Cap 34

1.3K 125 60
                                    

POV Nascimento

- Tudo em ordem,01! - André diz, fechando a pasta com documentos.

- André, quero esses moleques afiados pra instrução em campo. Da última vez, aquele idiota do caralho levou um tiro. Sorte que a porra foi de raspão. O comandante geral caiu matando em cima de mim.

- Foi foda,01. O moleque é meio bizonho. 

- Meio? Aquele filho da puta é uma porta.  - Retruco, e André gargalha

Me encosto na cadeira, relaxando durante a conversa.

- E a Estelinha? - André me pergunta, dando um gole no café que trouxe consigo.

Ele menciona o nome da minha fila. Estela... só de ouvir o nome, sinto meu coração aliviar um pouco. É um amor tão grande que eu já sentia, porra. Diferente da gravidez do Rafa, eu fiz questão de estar mais presente. Claro, as circunstâncias são diferentes agora, eu tenho um pouco mais de tempo, e as operações que eu participo ativamente são esporádicas. Mas desde quando eu desejei ter um filho com Betina, eu já sabia que ia fazer tudo diferente. 

- Tá bem... Fizemos uma ultra anteontem, ela tá com sete meses já. Caralho, tô ansioso pra ver essa garota — digo, sorrindo ao pensar na minha filha.

- Todos estamos, 01. E as coisas com a federal, tudo tranquilo? — André pergunta, genuinamente interessado.

- Sim, tudo ótimo. Ela tem se esforçado pra manter as coisas boas, assim como eu também — respondo, pensando em como a gente tem tentado segurar as pontas, mesmo com tudo o que acontece ao redor.

André assente e dá um sorrisinho maroto.

- Conheci uma garota semana passada no tinder.

- Tinder, Matias? Puta que pariu... - Meio incrédulo, mas já achando graça

- Meu amigo - ele gargalha - sem julgamentos, tempos modernos

- Puta que pariu... - eu gargalho junto - Mas e ai?

- Acho que vai dar bom. - Compartilha ele com um sorriso no rosto -  Garota boa, engraçada, simpática e, claro, bonita.

- Aí sim, hein?! Mas, aí, já comeu? - Pergunto sem rodeios.

- Tô indo devagar... Sou à moda antiga

- Ah, pra porra. Eu também sou André. - dou uma risada - Mas porra, não perco muito tempo não. 

- Vai dizer que você e a Federal já foram pra cama no primeiro encontro?

- No primeiro, primeiro não. Porque eu tava trabalhando e ela também. Mas porra, já fiquei louco por ela, aquele jeito dela mandona... - ele gargalha e eu me perco por um instante, lembrando da primeira vez que vi Betina. - Porém, quando a gente se encontrou de fato, ela quis e eu também e a gente transou. - Falo e dou de ombros como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo.

- Conexão... - ele suspira - Confesso que tenho me controlado, tô esperando o tempo dela.

- É , meu parceiro, só espero que ela não esteja esperando teu tempo também, se não vai ser só lembrança.

- Tu acha, 01? — ele me olha, meio em dúvida.

- Meu irmão, tenha atitude. Às vezes, as mulheres estão só esperando a gente agir. Elas gostam disso - Dou uma piscadela, rindo e ele me acompanha. - Cola em mim que é sucesso. Bota pra cima

André parece refletir no que eu disse, mas somos interrompidos pelo Cabo Guedes, que bate na porta.

- Coronel, com licença — ele presta continência, e eu assinto — Sua ex-mulher tá aqui, pediu pra falar com o senhor.

- Rosane? Puta que pariu... - Passo a mão na cabeça, claramente irritado. O que diabos essa mulher quer?

 - Boa Sorte, 01! - André diz rindo, saindo da sala antes que a tempestade comece

- Manda entrar, Guedes.

Fico na sala sozinho por alguns minutos, já me estressando antecipadamente. Eu sabia que Rosane não vinha com coisa boa.

- Beto... - ela entra com aquele tom amigável que sempre usa antes de tentar alguma coisa.

- Entra Rosane, Senta aí

- Boa tarde pra você também, Beto... - ela diz se sentando, como se fosse dona do lugar.

- Desculpa. Boa tarde, Rosane. Então, aconteceu alguma coisa com o Rafa? — vou direto ao ponto.

Não — ela responde seca, me encarando, esperando que eu pergunte o que a trouxe até aqui. Eu não digo nada e então ela continua - Vim falar da Betina

- Rosane... Não tenho nada pra falar da minha mulher com você.

- Como não Beto? Ela bateu na minha cara. - a voz dela carrega um tom acusatório.

- E o que você fez pra ela fazer isso? — corto o papo furado, direto como uma bala — Olha, Rosane, Betina é reativa. Se ela deu na tua cara, provavelmente tu cutucou a onça com vara curta. E, além do mais, ela já vinha guardando a raiva desde quando... Você sabe

- Essa mulher é uma agressiva, tenho medo dela com meu filho agora. 

- Você é doida? Betina sempre tratou o Rafael como filho dela. E você sabe disso.

- Não importa. meu outro motivo pra vir aqui também é porque o aniversário de 9 anos do Rafael tá chegando. Ele quer comemorar no clube, e quero saber se você vai participar com a sua galinha de briga. E, claro, preciso que você pague parte do valor da festa do meu filho.

- Nosso filho. Respeite minha mulher, Rosane — Respiro fundo, controlando a raiva. Vejo ela revirar os olhos, mas sigo firme — Só me manda o valor que passo pra você. Era só isso?

- E também quero que você saiba que espero que a pensão do Rafa não diminua por conta da chegada da sua filha...

- Rosane, você sabe melhor que eu que a porra da pensão é descontada em folha. Não fode...

- Sim, mas eu vou atrás do direito do Rafa

- Rosane, tu quer fazer inferno, mas te garanto, não vai conseguir. E, por favor, não me faz perder o respeito e a admiração que ainda tenho por você — me inclino na cadeira, encarando-a nos olhos — Não faça isso, não tente se meter na minha família. Lembre-se que quando você seguiu em frente, eu não fiz porra nenhuma

- É diferente...E você odeia o Fraga, vive falando mal dele. 

- Odeio, odeio com todas as minhas forças esse defensor de vagabundo. Mas meu ódio por ele não tem nada a ver com o relacionamento de vocês dois, eu tô pouco me fodendo pra isso... Meu problema com o Diogo é com as ideologias dele e a forma que ele critica meu trabalho. Além de tentar me foder quando tem a oportunidade.

Oceano | Capitão Nascimento - Por Agnes B.Onde histórias criam vida. Descubra agora