capítulo 29

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Já era noite, e a tensão entre Orm e Ling estava no auge. As provocações e comentários ácidos que Orm lançava constantemente estavam começando a pesar demais para Ling. Após voltarem de um compromisso, as duas entraram na casa silenciosamente, mas a calmaria durou pouco.

Quando estavam na sala, Orm, ainda incomodada com o que havia ocorrido durante o dia, decidiu confrontar Ling mais uma vez. Ela se virou bruscamente para a segurança, a expressão carregada de irritação. "Quantas vezes eu vou ter que repetir? Você está aqui para trabalhar, não para ficar de papinho com qualquer um que apareça!"

Ling, que já vinha contendo sua frustração por dias, finalmente perdeu a paciência. Ela parou o que estava fazendo e, sem hesitar, virou-se para Orm, encarando-a diretamente. "Orm, você não pode me dizer com quem eu posso ou não conversar. Isso não faz parte do nosso acordo."

A surpresa cruzou o rosto de Orm, que não estava acostumada a ser desafiada desse jeito, especialmente por alguém que ela considerava sua subordinada. "Você é minha funcionária!" Orm elevou a voz, aproximando-se de Ling, os olhos faiscando de raiva. "E eu exijo respeito! Você faz o que eu mando!"

Ling não recuou um centímetro, mantendo sua postura firme e decidida. "Sim, eu sou sua funcionária, Orm. Mas não sou sua propriedade. Eu faço o meu trabalho, e o faço bem. Mas isso não lhe dá o direito de controlar minha vida ou as minhas interações."

Orm ficou sem palavras por um momento, surpresa pela resistência de Ling. As duas estavam agora cara a cara, tão próximas que Orm pôde sentir o calor emanando de Ling. O choque inicial começou a se dissipar, dando lugar a uma confusão interna. Seus olhos, antes cheios de raiva, começaram a vagar involuntariamente, parando nos lábios de Ling.

O olhar de Orm demorou-se ali, e ela se pegou observando a boca de Ling com uma intensidade que a deixou desconcertada. Havia algo mais ali, algo além da irritação, algo que ela tentava ignorar, mas que se tornava impossível de negar naquele instante.

Ling, percebendo o olhar de Orm, manteve-se séria, mas internamente sentiu uma mistura de emoções que também a deixava confusa. A tensão entre elas não era mais apenas uma questão profissional; algo mais profundo e complicado começava a se revelar.

Orm, tentando recuperar o controle da situação, finalmente falou, mas a força em sua voz havia diminuído. "Você... você é minha funcionária," repetiu, como se tentando reafirmar algo para si mesma. Mas naquele momento, até para ela, essas palavras soaram vazias.

Ling respondeu, sua voz mais baixa, mas ainda firme: "Sou sua funcionária, sim. Mas isso não significa que você manda em tudo na minha vida."

O ambiente ficou pesado, um silêncio denso pairando entre as duas. Orm, sem saber como lidar com os sentimentos que surgiam, apenas olhou para Ling, tentando compreender o que estava acontecendo dentro de si.

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