a recepcionista, aparentemente convencida, acenou para que ela seguisse em frente.

Eᥒtrᥱ ᥆ ᥆́dι᥆ ᥱ ᥆ ᥲ꧑᥆rOnde histórias criam vida. Descubra agora