𝗕𝗢𝗡𝗨𝗦

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𝗜 𝗗𝗜𝗗 𝗢𝗡𝗘 𝗧𝗛𝗜𝗡𝗚 𝗥𝗜𝗚𝗛𝗧 ❞
𝑎𝑙𝑙𝑖𝑒'𝑠 𝑝.𝑜.𝑣

As luzes de Londres piscavam lá fora, refletindo nas janelas do hotel, enquanto eu terminava de ajustar as alças do meu vestido, que foi feito por Austin especialmente para a ocasião. O vestido era um modelo fabuloso, com cores gradientes que iam do laranja no topo aos outros três tons de rosa na parte inferior. Ele era coberto por uma camada de miçangas e pérolas que o tornavam mais brilhante, luxuoso e texturizado, dando a impressão de gotas de cristal sobre o tecido. O corte sem mangas e o decote quadrado valorizavam meu colo, e eu compus o visual com acessórios delicados que também variavam entre laranja e rosa.

Eu estava me sentindo muito chique, se posso ser sincera, mas era um outro tipo de emoção que palpitava dentro de mim. Meu coração acelerava a cada segundo que passava, antecipando o momento em que Chris descobriria o que realmente estava acontecendo na nossa noite de folga.

Para contextualizar, estamos há dois dias de encerrar minha turnê – Art of Closure Tour – na Europa e aproveitando nosso dia livre, vamos a um show da The Eras Tour. Eu já tinha ido a um outro show em Los Angeles no ano passado, bem no início da turnê grandiosa da Taylor Swift, e nessa ocasião, até pude conhecê-la. Tive que me comportar como apenas uma colega de profissão, mas quando se está cara a cara com quem te inspira, é impossível não ter um mini surto ocasionado pelos anos de fangirlismo.

Daquela vez, porém, fomos apenas eu, Rory, Austin, Nick e minha mãe. Matt e Chris, com aquela enorme e entediante aura heterossexual, se acharam bons demais para ir conosco nessa “pataquada”. Rory até conseguiu convencer o namorado depois, que foi arrastado para o show de três horas e saiu de lá sabendo cantar pelo menos duas músicas. Já eu, para conseguir esse feito, tive que enganar meu namorado.

Eu o observei de relance, ainda concentrado no celular, alheio ao mundo envolta.

— Pronto para a noite mais épica de todas? — perguntei, tentando não deixar escapar nenhum sinal de que estava plenamente ocultando uma coisa importantíssima sobre aquela noite.

Seu queixo caiu, quase que fisicamente, no chão quando ele olhou para mim. Ele largou o celular e veio na minha direção, colocando as mãos na minha cintura como se tivesse sido privado de me tocar por anos.

— Me recuso a acreditar que isso tudo é só para ver a Taylor Swift.

— Hm, e eu aqui, pensando em te dizer que “isso tudo” é para você.

Seus olhos se estreitaram. Ele claramente parecia se esforçar para manter aquela expressão neutra, mas captei o momento exato em que ele engoliu em seco – meu sorriso se alargou.

— Certo, agora você pegou em um ponto sensível.

— Eu sei — disse, me afastando e dando tapinhas no ombro dele. — Quem sabe mais tarde? Agora, temos um compromisso maior.

Ele fungou, evitando um revirar de olhos.

— Tá, tá. Espero que o Skies cante Rage hoje, pelo menos — ele disse, segurando minha mão e nos guiando para fora do quarto.

E aí estava o motivo pelo qual ele aceitou ir à The Eras comigo. Pode ser que eu tenha dito que o ato de abertura do show em Londres seria o Lil Skies, e pode ser também, que tenha convencido todos à nossa volta de confirmar essa mentirinha. Não foi tão difícil fazê-lo acreditar nisso, embora Chris tenha tentado ligar para o próprio Skies, de quem ele é amigo pessoal agora.

— MENTIRA — Chris gritou, de olhos arregalados, assim que anunciei a novidade mais improvável do mundo. — Por que um rapper abria o show da Taylor Swift?

SATELLITE | CHRIS STURNIOLO Onde histórias criam vida. Descubra agora