Quando acordei, a cama improvisada no chão estava vazia. Me levantei rápido, imaginando o que aquele garoto poderia estar fazendo. Desci as escadas correndo e fiquei fitando a cena inusitada. Bastou eu ter voltado a dormir depois de meu rompante e a catástrofe mundial acontecia.
Fernando e minha mãe rindo aos montes na mesa da cozinha enquanto tomavam café. Pareciam dois amigos de infância. Quando me aproximei, ainda estranhando a situação, minha mãe se levantou e voltou ao fogão, sorrindo.
– Bom dia, filha de Hipnos. - revirei os olhos com o comentário do Fer.
– Fiz panquecas de maçã pra vocês, mas acho que vai ser mais pra almoço do que pra café da manhã.
Cocei os olhos e me espreguicei.
– Que horas são?
– 12:50 - disse Fernando.
– Que!? - gritei - Vocês me deixaram dormir até agora?
Corri os olhos de Fernando a minha mãe, que sorriram um pro outro. Desde quando os dois tinham aquele tipo de relacionamento? Franzi o cenho.
– Que foi? - perguntei desconfiada.
– Você tava dormindo tão fofa que não tive coragem de te acordar, filha. - ela riu de novo.
Se algum dos dois fizer isso mais uma vez, juro que dou um soco do rosto do Fer.
– Temos assuntos a resolver, Milligan! - cruzei os braços junto ao peito.
– Awn, que bonitinha nervosa. Não mudou nada, né, Anna?
Outra risadinha... AAAHH
– Do que vocês tão falando? - perguntei com impaciência.
– Mostrei pra eles suas fotos quando bebê... - ela colocou as panquecas em um prato em cima da mesa.
PUTA QUE PARIU, ELA FEZ O QUE?!
Fernando estava rindo tanto que tinha dificuldades de respirar.
– VOCÊ. PARA. DE. RIR! - o estapeei enquanto gritava, mas ele só ria mais e mais.
Finalmente desisti e sentei na cadeira com a cara fechada. Minha mãe sentou novamente a mesa com nos dois e começou.
– Então, o que quer saber? - ela perguntou, seus olhos azuis fixos nos meus. - Sei que não viajou até aqui pra nada, filha.
Puxei o ar e o soltei depois de muito tempo. Hora da verdade...
– Mãe... Eu andei tendo uns sonhos, mas não sei o que significam...
Comecei a contar tudo desde o fato de no sonho eu ter 2 anos até meu pai saindo pela porta com um bebê em mãos. Minha mãe não parecia abalada, era como se nada a estivesse abalando com tudo aquilo. Quando acabei ela ainda não tinha demonstrado nenhum tipo de emoção, o que só piorou minha ansiedade. Ela sabia de alguma coisa, ela sabia e não queria me falar.
– Mãe? - chamei.
Ela enterrou o rosto nas mãos antes de se levantar.
– Vem comigo filha... - ela começou a subir as escadas.
Fer olhou para mim com a pergunta silenciosa explicita em seus olhos. Mandei-o esperar na cozinha ou em qualquer lugar, mas eu precisava saber o que minha tinha a me dizer sozinha. Comecei a segui-la pelas escadas até o sótão. Minha mãe foi na frente, acendendo uma lâmpada que só iluminava parcialmente o lugar.
– Eu achei que nunca ia precisar te mostrar isso... - ela estava com um livro em mãos.
Ela me entregou o que por fim identifiquei como um álbum de fotos. Comecei a folia-lo, parando em uma página onde tinha eu com dois anos e minha mãe segurando um bebê nos braços. Ergui o olhar pra minha mãe antes de perguntar.
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Diário de Uma Filha de Hades
FanfictionSabe, quando se tem uma vida chata e monótona igual a todo adolescente você pensa "Nossa cara, bem que toda essa porcaria podia ser mais emocionante". Se você é um desses pode ir tirando o cavalinho da chuva, porque é muito melhor ter uma vida chata...