Aquela noite foi a mais calma em muitas décadas. Nenhum som de gritos, explosões ou o típico som de aço das espadas. Apenas silêncio. Sana sentiu um vazio ao dormir só em sua cama depois de passar dias dormindo abraçada em Jihyo, mas não teve um sono ruim. Acordou de bom humor. Estava com um ótimo pressentimento sobre aquele dia.
Se arrumou com calma e desceu para o café. Era mais tarde que de costume, então comeu sozinha. Atravessou o grande salão, os sons de seus passos ecoando no cômodo vasto. Saiu para o pátio onde costumava encontrar os soldados se preparando, e suspirou de alívio ao encontrá-lo vazio.
Já passava das quatro da tarde quando Jihyo chegou, trazendo uma pequena bolsa transversal ao lado do corpo. Estava radiante por ter atravessado o local que costumava ser dominado por embates e sangue, e agora estava vazio e calmo, aparentando ser apenas uma planície qualquer. Logo, a natureza faria seu trabalho, voltando a dar vida e cores para aquele local. As namoradas trocaram um beijo carinhoso, seguido de um abraço apertado. Não faziam nem 48 horas que tinham se visto, mas agora qualquer minuto longe uma da outra parecia uma eternidade.
— Como estão as coisas por lá? – a loira questionou, com o braço em torno dos ombros da menor.
— Mais calmas que o esperado. – Park afirmou, um sorriso fraco nos lábios.
— E Sunmi?
— Poderia estar pior. – Jihyo falou, e a expressão de Sana ficou preocupada. – Brincadeira, ela tá bem. Apenas alguns cortes e um braço quebrado, mas Amice cuida disso.
— Você me assustou! Achei que era coisa pior.
— Graças a você, não. Sunmi pediu para agradecê-la.
— Ela? Me agradecendo? – Sana falou surpresa.
— Ela poderia estar morta agora, amor. Você salvou a vida dela.
Minatozaki olhou nos olhos de Jihyo e suspirou. Era difícil para ela imaginar Sunmi em uma posição de vulnerabilidade. Ela era sempre uma mulher forte e determinada. Mas se sentia aliviada em saber que evitou que algo pior lhe acontecesse.
— Só fiz o que qualquer um faria. – afirmou e sua namorada negou com a cabeça.
— Você foi corajosa, linda. Tanto ela quanto você poderiam estar muito mal se isso desse errado.
— Mas não deu. – Sana falou simples, com um sorriso. Parecia não se importar com o perigo que havia corrido.
— Você é meio inconsequente, sabia? – Jihyo falou incrédula, e acabou rindo. Puxou a namorada para deitar em seu ombro, enquanto acariciava sua cintura. – Por favor, tome mais cuidado. Não quero que nada de mal te aconteça.
— Não vai, amor. Eu sei me cuidar. – assegurou com firmeza, deixando um beijo no pescoço da Park.
A morena se arrepiou com o ato, e apertou Sana contra ela. Sorriu largo, virando o rosto para a mulher.
— Eu te amo, minha linda.
— Eu te amo mil vezes mais. – afirmou com os olhinhos brilhando.
Jihyo não se conteve, segurou o rosto da namorada e juntou seus lábios. Encostaram as testas, e ficaram de olhos fechados, apenas aproveitando a companhia uma da outra. Após alguns minutos matando a saudade uma da outra, entraram. Sana havia deixado avisado que quando a Park retornasse, iriam se reunir novamente para discutir como iriam prosseguir. A noite foi longa, o sol já nascia quando terminaram de organizar tudo.
⚜
Com a ajuda de oficiais de ambos os exércitos, conseguiram reunir os dois povos. Optaram por fazer a assembleia na divisa dos dois reinos. Um burburinho se fazia presente no local, enquanto grande parte dos presentes mantia uma certa distância dos vizinhos. Apesar do combate físico ter sido interrompido, o receio de uma aproximação era forte. Em frente à multidão, se posicionavam pessoas importantes de ambos os lados. Jihyo havia trazido consigo Sunmi, que era muito respeitada pelos cidadãos demônios, alguns oficiais do exército e Amice. Ao lado de Sana, estava sua mãe, o velho Cadman e o Arcebispo que havia a coroado. Todos de extrema confiança de seu povo.
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Between Hell & Heaven - Sahyo
FantasiEm meio a uma guerra entre anjos e demônios, as jovens rainhas Minatozaki Sana e Park Jihyo lutam por propósitos diferentes. Sana cresceu com os pais lhe dando tudo o que queria. Jihyo, por outro lado, cresceu sem os pais, e precisou assumir as resp...