capítulo 14

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Kian sentou-se em sua cadeira, girando o copo de uísque entre os dedos enquanto olhava pela grande janela de vidro que oferecia uma visão abrangente da cidade. A vastidão de Moscou se estendia diante dele, uma tapeçaria de luzes e sombras. No entanto, sua mente estava distante, concentrada em apenas uma coisa: Penelope. Ele sabia que ela estava perto do limite. Não havia dúvidas de que o ataque na fábrica tinha abalado sua confiança e, mesmo que não tivesse perdido completamente a carga, o impacto emocional seria significativo.

Ele já havia jogado esse jogo antes, com inimigos muito mais poderosos, mas nenhum deles era como Penelope. Havia algo nela, algo que o desafiava em um nível mais profundo. Ela não era apenas uma rival, era uma obsessão. Uma peça do quebra-cabeça que ele ainda não tinha conseguido decifrar por completo.

Ao pensar nela, o rosto de Penelope surgiu mais uma vez em sua mente. Os olhos dela, sempre cheios de uma intensidade feroz, o encaravam em silêncio em sua imaginação. A raiva, o desafio... e o algo mais que ele raramente admitia para si mesmo. Kian levantou-se de repente, como se quisesse afastar esses pensamentos. Andou até a janela e olhou para o horizonte iluminado, a mão apertando o copo até seus nós dos dedos ficarem brancos.

O som de passos discretos na entrada o tirou de seu devaneio. Era Ivan, retornando com um semblante sério.

— Senhor, temos mais informações — Ivan começou, mantendo sua postura rígida.

— Fale — Kian respondeu sem se virar, os olhos ainda fixos nas luzes da cidade.

— Penelope se encontrou com alguns aliados na noite passada. Parece que está reforçando sua segurança pessoal e planejando uma nova operação. Alguns de nossos informantes acreditam que ela esteja investigando quem foi o responsável pelo ataque. Mas ainda não há indícios de que ela tenha ligado os pontos até você — Ivan relatou, entregando um novo relatório a Kian.

Kian pegou o papel com desinteresse aparente, mas seus olhos analisaram cada detalhe rapidamente. Ele sabia que era uma questão de tempo antes que ela descobrisse, mas isso fazia parte de sua estratégia. Ele queria que Penelope suspeitasse, queria que ela sentisse a pressão de alguém controlando os fios do destino dela sem que ela pudesse ver. Era um jogo de paciência, e ele estava disposto a esperar pelo momento perfeito.

— Continue observando. Não faça movimentos precipitados. Quero que ela se aproxime de mim, que sinta que está me caçando, quando, na verdade, sou eu quem a está conduzindo — Kian ordenou, finalmente se virando para encarar Ivan.

O conselheiro assentiu, mantendo a expressão neutra.

— E, Ivan... — Kian chamou enquanto o homem se preparava para sair. — Quero que alguém esteja em posição para proteger a carga dela na próxima operação. Não quero que ela perca novamente. Isso não é sobre prejudicar seus negócios. Ainda.

Ivan hesitou por um momento, mas não ousou questionar as ordens. Ele sabia que Kian sempre tinha um plano maior em mente. Com um breve aceno, deixou a sala, deixando Kian sozinho com seus pensamentos uma vez mais.

Kian sabia que não poderia destruir Penelope diretamente, não ainda. Ela era resistente, sagaz e, acima de tudo, imprevisível. E isso era algo que ele admirava nela, mesmo que jamais admitisse em voz alta. Penelope tinha a capacidade de se adaptar, de se reerguer, e, em parte, era isso que a tornava uma adversária tão digna.

Mas também era isso que a tornava sua maior fraqueza.

Enquanto Kian caminhava de volta para a mesa, o telefone em seu bolso vibrou. Ele o retirou, olhando para a mensagem sem emoção visível. Era uma atualização de um de seus espiões dentro do círculo de Penelope. Ela estava se movendo. Mais uma vez, a informação indicava que ela estava indo para um local que ele já conhecia.

Eᥒtrᥱ ᥆ ᥆́dι᥆ ᥱ ᥆ ᥲ꧑᥆rOnde histórias criam vida. Descubra agora