CAP 38

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POV Betina

- Amiga, ela está perfeitamente saudável - disse Marcela, com um sorriso tranquilo, enquanto deslizava o aparelho de ultrassom sobre minha barriga.

- Não vejo a hora de vê-la - confessei, sentindo uma onda de calor subir pelo peito. A ideia de estar cada vez mais perto de conhecer minha filha fazia meu coração acelerar. Minha Estela.

- E o pai? Não conseguiu vir hoje? - Marcela perguntou, mantendo a atenção nos monitores enquanto eu absorvia a visão do pequeno corpo de Estela na tela.

- Não, amiga. Ele teve que organizar uma missão - minha voz saiu com um toque de melancolia.

Ultimamente, eu estava mais emotiva. Sentia falta de ter o Beto ao meu lado em todos os momentos, mesmo tentando não demonstrar essa necessidade crescente. A gravidez estava mexendo profundamente comigo. Minha autoestima parecia um fio prestes a se romper, e o peso da impotência me acompanhava a cada dia. Sempre fui uma mulher ativa, movida por independência e pelo amor ao trabalho, mas agora... agora eu estava presa a pilhas de documentos, afastada da linha de frente por ordens do Coronel Quintana. Ele dizia ser para preservar minha saúde, e eu entendia sua preocupação. Mas o que ele não via era o quanto aquilo estava me desgastando emocionalmente.

E o medo... Ah, o medo me assombrava todos os dias. Às vezes, me pegava parada, olhando para o nada, perguntando a mim mesma: Será que vou dar conta? Será que vou ser uma boa mãe? O número de noites em que saía do quarto para chorar na varanda ou no banheiro, em silêncio, para que Beto não percebesse, era incontável. Eu tentava ser forte, mas as inseguranças estavam lá, sempre à espreita.

- Mas foi por uma boa causa, né? - disse Marcela, tirando uma foto 3D do ultrassom e me entregando com um sorriso carinhoso. - Olha só essa bonequinha. Leva pra ele. Tenho certeza de que o Beto vai amar ver a carinha da princesinha de vocês.

Peguei a foto com cuidado, e assim que meus olhos pousaram naquele pequeno rosto em formação, meu peito se apertou. Lágrimas começaram a se formar, e eu mal podia controlar. Era um amor tão profundo que doía. Como é possível amar tanto alguém que eu ainda nem conheço de verdade? A emoção me sufocava, o nó na garganta se formando enquanto eu contemplava o perfil da minha filha. O tipo de amor que transcende tudo o que eu já senti na vida. Um amor que me faria matar, morrer, ou fazer qualquer sacrifício. Minha Estela.

- Obrigada, amiga - agradeci, sentindo as palavras mal saírem enquanto Marcela me envolvia em um abraço apertado.

- Vai dar tudo certo. Te vejo no próximo mês já com essa princesinha nos braços - ela sorriu e passou a mão sobre minha barriga, transmitindo aquela energia reconfortante. - E não esquece de entrar com a licença, hein?

- Pode deixar - concordei, respirando fundo. Era hora de me preparar. Com o oitavo mês batendo à porta, eu sabia que precisava agilizar tudo para ter tempo de me concentrar totalmente em Estela.

Saí do consultório com o coração leve, mas também com um turbilhão de emoções. Caminhei até o carro sentindo o sol escaldante do Rio de Janeiro bater na pele, quase queimando. Assim que entrei no carro, ouvi o celular vibrar dentro da bolsa. Peguei o aparelho e sorri ao ver que era o Beto.

Roberto:
- Oi, meu amor
- Acabei de sair da reunião. Como foi a consulta?
- Desculpa por não ter ido com você. Tô bolado de não ver nossa princesinha.

Sorrir era inevitável ao ler as mensagens dele. A preocupação e o carinho do Beto sempre me confortavam, mesmo à distância.

Betina:
- Oi, amor. Tá tudo bem.
- Nossa Estela tá ótima, tudo excelente. A próxima vez que vermos a Marcela já vai ser pro parto.
- Tenho algo especial pra te mostrar quando você chegar.

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⏰ Última atualização: Sep 18 ⏰

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