Capítulo 4

148 13 2
                                    


Enquanto os rumores continuavam a se espalhar pelo campus, a pressão sobre Esme se intensificava. Por mais que tentasse ignorar as conversas e os olhares curiosos, a sensação de ser observada e julgada a perseguia, tornando cada dia mais difícil de suportar.

Naquela tarde, enquanto treinava sozinha na pista de skate, Esme sentiu o peso das especulações se acumulando até o ponto de ruptura. O sol ainda brilhava no céu, mas dentro dela, tudo parecia nublado. Os movimentos que costumavam lhe trazer paz agora eram mecânicos, desprovidos de alegria. O skate deslizava sobre o asfalto, mas sua mente estava longe, perdida em um turbilhão de pensamentos e sentimentos confusos.

Esme sentiu o celular vibrar no bolso e, ao ver o nome de Gabi na tela, atendeu imediatamente. O som familiar da voz de sua amiga trouxe uma onda de emoções que Esme já não conseguia mais conter.

— Gabi, eu não sei mais o que fazer — Esme começou, sua voz trêmula e carregada de desespero. — Sinto que estou perdendo tudo. Todos estão falando, especulando... Eu estou me afundando nisso, e não consigo ver uma saída.

Esme parou o skate, segurando-o com uma mão enquanto mantinha o telefone colado ao ouvido com a outra. Seus olhos se encheram de lágrimas, e ela tentou disfarçar o choro, olhando para o horizonte, como se aquilo pudesse aliviar a dor que sentia por dentro.

Do outro lado da linha, Gabi suspirou, sentindo a angústia na voz da amiga. — Esme, eu sei que tudo isso é difícil, mas você precisa parar de tentar carregar esse peso sozinha. Você sempre foi forte, mas chegou a hora de ser honesta. Não só com Jordan e Julia, mas principalmente com você mesma.

As palavras de Gabi atravessaram Esme como uma faca, fazendo-a perceber o quanto estava tentando evitar enfrentar a realidade. Ela queria fugir, queria que tudo voltasse ao que era antes, mas no fundo, sabia que isso não era mais possível.

— Mas como? Como eu vou ser honesta quando nem eu sei o que quero? — Esme perguntou, a voz embargada pela emoção. Ela enxugou as lágrimas com as costas da mão, tentando manter a compostura, mas era inútil. O peso das expectativas, dos julgamentos, e de suas próprias dúvidas estava esmagando-a.

Gabi permaneceu em silêncio por alguns segundos, ponderando sobre as palavras certas para ajudar Esme a encontrar o caminho. — O que você realmente quer, Esme? — perguntou Gabi, sua voz suave, mas cheia de determinação. — Esqueça os rumores, as fofocas... o que o seu coração te diz?

Esme respirou fundo, sentindo a dor em seu peito apertar ainda mais. Ela fechou os olhos, tentando escutar sua própria voz interior, mas o barulho dos pensamentos confusos tornava tudo mais difícil. As lágrimas escorriam livremente pelo seu rosto enquanto ela tentava responder.

— Eu... eu só quero que as coisas voltem a ser como eram — Esme finalmente confessou, sua voz quase um sussurro. — Mas sei que isso é impossível agora. Tudo mudou, e eu me sinto tão perdida.

Houve uma pausa na linha, e Gabi aproveitou para trazer algum consolo à amiga. — É normal se sentir assim, Esme. Mas você não precisa ter todas as respostas agora. O importante é ser verdadeira com você mesma. Talvez as coisas nunca voltem a ser como eram, mas isso não significa que não possam melhorar.

Esme enxugou as lágrimas, sentindo uma pequena centelha de esperança nas palavras de Gabi. — Eu só... eu só quero que Jordan me entenda, que ela saiba que eu nunca quis magoá-la. Mas também estou confusa sobre tudo, e isso só piora as coisas.

— Jordan te ama, Esme. E eu tenho certeza de que, se você for honesta com ela, ela vai entender. Vocês precisam ter essa conversa, sem medos, sem reservas. É o único jeito de seguir em frente, seja como for — Gabi disse, sua voz cheia de convicção.

Ace in Love | Júlia BergmannOnde histórias criam vida. Descubra agora