capítulo 31

469 34 7
                                    

Na manhã seguinte, Ling acordou mais cedo do que de costume. Sentia uma leveza diferente, uma sensação que não conseguia explicar completamente, mas que trazia um sorriso discreto ao seu rosto. Ela foi para a cozinha e começou a preparar o café, seus pensamentos girando em torno do que havia acontecido na noite anterior.

Enquanto mexia o café, Ling se pegou sorrindo. Pela primeira vez em muito tempo, sentia-se genuinamente feliz. O momento que compartilhara com Orm não havia sido apenas físico, mas também algo que parecia preencher um vazio que ela mal sabia que existia. "Eu gosto dela," pensou, e a percepção dessa verdade a deixou ainda mais ansiosa para conversar com Orm. Precisava saber se ela sentia o mesmo, se aquilo que havia começado poderia se transformar em algo real.

Enquanto isso, Orm acordava lentamente. Ainda deitada, sua mente imediatamente voltou para a noite anterior, e só de lembrar, seu corpo se arrepiou. Foi como se todas as emoções reprimidas tivessem explodido de uma vez só. Levantou-se e foi fazer suas necessidades, tentando afastar a confusão que a invadia. O que ela e Ling haviam compartilhado era intenso, mas algo dentro dela dizia que isso não poderia dar certo.

No banho, enquanto a água caía sobre seu corpo, Orm começou a organizar seus pensamentos. Sabia que precisaria conversar com Ling, mas não sabia como abordar o assunto. “Isso não vai dar certo,” murmurou para si mesma. Apesar de ter gostado do que aconteceu, Orm temia o que aquilo poderia significar para elas. Ela decidiu que, quando visse Ling, precisaria ser clara sobre o que pensava, por mais difícil que fosse.

Orm saiu do banho determinada. Ela precisava falar com Ling e colocar um ponto final . Ela se vestiu rapidamente, ensaiando mentalmente o que diria. Quando desceu até a cozinha, encontrou Ling preparando o café. O sorriso de Ling ao vê-la a fez hesitar por um instante . Orm estava tentando seguir em frente, agir como se nada tivesse acontecido, mas Ling percebi.

Ling : precisamos conversar , não acha ?

Ling, que estava com uma expressão esperançosa, assentiu e se aproximou, pronta para ouvir o que Orm tinha a dizer.

Orm: A noite passada… foi uma noite qualquer, (Orm disse, mas a mentira apertava seu coração.) "Não significou nada. Eu só… estava precisando de alguém, e você estava ali.

Ling congelou. O sorriso em seu rosto desapareceu instantaneamente, substituído por uma expressão de dor e incredulidade. "Você está dizendo que foi nada para você?" perguntou, sua voz tremendo levemente.

Orm lutava para manter a máscara de indiferença. "Sim," respondeu, embora cada palavra a machucasse. "Foi só uma noite. Nada além disso."

Ling deu um passo para trás, sentindo como se o chão tivesse sido tirado debaixo de seus pés. O coração que estava tão cheio de alegria agora estava esmagado. Ela engoliu em seco, tentando processar o que ouvira. "Então, foi só isso? Você só me usou porque estava carente?"

"Eu… sim," Orm respondeu, com o coração apertado e a mente em tumulto. "Foi só isso."

Ling sentiu uma mistura de tristeza e raiva. "Entendi," disse ela, sua voz agora mais fria e distante. "Obrigada por ser honesta."

Sem dizer mais nada, Ling se virou e saiu da cozinha, deixando Orm sozinha, com a culpa e o arrependimento começando a pesar sobre ela. Mesmo que Orm tivesse dito aquelas palavras para proteger ambas, ela sabia que havia causado uma dor profunda em Ling, e isso era algo que seria difícil de consertar.

Mas tarde orm tinha  gravação, Após a cena de gravação e a tensão que pairava no ar, Orm sabia que precisava falar com Ling. Havia uma mistura de emoções crescendo dentro dela, e o desconforto durante a filmagem tinha sido o estopim.

"Podemos conversar?" Orm perguntou, tentando manter a voz firme, mas sentindo o peso das palavras que precisava dizer.

Ling assentiu e seguiu Orm até uma sala de descanso vazia. Uma vez lá dentro, Orm fechou a porta e se virou para Ling, os braços cruzados em uma tentativa de manter o controle.

"Ling, eu... preciso ser honesta com você," Orm começou, as palavras saindo lentamente, como se pesassem em sua língua. "nós não vai dar certo."

Ling permaneceu em silêncio, seus olhos escuros fixos nos de Orm, esperando que ela continuasse.

"Eu sou uma pessoa pública," Orm explicou, tentando encontrar a melhor forma de dizer o que sentia. "E... bem, meu trabalho, minha vida, tudo é exposto. As coisas que eu faço, as pessoas com quem me relaciono, estão sempre sob os holofotes. Eu não posso me permitir ter... distrações."

Ling franziu levemente o cenho, mas manteve a postura firme. "Distrações?"

"Sim, distrações," Orm repetiu, quase com raiva, mas mais de si mesma do que de Ling. "Hoje, durante aquela cena, tudo o que eu conseguia pensar era que você estava ali. Eu nunca deixei ninguém me afetar assim antes, e isso não pode acontecer."

"Entendo," Ling disse com a voz calma, mas havia uma rigidez em suas palavras. "Eu estou aqui para fazer meu trabalho, nada mais. Se isso é um problema, talvez você precise de alguém que não cause... distrações."

Orm sentiu uma pontada de frustração. Era exatamente isso que ela estava tentando evitar—essa frieza, essa distância que parecia inevitável agora. "Não é isso, Ling," ela murmurou, suavizando o tom. "Eu só... acho que estou complicando as coisas, e não posso me permitir fazer isso."

Ling respirou fundo, seu olhar permanecendo firme e controlado. "Eu fui contratada para te proteger, Orm. E é isso que vou fazer, independentemente de como você se sinta em relação a mim. Mas se você acha que minha presença está prejudicando você de alguma forma, talvez seja melhor eu ser substituída."

Havia uma dor contida nas palavras de Ling, e Orm a sentiu claramente, mas não soube como reagir. Ela não queria que Ling fosse embora, não queria perder essa conexão que, apesar de confusa, havia se tornado tão importante para ela. Mas, ao mesmo tempo, o medo de como aquilo poderia afetar sua vida e carreira a deixava hesitante.

"Não... eu não quero que você vá embora," Orm admitiu, finalmente cedendo a uma parte de si que estava apavorada com essa possibilidade. "Eu só... preciso que você entenda que nós não pode ser mais do que é."

Ling assentiu novamente, desta vez com um leve aceno de aceitação. "Entendo. Mas saiba que, independentemente do que aconteça, estarei aqui para garantir sua segurança. Esse é o meu trabalho, e não vou deixar que nada atrapalhe isso."

Orm olhou para Ling, sentindo um misto de alívio e tristeza. Ela sabia que estava fazendo o certo ao estabelecer limites, mas isso não tornava a situação mais fácil. "Obrigada, Ling. Eu... realmente aprecio isso."

Ling deu um pequeno sorriso, quase imperceptível, e inclinou a cabeça levemente. "Vamos seguir em frente então, Orm. Isso não precisa ser mais complicado do que já é."

Com isso, a conversa terminou, e as duas mulheres saíram da sala, ambas sentindo o peso do que havia sido dito, mas determinadas a seguir em frente, cada uma à sua maneira.

Dança do destino Onde histórias criam vida. Descubra agora