Capítulo 24 - O que não mata, fortalece!

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ADAM LEGRAND

O horário da apresentação estava próximo, não fui ver Eva antes de começar porque me preocupava com uma suposta aparição de seus pais, eu preparei tudo antecipadamente, o vestido, as maquiadoras, tudo para que a noite fosse perfeita, queria que ela sentisse que o palco é o lugar dela e ninguém pode jamais dizer o contrário.

Organizei a primeira fila deixando apenas amigos e os pais da Amanda que seriam uma surpresa a mais para apoiar Rodriguez em seu grande momento.

Mas mesmo finalizando detalhe por detalhe eu sentia que havia algo errado, sua demora pra entrar no palco me deixava apavorado com o que poderia ter acontecido.

As luzes se apagaram e de repente Eva estava sentada no piano, seu vestido estava cortado deixando apenas a saia e uma calda, ela estava descalça com o joelho sangrando e o cabelo solto como se o penteado tivesse acabado de ser desfeito, levantei nesse exato momento, minhas mãos tremiam e a ardência que me subia poderia iniciar um incêndio ali mesmo.

Olho para os lados na intenção de entender o que está acontecendo até que vejo a causa disso tudo, Helena sendo arrastada pelos seguranças.

A música começa lenta e Eva parece estar rouca, eu sei nesse exato momento que ela chorou, e  juro pra quem quiser que eu vou matar a ordinária que ela intitula de mãe.

Tenho consciência de que ela mudou a música no último minuto porque essa parece se encaixar exatamente com a situação.

Amanda segura meu braço quando ameaço avançar na cobra.

– Você não pode! Vai acabar sendo preso, e Mel precisa de você aqui.

– Olha o estado da Eva, Amanda, isso não vai ficar assim! - Grunho.

Tenho certeza que meus olhos estão transmitindo todo o ódio que estou sentindo porque Amanda me olha como se partilhasse disso.

– Eu sei que está com ódio, eu também estou, mas precisa medir quem é mais importante.

Bufo voltando a me sentar, porque se eu continuar em pé não há nada que me impeça de matar aquela mulher.

O refrão da música parece tão doloroso que me sinto atordoado, assim que ela termina a nota alta, o verso “I can’t be hurt no more’ sai realmente com tanta dor que meu peito parece afundar.

Eu queria ser capaz de protegê-la do mundo. A música lenta combina com atmosfera que parece pesada, ela está olhando pra alguém e seu sorriso parece amargo, de alguma forma eu sei exatamente pra quem é.

Seus movimentos no palco parecem teatrais tanto que o público está tão impressionado que não percebe que cada letra é algo verdadeiro, a pouca luz segue ela pra onde ela a leva, o refrão nos embala novamente e assim que chega a parte “ Everything in red, and i’m not going back” todas as luzes se acendem e logo explodem em um efeito especial.

Sou capturado por cada movimento da minha garota, todo o público parece surpreso com o que acabou de acontecer, sei que eles se sentem traídos da mesma forma que Eva se sente, seus olhos percorrem a plateia e sua voz vai se estabilizando e parece abaixar no momento certo da música, ela parece fraca então eu me aproximo do palco bem na última parte.

Ela canta com tanta força que suas pernas cedem e eu corro pra segurá-la, o choro silencioso é o mais ensurdecedor, parece que ela já não tem forças pra gritar então tudo que eu faço é retirar o microfone, tomá-la em meus braços e levá-la para fora do palco.

– Eva? Como está se sentindo? Está doendo muito? O que aconteceu?

Não obtenho resposta, ela parece estática, então só foco em limpar as feridas. Amanda, Ryan e Hanna estão fazendo uma roda, mas Eva não parece ouvi-los sua mente está muito longe.

Everything For A SongOnde histórias criam vida. Descubra agora