Ace in Love | Júlia Bergmann

Capítulo 6

Com o fim da temporada de vôlei, cada uma das atletas seguiu para onde suas carreiras as chamavam, ajustando-se às exigências de suas respectivas trajetórias. Após uma intensa temporada de treinos nos Estados Unidos, Esme sentia o peso das vitórias recentes em cada músculo do corpo, mas também uma sensação de leveza na alma. Conquistar mais uma competição crucial significava que seu nome estava cada vez mais gravado entre as maiores promessas do skate mundial. Cada manobra perfeita, cada gota de suor derramada nas pistas, alimentava sua paixão ardente e um desejo incessante de superar limites que pareciam inatingíveis.

Agora, com o fim das competições e o término do ano letivo, Esme se via diante de um novo capítulo em sua vida. A decisão de retornar ao Brasil por cerca de dois meses para passar férias ao lado da família era, ao mesmo tempo, uma bênção e uma maldição. A alegria de imaginar as praias ensolaradas do Rio de Janeiro era palpável. O calor abrasador que a envolveria como um abraço carinhoso, a brisa suave do mar acariciando seu rosto, e o som familiar do sotaque carioca que preenchia seu coração com uma sensação de pertencimento.

Porém, essa volta também trazia consigo uma dolorosa separação de Jordan, a mulher que havia se tornado seu refúgio em meio ao turbilhão de emoções e desafios dos últimos anos. A proximidade constante durante os treinos e competições nos Estados Unidos havia criado um vínculo profundo entre as duas, e a ideia de estarem a milhares de quilômetros de distância era quase insuportável para Esme. Jordan, com sua postura determinada e sorriso que irradiava confiança, estava presa aos compromissos com a equipe americana de vôlei. As férias de Jordan não seriam passadas em praias paradisíacas ou em momentos de descontração, mas sim na Flórida, onde os treinos intensos para a nova temporada exigiriam toda sua concentração e dedicação. A distância entre as duas era inevitável.

Ela sabia que os meses longe de Jordan seriam um teste para o relacionamento. A saudade, o fuso horário, as responsabilidades de cada uma em suas respectivas carreiras. Ela estava ciente de que essa separação temporária também seria uma prova de fogo, não apenas para a relação delas, mas também para sua própria força emocional.

Enquanto fazia as malas para a viagem, Esme não conseguia evitar o aperto no peito que surgia sempre que pensava em se despedir de Jordan. Cada objeto parecia carregar uma memória, uma lembrança que Esme levaria consigo para o Brasil.

A despedida no aeroporto foi agridoce. Esme tentou sorrir, mas o brilho em seus olhos denunciava a tristeza que sentia. Jordan, por sua vez, a abraçou com força, como se tentasse gravar o toque de Esme em sua memória para os dias solitários que estavam por vir.

— Eu vou sentir sua falta todos os dias — Esme sussurrou, encostando a testa na de Jordan, tentando memorizar cada detalhe de seu rosto, cada linha, cada curva.

— E eu vou estar aqui, esperando por você — respondeu Jordan, com a voz embargada, mas tentando manter a compostura. — Aproveite seu tempo com a sua família, e quando voltar, eu vou estar aqui.

Com um último beijo, elas se separaram, e Esme embarcou no avião com uma mistura de ansiedade e saudade. Enquanto o avião decolava, ela olhou pela janela, observando as luzes da cidade que deixava para trás. Embora a jornada ao Brasil trouxesse consigo a promessa de reencontros familiares e momentos de descanso, ela sabia que uma parte de seu coração ficaria com Jordan, esperando pacientemente pelo momento em que estariam juntas novamente.

Enquanto o avião começava a descer, Esme sentia uma mistura estranha de ansiedade e nostalgia. Era como se cada nuvem que passava pela janela fosse um fragmento das memórias que deixei para trás. O Rio sempre será minha casa, mas, depois de tudo que vivi, eu me pergunto se a Esme que retorna agora é a mesma que partiu. Será que as ruas ainda me conhecem? Será que as ondas ainda me recebem da mesma forma? Tudo parece igual, mas sei que eu mudei.