Tráfico Ilegal de Ambrosia

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Quando você volta de uma boate a primeira coisa que você se pergunta é se 1ª) Ainda é virgem, 2ª) Sua carteira ainda está no mesmo lugar e 3ª) Que merda eu fiz durante o resto da noite. Bem, eu estava dirigindo e a última coisa que queria era destruir minha moto e me ferrar em algum acidente no trânsito, mas quem foi que disse que Thays estava dando a mínima pra quantidade de álcool que ingeria? A filha de Afrodite estava tão alegrinha que chegava a me assustar.

- Nathhhh... - ela se apoiava em meus ombros com dificuldade, rindo como uma criança que acabara de ganhar um novo brinquedo. Em outras situações eu teria achado engraçado, mas não quando ela ameaçava tombar para frente e me levar junto. - A gente não pode voltar pra lá?

- Acho que você já está bêbada o suficiente pra uma noite. Uma não, sua cota vai pelo mês inteiro. - resmunguei enquanto me esforçava ao máximo para não escorregar nas pedrinhas que circulavam a colina meio-sangue. - Ai garota, para de fazer gracinha!

Thays riu novamente, apertando minha bochecha. Caralho, como eu odeio quando fazem isso... Se eu não fosse amiga dela já teria largado ela no chão e iria voltar para meu tão amado chalé 13. Ela sabia que não gosto dessas saídas para boates, mas o que eu não fazia por essa maldita garota?

- Vocês não estão meio "atrasadas" para o jantar? - Joshua apareceu ao meu lado com um sorriso estampado no rosto. Pelo visto ele era um dos que amava perambular pelo acampamento mesmo depois do horário combinado.

- Você seria bem mais útil se me ajudasse com ela. - retruquei, fazendo o filho de Nêmesis segurar a cintura da morena e passar o braço livre por trás de seus joelhos a levantando do chão. Nem preciso comentar sobre o imenso sorriso que estava estampado no rosto dela, né? - Valeu.

- Nada. Onde a deixo?

- Que tal na sua cama? - Thays ergueu o rosto para o de Joshua, selando seus lábios. O garoto parecia em choque a princípio, mas retribuiu o beijo de uma forma muito mais que significativa.

- Ah, nossa... - passei a mão pelos cabelos, olhando para os lados. Era meio desconfortável assistir a aquela sessão de amassos. - Então... Acho que já vou indo. - me distanciei do possível novo casal em direção aos chalés.

Se tu precisasse chutar diria que já se passara das 22h, porém eu sempre estive acostumada a dormir pela manhã e permanecer acordada pelo resto da noite. Demoraria um pouco para que eu dormisse.

O chalé 13 estava com suas luzes apagadas, mas algo me incomodava. Ele parecia completamente vazio, o que constatei assim que entrei no mesmo. Onde estava o Soter? Sua cama estava impecável, seus pertences no lugar de sempre. Ele não estava no pequeno banheiro nem nada do tipo.

"Estranho..."  - analisei o quarto mais atentamente, pousando o olhar na grande caixa preta debaixo de sua cama. A caixa que ele tanto tinha o trabalho para deixar escondida.

A tirei debaixo da cama, constando que a mesma estava aberta. Seu conteúdo eram alguns aparelhos eletrônicos, fotos que preferi não olhar, revistas em quadrinhos e... Espera, isso é ambrosia?

Devia ter mais ambrosia naquela caixa do que no Olimpo inteiro. Mas o livro que ele sempre mantinha consigo não estava ali. Procurei em suas coisas e nada. Quer saber? Precisava encontra-lo.

- Athos. - chamei o grande cão infernal, segurando uma das camisetas de Claudio rente a seu focinho. - Encontre.

***

De início achei que a trilha que Athos tomava estava errada, mas esse cachorro raramente errava. O problema é que essa era a trilha que levava até o túmulo de Diego, o que me deixou um tanto alertada. Quanto mais me aproximava do lugar mais o calafrio que subia por minha espinha crescia e a voz de Claudio se tornava mais audível. Parecia que ele recitava algum tipo de ritual ou algo do tipo.

E lá estava ele... Com aquele livro em mãos e despejando um conteúdo dourado na cova, enquanto recitava as palavras do livro em uma língua que eu desconhecia. Fiz com que Athos se juntasse as sombras e me esgueirei por trás de um denso arbusto.

- Epa, calma! - Gabriela ergueu as mãos para o alto quando saquei o punhal, deixando-o perto de sua garganta.

- Eu podia ter aberto sua garganta. - sussurrei, guardando o punhal novamente, sem tirar os olhos da filha de Atena. - Que merda você tá fazendo aqui?

- Eu que deveria perguntar. - ela sussurrou, ficando imóvel atrás do arbusto, antes de erguer olhar para Claudio. - O que ele tá fazendo?

- Quem me dera saber. Não sei nem que língua é aquela.

- Deveria saber, é a língua do mundo inferior. - ela retrucou.

- Espera um minuto, por que você me seguiu?

- Achei muito suspeito, oras. Ninguém perambula por essa floresta a noite.

- Então se vai ficar ai pelo menos faça silêncio.

Gabriela ficou de tocaia junto a mim até que Claudio terminou seja lá o que ele estava fazendo. Assim que o garoto se distanciou o suficiente pude ir em direção a cova, com Gabriela logo atrás. Me agachei, colocando a mão direita na terra que agora estava mais escura que o normal, sentindo sua textura antes de sentir seu cheiro.

- Isso é néctar... - ergui o olhar para a filha de Atena que apenas continuava com uma expressão de dúvida no rosto. - Eu preciso pegar aquele livro.

- Acho que posso ajudar. Amanhã na inspeção dos chalés, me encontre no Punho de Zeus. Levarei seu livro.

Diário de Uma Filha de HadesOnde histórias criam vida. Descubra agora