Capítulo 8 - Mudança necessária

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EVA RODRIGUEZ

F

inalmente o dia da apresentação chega, não sei dizer o que acontece comigo no momento mas, não consigo mover meus pés, muito menos senti-los, não sei dizer, a quanto tempo estou aqui parada, minha mão direita não para de tremer, e há um corte na minha palma, junto a gotas de sangue no chão, estava tudo bem quando eu acordei, e continuei bem, quando tomei banho, eu já estou completamente vestida.

Forço minha mente a lembrar o motivo pelo qual estou assim, porém, tudo que posso reparar é o cenário, estou sentada, meu celular está próximo a minha mão, as cortinas estão balançando sinalizando que a ventania se faz presente no dia de hoje, meu notebook está fechado, e há cacos de vidro espalhados pelo chão, eu acho que estava falando no celular quando ouvi a voz dele.

Meu pai.

Minha vó me ligou pelo Whatsapp como faz de vez em quando, estávamos falando sobre as diferenças de clima de Teresina para New York e ela estava rindo depois que comparei o calor da minha cidade natal ao inferno, engatamos uma fofoca sobre a família, ela estava me mantendo entretida até que ouvi um grito e uma voz arrastada, voz que me era muito familiar na embriaguez, ele dizia que minha mãe o havia ameaçado com os papeis do divorcio e estava no hospital.

A ligação caiu, junto ao copo que eu segurava em minha mão, me abaixei no automático pra tentar recolher tudo mas, acabei me atrapalhando e um dos cacos entrou na lateral da minha mão, assim que puxei, as gotas de sangue caíram no chão. Não consegui retorno da ligação, tentei ligar pra minha mãe, mas ela parecia estar sem internet, tentei todos os meios possíveis.

Meu despertador toca pela terceira vez, avisando que estou atrasada, e meu celular acompanha seu toque. Pego o mesmo com a mão esquerda e atendo colocando entre o ombro e meu ouvido para segurá-lo, a voz da minha vó invade meu ouvido, relaxando meus ombros.

– Sua mãe está bem, foi um acidente de cozinha, ela acabou queimando o braço, mas só está vermelho, não foi algo sério. – Assegura e eu solto o ar que não sabia que estava prendendo.

– Por que ela não atendeu o celular?

– Você sabe como é sua mãe, e ela estava sem internet, mas não é com isso que tem que se preocupar, você tem uma apresentação hoje.

– Eu quero ir praí vó.

– Não, eu nunca lhe perdoaria se fizesse isso.

– Ma…

– Eu disse não! Se não quiser me ouvir xingar em espanhol e português acho melhor obedecer!

– Está bem.. eu tenho que ir.

– Boa sorte. – Ela desliga.

Só quando abaixo o celular, e volto a realidade, que me dou conta que minha mão ainda sangra, corro pro banheiro pra lavá-la, e depois faço um curativo rápido, seguindo para a universidade.

Espero que Hanna não me mate.

O caminho até Juilliard é curto, e quando chego vou direto para o auditório 101, as pessoas já estavam em suas posições, a plateia completa e os jurados também, me aproximo do palco, vendo Hanna e ela me puxa pro seu lado.

– Achei que fosse dar pra trás, eu iria te matar!

– Desculpe, eu só me atrasei, nossa vez já passou? 

– Somos as próximas! – Mexo no meu cabelo tirando do meu rosto e ela segura minha mão. – O que é isso? 

– Cortei com caco de vidro sem querer. – Ela me olha com uma certa preocupação, e segura minha mão, assoprando o local.

Everything For A SongOnde histórias criam vida. Descubra agora