A porta do quarto se abriu algum tempo depois, tirando o trio de seu conforto momentâneo. Rayleigh entrou com a doutora a reboque, trazendo uma nova bandeja, eles sentaram na cama, perto de onde Buggy estava com Crocodile.
-Como você está? - a mulher pergunta com um pequeno sorriso encorajador para o capitão.
-Bem... - Buggy murmurou acanhado contra o moreno mais velho, Mihawk estava a seu lado, tinha penteado seu cabelo e feito um rabo de cavalo baixo e agora estava brincando um pouco com ele.
Rayleigh olhava feio para os dois homens nos ombros de seu filhote, mas não falou uma palavra.
-Fico feliz em saber - Doutora Juno fala gentil - o senhor Rayleigh me disse o que aconteceu... eu sinto muito capitão, de verdade...
-Não precisa - Buggy vira um pouco o rosto para se enterrar no pescoço de Crocodile, querendo sumir daquela conversa, ele detestava quando as pessoas falavam aquele tipo de coisa, como se tivessem qualquer sentimento de pena por ele.
-Bem... gostaria de começar falando o diagnóstico, houve uma fratura na sua cabeça, um escalpelamento que conseguimos reverter, e por conseguimos fechar sem danos ao seu cabelo, não há nenhuma parte raspada, os pontos ficaram escondidos - a doutora respirou fundo em seus termos médicos, sem coragem para continuar mesmo que isso seja uma parte cotidiana de seu trabalho. Ela já tinha visto casos piores, já teve pacientes que foram a óbito, mas aquele era seu capitão, o homem que ela admirava por sua força e engenhosidade, lhe doía vê-lo assim... tão destruído - os danos foram principalmente na parte parietal do cérebro, pegando o final da parte central, você pode ter uma pequena dificuldade sensorial e espacial, por isso quero fazer alguns testes...
-Testes? - Buggy pergunta um pouco assustado, ele aperta o casaco onde estava escondido e se recusa com a cabeça balançando freneticamente em um não vigoroso.
-Eu não fiz antes por que queria te dar um pouco mais de tempo para se acostumar com os remédios, mas preciso fazer um teste sensorial com você, capitão, para saber até onde foram os danos no cérebro que não podemos ver pelos exames anteriores - a mulher diz com o maxilar tenso, falsamente demonstrando estar calma. Durante todas essas semanas ela vinha fazendo testes e mais testes para saber se havia ondas cerebrais que identificavam as sensações, mas nada era tão perfeito quanto com o paciente acordado.
-T-tudo bem... - Buggy murmurou apreensivo, olhando para ela com certo medo com o canto dos olhos, ainda escondido no peito grande de Crocodile.
-São pequenos testes, eles não machucam - Juno diz com um sorriso pequeno forçado em seus lábios - e você se saiu muito bem nos testes desacordados.
-Deram pequenos choques em você para saber se você conseguia reagir - Rayleigh explica calmamente de seu lugar atrás da doutora - mas não vai ser igual.
Buggy concordou novamente, saindo um pouco de seu esconderijo apenas para ver a mulher lhe entregar um simples pedaço de papel com um círculo, um quadrado e um triângulo desenhado em cima, em ordem.
-Você pode desenhar esses objetos para mim? - ela pergunta baixinho lhe dando o papel e uma caneta, Buggy a olhou sem entender muito bem, mas não duvidou do que ela fazia, ele imaginou que deveria ser um teste sério, então agiu como tal, se esforçando para segurar a caneta em suas mãos fracas até conseguir desenhar os três objetos.
Ele passou para ela ao acabar, estava bem torto, mas estavam ali, exatos iguais as figuras acima. Juno sorriu para ele e puxou de sua pequena sacola uma pequena bolsa térmica.
-Capitão, você sente alguma dormência no corpo? Alguma coisa parece estranha? - ela pergunta primeiro, levando a mão que não segurava a bolsa para a perna do palhaço, ela ainda não o tocou, esperou uma negação vir antes de tocar seus dedos na pele exposta de sua canela, aplicando uma certa pressão - sente isso?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Traumatizado
FanfictionOnde um marujo apaixonado pelo mar não pode mais nadar, onde várias sessões traumáticas o deixaram à beira de um colapso... Onde dois homens poderosos e insensíveis descobrem que podem se apaixonar por aquela coisinha quebrada. Onde eles tentam sal...