O peso do silêncio.

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— Quantos anos você tem? — Perguntei depois de um longo tempo em silêncio

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— Quantos anos você tem? — Perguntei depois de um longo tempo em silêncio.

Tínhamos andado o parque inteiro e a todo tempo a única coisa que ela falava comigo era sobre como os meninos estavam demorando e se soubesse que eu estava tramando algo ela me mataria.

— Porque a pergunta?— Ela parou e finalmente me encarou.

— Só estou tentando começar um diálogo, você mal fala comigo, a não ser pra me ameaçar. — falei sincero.

— Tenho 21.

Ela falou e voltou a caminhar. Caraca, ela era super nova, fiquei surpreso com a informação, então decidi fazer mais perguntas.

— Há quanto tempo torce pro Corinthians?

— Acho que desde que eu nasci. — Ela parou novamente. Estávamos num local pouco movimentado, Sabrina sentou em um banco que tinha ali, fiz o mesmo.

— Você ama mesmo o time, da pra ver. — Comentei.

— Eu amo. — Ela sorriu, e pela primeira vez a vi dar um sorriso sincero. Seus olhos brilhavam e ela me encarou. — Corinthians é uma parte de mim, é um sentimento que só entende quem é.

— Então foi por isso que aceitou o trabalho de faxineira no CT? — perguntei.

Sabrina desviou o olhar e se remexeu no banco, percebi que ela havia ficado desconfortável com a pergunta, então esperei pela resposta grosseira, que incrivelmente não veio.

— Eu não venho de uma família rica, então aceitar esse trabalho foi a única forma de conseguir me manter e pagar a outra metade da minha faculdade. — Ela falou. — Nem todo mundo ganha milhões igual você.

Ela virou e me encarou, o deboche na voz era evidente, assim como uma certa irritação ao me olhar.

— Qual seu problema comigo?

— Meu único problema é o fato de você ganhar uma boa grana por mês e não conseguir jogar 90 minutos. — Ela esbravejou.

— Quer jogar no meu lugar bonitinha? — Perguntei sarcástico.

— Com certeza seria melhor do que você.

Que garota malcriada

Sabrina se levantou igual um furacão e começou a andar a passos rápidos pra longe de mim.

— Onde você vai maluca? — Gritei, apertando o passo pra alcança - la.

— Embora, não sei o que tinha na cabeça quando aceitei esse convite. — Ela gritou de volta.

Comecei a correr em sua direção e conseguir chegar até ela, peguei em seu braço e a fiz se virar pra mim, fazendo com que ficássemos próximos, próximos demais.

— Da pra você parar de ser irritante, pelo menos uma vez? — Falei ofegante.

— E da pra você me soltar? — Ela falou se debatendo.

𝙼𝙰𝙻-𝚀𝚄𝙴𝚁𝙴𝚁 // Igor Coronado Onde histórias criam vida. Descubra agora