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Eu varria o chão da sala de coletiva em silêncio, concentrada no som rítmico das cerdas raspando contra o piso

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Eu varria o chão da sala de coletiva em silêncio, concentrada no som rítmico das cerdas raspando contra o piso. Era tarde, e o CT parecia deserto, iluminado apenas pelas luzes frias que restavam acesas

Suspirei, sentindo o cansaço pesar sobre meus ombros. O relógio já passava das onze da noite, e eu sabia que seria difícil encontrar um ônibus a essa hora. Só de pensar na longa caminhada até o ponto, meu estômago já se apertava em preocupação.

Eu deveria já ter terminado, todavia, tive que usar uma dos meus horários para tentar finalizar as matérias acumuladas da faculdade. Não estava sendo facil. Eu passava o dia inteiro no CT, quando chegava em casa, estava morta. Por isso, optei por uma faculdade em EAD, só assim para conseguir assistir as aulas no trabalho. Caso contrário, não teria tempo.

Tão perdida nos meus pensamentos, nem percebi a presença de alguém atrás de mim. Um susto percorreu meu corpo quando senti um toque leve nas costas. Dei um salto, virando-me com a vassoura erguida, pronta para usá-la como arma.

— Calma aí, guerreira! — A voz de Igor Coronado quebrou o silêncio, acompanhada de uma risada.

Meu coração ainda martelava no peito, e eu o encarei, sem acreditar.

Por mais que trabalhamos no mesmo clube, hoje em dia, nos encontramos mais que antes. Parece uma praga. Quanto mais eu tento evitar-lo, mas próximos parece que ficamos.

— Que diabos você tá fazendo aqui? — perguntei, minha voz saindo mais alta do que eu pretendia. — São quase meia noite, Todos já foram embora!

Ele deu de ombros, como se não fosse nada demais.

— Fiquei pra treinar mais um pouco. — respondeu, como se fosse a coisa mais normal do mundo. — E você? Decidiu que varrer a sala de coletiva é mais emocionante do que ir pra casa?

Eu bufei, ainda tentando me recompor.

— Tenho um monte de coisa pra terminar — murmurei, tentando soar indiferente. — E olha, não me venha com essa de treinar mais um pouco. Você já se matou no treino hoje, todo mundo viu.

E eu não estava brincando. Igor vem melhorado muito, não nego. Parece um pouco mais focado, mais determinado talvez,  corre o treino inteiro, não se entrega e parece mais contente que o habital.

Hoje, o treino ocorreu mais tarde, já que amanhã o elenco viajaria para o Ceará, para o jogo contra o Fortaleza. Então, começaram as 19h e terminaram em torno de 22h. O time parecia animado, os treinos vem sendo mais leves, embora a situação não seja tão favorável no Brasileirão.

Igor deu um sorrisinho enviesado, o tipo de sorriso que eu costumava chamar de “irritante ao extremo”. Então, apontou para a vassoura nas minhas mãos.

— Quer ajuda?

Eu pisquei, surpresa.

— Você? Ajudar a limpar? — Franzi a testa. — Aposto que nunca nem  pegou numa vassoura na vida, Coronado.

𝙼𝙰𝙻-𝚀𝚄𝙴𝚁𝙴𝚁 // Igor Coronado Onde histórias criam vida. Descubra agora