capítulo 43

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Um mês se passou desde que Orm e Ling decidiram se comprometer uma com a outra. No início, tudo parecia perfeito. Elas desfrutavam da companhia uma da outra, riam juntas, e o romance florescia. No entanto, com o passar do tempo, as diferenças entre elas começaram a surgir, e a harmonia que antes parecia natural foi lentamente substituída por atritos e tensões.

Orm, com seu estilo de vida extravagante e a constante presença da mídia, começou a sentir a pressão. Ela percebia que a relação com Ling estava começando a interferir em sua imagem pública e em suas responsabilidades profissionais. A forma como Ling, sempre tão disciplinada e reservada, reagia a tudo isso só aumentava o estresse.

Por outro lado, Ling, que sempre prezou pela ordem e segurança, começou a se ressentir das constantes mudanças de humor de Orm, dos seus pedidos impulsivos e das situações caóticas que pareciam seguir sua namorada por onde quer que ela fosse. Apesar de seus sentimentos por Orm, Ling sentia que a relação estava começando a desgastá-la emocionalmente, e a pressão para se adaptar ao mundo de Orm estava se tornando insustentável.

Certa noite, após um evento social em que Orm mais uma vez se mostrou distante e fria, as tensões explodiram. Quando chegaram em casa, a discussão que vinha se acumulando por semanas finalmente veio à tona.

"Eu não aguento mais isso, Orm!" Ling exclamou, largando a bolsa sobre a mesa com força. "Você muda de humor a cada segundo, e eu nunca sei o que esperar de você!"

Orm, cansada e exasperada, virou-se para Ling com os olhos cheios de frustração. "E eu não suporto mais o jeito como você tenta controlar tudo! Você acha que pode simplesmente ditar as regras, mas eu não vou me submeter a isso!"

"Não se trata de controle, Orm! Se trata de tentar trazer um pouco de estabilidade para a nossa vida. Mas parece que você não quer isso. Parece que tudo que você quer é alguém que concorde com você em tudo, sem questionar."

"Talvez você esteja certa," Orm retrucou, a voz mais fria do que nunca. "Talvez seja isso mesmo que eu preciso. Alguém que entenda o que significa estar comigo, no meu mundo, sem ficar tentando mudar quem eu sou!"

Ling sentiu o impacto das palavras de Orm como um soco no estômago. Ela respirou fundo, tentando manter a calma, mas as lágrimas de raiva e dor começaram a se formar em seus olhos. "Se é isso que você pensa, então talvez não tenha lugar para mim na sua vida."

Orm hesitou por um momento, a raiva misturada com uma profunda tristeza. "Talvez seja o melhor... para ambas."

O silêncio que seguiu foi doloroso, quase insuportável. Ling, sentindo-se esgotada, virou-se para sair. "Eu vou arrumar minhas coisas."

Enquanto Ling subia as escadas, Orm ficou sozinha na sala, sentindo o peso da decisão que haviam acabado de tomar. Ela sabia que tinha machucado Ling, e isso a corroía por dentro. Mas, ao mesmo tempo, uma parte dela sentia que talvez fosse a melhor escolha. O amor entre elas existia, mas o fardo de lidar com suas diferenças estava destruindo tudo o que construíram.

Ling desceu alguns minutos depois, com uma pequena mala na mão. Ela parou diante de Orm, os olhos fixos no chão. "Eu não queria que terminasse assim, Orm. Mas... acho que você está certa. Nós somos diferentes demais."

Orm engoliu em seco, lutando contra o desejo de implorar para que Ling ficasse. "Eu também não queria, Ling. Mas... talvez seja o melhor."

Sem dizer mais nada, Ling saiu pela porta, deixando Orm sozinha com seus pensamentos e arrependimentos. O silêncio que ficou para trás era ensurdecedor, e Orm percebeu que, apesar de tudo, sentia um vazio enorme no peito.

Enquanto Ling se afastava da casa, ela sentia o coração pesado, mas também uma estranha sensação de alívio. Talvez fosse realmente o melhor para ambas. Mas, mesmo assim, ela não podia deixar de se perguntar se as coisas poderiam ter sido diferentes.

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