Regras do Amor

Feeling Good

O Tribunal mergulhou em um silêncio tenso, interrompido apenas pelo som pesado do martelo do juiz tocando o púlpito. O eco reverberou pelas paredes frias, fazendo com que todos os olhares se voltassem para ele. “Declaro aberta a sessão de julgamento número treze mil, cento e sessenta e quatro. Registre-se em ata a presença da defesa e da promotoria. Presente a testemunha Kathryn Midas, ausente o Sr. Will Scarlett. Tragam o réu.” ele ordenou, sua voz firme como pedra.

As portas imponentes do fundo da sala se abriram lentamente e dois guardas adentraram, trazendo David Nolan entre eles. Sua aparência era uma mistura de ansiedade e determinação. Ele vestia uma camisa básica branca e calças jeans claras, afastando qualquer lembrança do uniforme carcerário que o havia aprisionado por tantos anos.

Ali, diante de todos, seguindo a orientação de sua advogada em seus trajes, ele parecia apenas um homem comum, um cidadão que buscava sua liberdade.

David caminhava com passos firmes e compassados, cada um dos quais parecendo carregar o peso dos últimos oito anos. Sua expressão era séria, mas nos olhos havia uma chama de determinação que era impossível ignorar. Ele não era mais o homem quebrado que entrara na prisão, era alguém renascido, moldado pelo sofrimento e pela esperança.

Emma, observando de perto, sentiu o coração apertar ao vê-lo se aproximar do banco dos réus. Ela sabia o quanto aquele momento significava para ele, para ambos, na verdade. Todos os conselhos que Regina lhe dera, todas as noites insones em que ela revirara os detalhes do caso em busca de qualquer brecha, culminavam naquele instante.

A ansiedade rodopiava em seu estômago, mas ao ver a postura firme de Regina e a determinação no pai, ela sentiu uma pontada de orgulho. Ele estava pronto.

David ergueu o olhar enquanto tomava seu lugar no banco dos réus, permitindo que seus olhos percorressem a sala. Eles encontraram primeiro sua filha e sorriu a vendo retribuir.

Kathryn, que estava sentada no banco das testemunhas, tentava manter - se firme ao ver o amigo. David ofereceu-lhe um pequeno sorriso, um gesto que dizia muito mais do que palavras poderiam expressar.

David também não deixou de notar a ausência de Will, franzindo o cenho, mas tentou manter-se confiante. Em seguida, ele buscou o olhar de Regina, a mulher que havia se tornado sua maior aliada. Os olhos de Regina, uma mistura de preocupação e apoio o encorajaram ainda mais. E, finalmente, David virou-se para encarar seus irmãos, Ingrid e James, cujas presenças eram tão familiares quanto perturbadoras. Estavam todos ali.

Ingrid, com seus olhos frios e calculistas, mantinha uma expressão de leve desdém. James, ao seu lado, sorria de maneira insuportavelmente arrogante, como se já tivesse previsto o desfecho daquele julgamento.

A visão dos dois responsáveis por sua queda fez com que David apertasse seus punhos com as mãos ainda algemadas, controlando a raiva que ameaçava borbulhar. Sentia o objeto metálico o lembrar que ainda não era um homem livre e os olhares a sua frente pertenciam aos culpados por estar nesta situação, mas ele não desviou o olhar, enfrentou-os de frente sabendo que não poderia demonstrar qualquer resquício de fraqueza.

O juiz, austero em sua postura, olhou para David com uma expressão impassível. O silêncio no tribunal era quase palpável, cada respiração, cada movimento carregado de uma tensão sufocante. “Senhor Nolan,” disse o juiz, sua voz ressoando por toda a sala, “como se declara?”

David endireitou-se na cadeira, o peso do momento recaindo sobre seus ombros. Mas ele não vacilou. O tempo parecia parar quando ele, com um olhar firme e resoluto, deixou que as palavras escapassem de seus lábios:

“Inocente, Excelência.”

A declaração cortou o ar pesado como uma lâmina afiada, reverberando nas paredes do tribunal. A força na voz de David não deixou dúvidas; ele estava ali para lutar, para provar sua inocência e recuperar os anos que lhe foram roubados.