Dolorido

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A primeira coisa que sentiu foi sua cabeça estourando com dor. A vertigem veio com força e ele se virou para o lado tentar vomitar, porém não conseguiu se levantar em seus braços para se virar, e tão pouco conseguiu forçar sua cabeça para flutuar e virar.

Ainda bem que o refluxo passou e ele voltou a estar em êxtase naquele lugar macio e quente, que ele não queria saber o que era. Não... até sentir uma toalha molhada sendo colocada suavemente em sua testa, vinda junto com um uma mão que pousou em sua bochecha.

-Você acordou - uma voz suave diz preocupado, a mão o tocou mais firme e o carinho voltou novamente, provavelmente dividido entre a preocupação e a vontade de machucar.

Buggy resmungou com dor e tentou levantar sua mão para levar onde a cabeça pulsava, novamente, ele não sentiu o corpo por perto e não pode se movimentar.

-Está tudo bem, você não conseguiu de novo - era uma voz distinta, estava difícil para identificar quem falava, mas ele tinha uma ideia no fundo de sua mente de quem estava falando a cada momento - dê mais um tempo, volte a dormir.

Buggy resistiu mais um segundo, tentando se apoiar na palma da mão gentil, mas sem nem perceber ele acabou caindo no espaço vazio da inconsciência.

Ele despertou de novo sentindo um burburinho afobado ao longe, seus ouvidos estavam surdos? Ou as pessoas que falavam estavam bem longe. Dessa vez sua cabeça estava pesada demais, e ele caiu contra a escuridão de novo em segundos.

E novamente, quando seu cérebro voltou a funcionar acordado, ele sentiu novamente uma mão em seu rosto, mexendo em seus cabelos enquanto uma música era cantarolada, algo familiar.

-O navio é nosso lar, nas ondas eu vou deitar... A caveira nessa vela ao vento a tremular - Buggy conhecia bem essa música, ele se lembrava de tempos felizes em sua infância, quando corria livre por Oro Jackson.

Ele conseguiu forçar sua garganta a cantarolar junto, por um segundo o carinho parou, mas voltou rápido junto com a continuação da música.

-Olha o céu vai se rasgar, tempestade a chegar...O tambor já vai tocar e ondas a dançar...O seu fim poderá ser, se a cabeça você perder...Se puder se conter verá o amanhecer - a voz parecia mais embargada e baixa nas últimas frases. Buggy se incomodou, ele queria poder abraçá-lo, a tristeza em sua voz era enorme e ele desejava poder consolá-lo.

Ele tentou forçar e abrir os olhos, ver quem era aquela voz familiar e recordativa. Sua cabeça já não doía tanto e ele se sentia forte o bastante para tentar, então se esforçou, e com um pouco de empenho abriu uma fissura para ver ao redor.

O lugar estava felizmente escuro, havia apenas uma luz alaranjada em algum lugar longe. Ele estava deitado na cama, e o toque vinha do seu lado, ele virou o rosto um pouco para ele, abrindo mais os olhos à medida que se sentia mais acordado com os segundos que passavam.

Um homem estava sentado ao seu lado, com uma parte de seus cabelos no colo dele e uma escova na mão. Ele focou e se fixou na figura, juntando toda a cognição que tinha para rebuscar memórias para a identificação, e durante esse tempo o homem permaneceu olhando de volta para ele em expectativa.

-Você acordou meu precioso garoto - Buggy o observou mais um tempo, franzindo a testa e se concentrando, a questão não parecia ser difícil, a resposta estava na ponta de sua língua.

Então, como um estalo, sua visão melhorou perfeitamente e o reconhecimento foi instantâneo, embora, não conseguisse se expressar já que falar era outra coisa complicada para seu corpo mole.

Rayleigh

Ele estava ali? Ele tinha morrido e estava em um sonho estranho? Ou...

Não! Ele estava vivo, e seu Rayleigh estava ali com ele.

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