CAP 28

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POV Betina

A gravidez estava correndo como esperado. Nosso bebê estava crescendo saudável e forte. Já se passaram três meses e meio, ainda não sabíamos o sexo do nosso bebê.. A ansiedade e a emoção estavam à flor da pele, e confesso que, no fundo, minha torcida era para um menino. Sempre me imaginei sendo mãe de um filho, e o nome, Bernardo, já estava escolhido desde sempre.

Beto dizia não ter muita preferência. Para ser bem sincera, o que mais importava para mim era que conseguíssemos ter nosso bebê saudável. Já havíamos perdido o primeiro, e o medo de que algo semelhante pudesse acontecer ainda me assombrava, mesmo que eu tentasse afastar esses pensamentos.

Aquela outra gravidez... Eu descobri quando já estava com quase quatro meses, e na época, escondi de Beto. Ele estava passando por todo aquele estresse da promoção, e depois veio aquela confusão que acabou culminando na perda do nosso bebê. A dor daquele momento ainda estava comigo, mesmo que agora estivéssemos em uma nova fase.

Beto estava sendo extremamente cuidadoso comigo, sempre paciente, mesmo quando minhas mudanças de humor se mostravam difíceis de lidar. Ele praticamente não me deixava fazer nada sozinha e estava sempre presente, o que, por um lado, era reconfortante, mas por outro, me fazia sentir sufocada. Eu temia que isso pudesse acontecer.

Sempre fui uma pessoa que enjoava rápido das coisas e das pessoas, e constantemente me sentia sufocada em algumas situações. Agora, estava começando a me sentir assim em relação a Beto. Não sei se é devido aos hormônios da gravidez ou se há algo mais...

Sentada na cozinha, tomando meu café sozinha, tentei afastar esses pensamentos balançando a cabeça, mas eles persistiam. Beto havia passado a noite em uma operação com os homens do BOPE na favela, e até aquele momento, ainda não havia chegado em casa nem me avisado se já havia descido o morro. Aquilo me deixou preocupada. Peguei meu celular e enviei uma mensagem para ele, que não respondeu de imediato.

Mandei uma mensagem para Matias, que respondeu dizendo que já haviam descido e que ele estava a caminho de casa, mencionando que Beto havia saído um pouco antes dele. Agradeci e me despedi de Matias, mas a preocupação não me abandonava. Onde Beto poderia estar?

Quase uma hora depois, ouvi o som da fechadura girando. Levantei-me e fui para a pia da cozinha, lavando minha xícara numa tentativa frustrada de controlar a raiva e a desconfiança que começavam a me consumir.

— Bom dia, meu amor! — Beto disse ao se aproximar, me abraçando por trás e respirando fundo no meu pescoço.

— Bom dia... — respondi, tentando não deixar transparecer meus sentimentos conflitantes.

Ele se sentou na cadeira da cozinha, tirou os sapatos, desabotoou a camisa e relaxou, parecendo exausto.

— Já tomou café, amor? — ele perguntou, com a voz rouca de cansaço.

— Uhum... — murmurei, pegando uma xícara e servindo café para ele. Coloquei a xícara na frente dele, e ele me olhou, segurando minha mão com suavidade, puxando-me pelo braço. Ele inclinou a cabeça para cima e me pediu um beijo.

Eu segurei o rosto dele, olhando nos seus olhos, enquanto me perguntava onde ele tinha estado. A desconfiança ainda queimava em meu peito, mas o toque dele em minha barriga, acariciando-a com tanta ternura, me trouxe um misto de emoções. Inclinei-me e o beijei, deixando-me levar pelo carinho, enquanto ele me puxava para mais perto, a cabeça dele encostada em minha barriga. Por um momento, a raiva e o medo se dissiparam, e tudo o que restou foi o amor que compartilhávamos, ainda que as dúvidas permanecessem em segundo plano.

— Senta aqui... — Beto me puxa para sentar no colo dele, o toque firme das mãos dele me enlaçando pela cintura, e eu sinto um arrepio ao encostar nele. — Que cheiro gostoso, é o quê? Aquele hidratante que você comprou?

Oceano | Capitão Nascimento - Por Agnes B.Onde histórias criam vida. Descubra agora