Infância de Jihyo

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  Enquanto o sono não vinha, ficou de olhos fechados tentando conectar todas as informações que tinha recebido de Jihyo. Ela não queria duvidar da morena, porém não conseguia encontrar uma explicação para seu pai ter matado o casal, ainda mais sabendo que eram amigos. Seiji nunca foi de contar sobre seu passado, nem demonstrava muitos sentimentos com sua mãe. Fazia alguns anos que Sana percebia a forma fria que o pai tratava sua mãe, mas nunca recebeu uma reclamação direta de Aiko.

  Também não tinha muito o que reclamar de sua relação com o pai, ele era compreensivo na maioria das vezes. Mas seu gênio forte o fazia acreditar que sempre estava certo, e isso ocasionou alguns desentendimentos entre os dois. Apesar de tudo isso, Sana e o pai tinham uma proximidade muito grande, quase tão forte quanto a que ela tinha com a mãe. Sana sempre foi o orgulho dele, era mimada e ganhava tudo que queria. Porém, havia uma coisa sobre ela que o pai nunca soube. Os olhos da garota se encheram de lágrimas ao lembrar disso, e foi assim que ela caiu no sono.

  Pela manhã seguinte, tinha os olhos um pouco inchados, mas nada muito perceptível. Saiu do quarto e se apoiou no parapeito da sacada. Deixou o vento bater em seu rosto, fechou os olhos e suspirou. Sentiu a presença de alguém e olhou para o lado. Sunmi estava encostada ao seu lado, a encarando.

  — Bom dia, Sunmi. – falou com desconforto visível.

  — Fala a verdade, o que você tá planejando? – perguntou séria.

  — Planejando? Eu…eu juro que não tenho más intenções. – afirmou balançando as mãos.

  Os olhos da mulher semicerraram, com o olhar fixo no de Sana. A mais nova engoliu em seco.

  — Eu realmente não confio em você. Só não te chuto daqui agora mesmo porque a Jihyo me pediu pra mantê-la aqui. – disse se aproximando e apontando um dedo para Sana. – Aquela garota é como se fosse uma irmã mais nova pra mim. Se você tentar qualquer coisa com ela, eu juro que não vou pensar duas vezes antes de acabar contigo.

  Sana engoliu em seco, assentindo com desconforto.

  — Dou minha palavra que minhas intenções não são ruins. Eu e Jihyo pretendemos buscar paz para os dois reinos, e é apenas por isso que estou aqui. – respondeu tentando parecer calma.

  A mulher se afastou um pouco e baixou a guarda.

  — Ótimo. Tenha um bom dia, Minatozaki Sana. – respondeu um pouco mais leve, mas com firmeza, antes de sair dali.

  Sana sentiu um peso sair das costas e respirou fundo. Se dirigiu ao quarto da Park, e bateu na porta.

  — Pode entrar. – uma voz baixa e sonolenta ecoou de dentro do cômodo.

  A jovem de cabelos claros abriu a porta com delicadeza, encontrando uma Jihyo com o rosto inchado de sono. Encostou a porta e caminhou até ela, rindo.

  — Te acordei? – perguntou e a outra assentiu. – Foi mal. É que já passou da hora do café faz tempo.

  Jihyo esfregou os olhos e se sentou de forma desajeitada.

  — Eu teria que acordar de qualquer forma. – forçou um sorriso, os olhos ainda não totalmente abertos.

  Sana se sentou na poltrona e ouviram batidas na porta.

  — Entra! – Jihyo disse, agora mais desperta.

  A porta se abriu e Amice entrou com uma bandeja cheia de café da manhã. Seu rosto amigável iluminou-se com um sorriso ao ver as duas jovens.

Between Hell & Heaven - SahyoOnde histórias criam vida. Descubra agora