Ace in Love | Júlia Bergmann

Capítulo 13

Naquela manhã, Esme acordou com uma enxurrada de mensagens de Jordan. Algo nela ainda se sentia reconfortada ao ver o nome da namorada aparecer na tela, mas, de forma surpreendente, nada parecia mais importar tanto quanto antes. Ela leu as mensagens com calma, e por mais estranho que fosse, respondeu com naturalidade. Cada palavra fluía sem esforço, como se tudo estivesse perfeitamente normal. A culpa que antes a sufocava parecia uma lembrança distante. Agora, ela estava agindo em piloto automático, desligada das emoções que costumavam a corroer.

Ainda assim, ela sentia o mesmo amor profundo por Jordan. Esse sentimento não havia diminuído. Esme só estava cada vez mais convicta de que manteria o que estava acontecendo com Julia em segredo. Não deixaria Jordan saber. Isso a protegeria de todo o caos que poderia vir à tona. "É melhor assim," pensou Esme, repetindo essas palavras como um mantra para afastar o peso das decisões que vinha tomando.

As mensagens com Jordan seguiram carinhosas e atenciosas, como sempre. Elas até conversaram por alguns minutos antes de Jordan ter que voltar para seus treinos. Ao se despedirem, Esme sentiu o coração apertar por um instante, mas logo afastou esse sentimento, como se o jogasse para um canto escuro da mente. Afinal, ela também precisava se apressar. O treino daquele dia seria intenso, e pelo horário que havia acordado, não tinha tanto tempo livre quanto gostaria.

Após tomar café, Esme rapidamente se aprontou. Havia uma reunião marcada com seu treinador, onde discutiriam sobre sua evolução e os treinos futuros. Assim que entrou no escritório improvisado para a videoconferência, ela se concentrou no feedback que os dois assistentes, enviados pelo treinador para acompanhá-la, tinham preparado. Eles discutiram seu desempenho físico, o progresso no fortalecimento muscular, e enfatizaram a necessidade de trabalhar mais o equilíbrio, especialmente com os campeonatos se aproximando.

Apesar da reunião técnica e direta, a mente de Esme continuava a vagar. Ela sabia que precisava estar no seu melhor físico e mental para as competições, mas o jogo emocional em que se envolvera parecia tão exigente quanto seus treinos. Depois de ouvir as recomendações, Esme saiu da reunião focada. Ela iria direto para a academia trabalhar o equilíbrio e reforçar seus músculos. No entanto, logo após iniciar sua sessão de treinos, seu celular vibrou. Era uma ligação de Ana.

Esme hesitou por um segundo, mas atendeu.

— Ei, Esme! — Ana soava descontraída, como sempre, mas havia algo em seu tom que despertou o radar de Esme. Elas conversaram brevemente sobre o cotidiano, os treinos e como ambas estavam. Ana, no entanto, rapidamente mudou de assunto. — Escuta, o que está acontecendo com a Julia? Ela tem andado... estranha. Ontem, vi você deixar ela no centro de treinamento. Estavam juntas? Algo aconteceu?

O coração de Esme disparou. Era como se a tranquilidade que ela estava tentando manter desmoronasse em questão de segundos. Ela sabia que Ana era perceptiva e, mais cedo ou mais tarde, suspeitaria de algo. Esme tentou manter o controle, respirou fundo e respondeu rapidamente, com a voz calma.

— Ah, nada demais, Ana. A gente só saiu como amigas. Nada além disso. Ela só estava meio cansada, talvez seja por isso que você achou ela diferente. — A mentira saiu com uma naturalidade que surpreendeu até Esme.

Mas Ana não estava convencida. A insistência em sua voz ficou mais evidente.

— Amigas? Sei... mas não pareceu isso. Vocês estão tão... próximas ultimamente. Você sabe que pode me contar, né? — Ana pressionou, mas sem perder o tom amigável.

Esme, sentindo o peso da mentira e a culpa começando a emergir de novo, manteve sua postura.

— Sério, Ana, somos só amigas. Nada demais. — Forçou um riso leve, tentando dissipar qualquer dúvida que Ana pudesse ter.