Cap 37

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POV Nascimento

— Agora, é trabalhar na recuperação das armas. — Digo, olhando fixo para ele. — Os caras fazem a merda e a gente que tem que consertar.

André assente, concentrado, mas ainda atento às minhas palavras.

— Recebi uma informação de que podem estar no Morro dos Macacos.

— Seguro, André? — Minha voz sai firme, não havia espaço para erro.

Ele hesita por um momento, antes de responder:

— 80%, Coronel.

— 80% não é o suficiente. Quero 100% de certeza, não vou mandar vocês lá se essa porra não estiver mesmo lá. — Minha voz sai mais dura do que pretendia, mas essa era a minha natureza quando o assunto era a segurança da equipe.

— Sim, senhor. — Ele endireita a postura, aceitando a ordem.

Enquanto ele continua mexendo no celular, o silêncio entre nós é interrompido por um pensamento que vem à minha mente: o aniversário do Rafael estava próximo. Era algo leve, uma pausa nas preocupações que sempre rondavam minha cabeça.

— Aí, o aniversário do Rafael tá chegando. Segundo sábado do mês que vem, no clube. Você tá mais que convidado. Leva sua gata.

André ri, balançando a cabeça como quem não esperava a mudança de assunto.

— Minha gata, é? — Ele ri.

— É, pô. E aí? Em que pé anda isso? — Pergunto, curioso.

— Estamos indo devagar, 01. Não é namoro ainda, mas tô só com ela. — Ele relaxa na cadeira, finalmente deixando um sorriso escapar.

Eu dou uma risada curta, satisfeito.

— Esse é o caminho, meu parceiro. — Falo, dando-lhe uma piscada. — Leva ela. Quero conhecer a peça.

— Vou levar. — Ele sorri mais uma vez. — E a federal? Como tá a Betina e a Estela?

— Estão bem... — Deixo a voz arrastar um pouco. — Mas Betina tá a ponto de bala com a Rosane. Tá se controlando, por incrível que pareça.

— Rosane é foda, hein? — Ele balança a cabeça, incrédulo. — Já tá em outra faz tempo, mas agora que você tá formando outra família, ela quer ficar de ondinha? Se fuder, porra.

Suspiro, apoiando os cotovelos na mesa, meu semblante ficando mais sério.

— Não sei qual é a dela. — Admito, pensativo. — Às vezes acho que ela quer tirar a Betina do sério. O que é uma péssima ideia. Ou então tem outra coisa por trás.

André me encara, pensativo.

— Meu amigo, a única coisa que eu sei é que isso aí ainda vai dar bosta. Pode esperar.

Suspiro mais uma vez, esperando que ele estivesse errado, mas sabendo que ele podia estar certo.

— Espero que não...

André levanta da cadeira, pronto para sair, mas se lembra de algo.

— Ah, esqueci de te falar. Carolina ligou. Disse que tem novidades sobre o fogueteiro.

— Porra, tomara que seja positivo. — Passo a mão pelo rosto, cansado daquela história. — Ela não falou nada?

— Só pediu pra te dar o recado, pra você procurar ela.

— Ai, meu caralho... — Murmuro, já antecipando mais dor de cabeça. André ri, se dirigindo à porta.

— Permissão para sair, senhor?

Oceano | Capitão Nascimento - Por Agnes B.Onde histórias criam vida. Descubra agora