A Carta

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  Os pensamentos de Sana se tornavam conflitantes perto de Jihyo. No início, era uma inimiga mortal. Acabaram virando amigas, e seu relacionamento estava se desenrolando de uma forma estranhamente gostosa. Sana gostava de estar com a morena, gostava da companhia dela, de suas cantadas sem graça. Gostava dela. Era a primeira vez que se permitia sentir algo assim por uma garota. Mesmo sabendo desde nova que sua praia não eram os meninos, ela tentava evitar que qualquer sentimento se desenvolvesse por alguém. Ela sabia que iria sofrer tendo que esconder um amor de seu pai, apenas por não ser como ele idealizava.

  Mas agora, ele não estava ali para julgá-la. Para proibi-la de amar. Só que havia um porém: uma guerra enorme estava acontecendo, onde duas raças se atacavam constantemente, alimentando um ódio sem fundamento. Para elas, assumir um relacionamento poderia deixá-los ainda mais irados, e Sana morria de medo que isso acontecesse. Além de lutar contra o preconceito por serem do mesmo sexo, um anjo e um demônio juntos parecia loucura.

  Antes que sua ansiedade atacasse ainda mais, a garota afastou esses pensamentos e fechou os olhos. Começou a pensar nos momentos de carinho que compartilhou com Jihyo, e caiu no sono com um sorriso nos lábios.

  — Eu quero te mostrar um lugar. – Jihyo falou, animada.

  — Que lugar? – Sana perguntou, com um pedaço de pão na boca. A outra riu.

  — Um lugar especial pra mim. Mas termina de comer primeiro.

  Sana comeu o mais rápido que conseguiu, tomando o último gole de café por cima. A morena a tomou pela mão e foram para o andar mais alto do castelo. Pararam em frente a uma porta, que vivia trancada. Park tirou uma chave do bolso e a destrancou, deixando a loira entrar primeiro. Olhou ao redor curiosa, enquanto Jihyo trancava a porta cuidadosamente. O cômodo era repleto de caixas, baús e estantes. Na parede, um quadro do casal Park. A mãe de Jihyo, grávida e sorridente, e seu pai com a mão na barriga dela. A morena se aproximou de Sana, sorrindo com os olhos na pintura.

  — É meu quadro favorito deles. – confessou com emoção.

  — Eram um casal bonito, Hyo. – Minatozaki pegou a mão da garota, que lhe fitou com um sorriso bobo.

  — Hyo? – repetiu o apelido. – Gostei.

  Sana devolveu o sorriso, e elas soltaram as mãos. A loira observava as coisas antigas guardadas ali, sem tocar em nada. A Park se aproximou com um baúzinho nas mãos. Abriu com cuidado, chamando a atenção da amiga.

  — O que são essas coisas?

  — São as coisas da minha mãe. – ela segurava os itens com delicadeza, enquanto o outro braço apoiava o baú.

  Haviam colares, anéis e até algumas moedas antigas ali dentro. Jihyo gostava de olhar aqueles objetos, se sentia mais perto da mãe. Sem querer, derrubou o pequeno baú no chão, e se abaixou rapidamente para pegá-lo. Sana franziu o cenho, olhando para ele.

  — O que é isso? – apontou para uma parte específica, perto da base dele.

  — Hm? – Jihyo murmurou confusa, virando o baú para si. Só então percebeu uma abertura que não tinha notado até o momento. Era uma espécie de gavetinha, mas sem puxador. – Eu nunca tinha percebido isso.

  Se sentou no chão, abrindo o compartimento. Lá dentro, encontrou uma carta. Sua expressão ficou rodeada de surpresa e confusão ao ler os nomes. Sana estava definhando de curiosidade, e sentou junto dela.

  — De quem é essa carta?

  — Pra minha mãe…do seu pai. – Jihyo fez contato visual, ambas confusas com o que viam.

Between Hell & Heaven - SahyoOnde histórias criam vida. Descubra agora