capítulo 33

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Quando Orm e Ling começaram a se afastar do local, a tensão entre as duas era palpável. O silêncio que se seguiu ao tapa de Orm era pesado, cheio de sentimentos não ditos. Ling estava à frente, mantendo a vigilância, quando ouviu um som súbito atrás delas. Seus instintos imediatamente entraram em ação.

Um homem saiu das sombras, com os olhos fixos em Orm, a arma já em sua mão. O tempo parecia desacelerar enquanto ele ergueu a arma e disparou.

O tiro passou perto, errando Orm por centímetros. A adrenalina tomou conta de Ling, que, com reflexos rápidos, sacou sua própria arma e se posicionou na frente de Orm, protegendo-a com seu corpo. Ela disparou de volta, seus olhos fixos no agressor, mas ele se esquivou, fugindo pela escuridão.

Na troca de tiros, Ling sentiu uma dor aguda no braço. Um dos disparos do homem a atingira de raspão. Ela grunhiu, mas manteve a postura, garantindo que Orm estava segura antes de baixar a arma. O silêncio pesado voltou, interrompido apenas pela respiração rápida das duas.

Orm olhou para Ling, horrorizada. "Você está ferida! Precisamos ir ao hospital!" A voz de Orm estava cheia de preocupação, mas Ling balançou a cabeça, firme.

"Não, não precisa. Não é nada," Ling respondeu, sua voz carregada de uma determinação fria. Ela mantinha o olhar fixo à frente, recusando-se a olhar para Orm. "Só quero sair daqui."

Orm, ainda em choque, tentou se aproximar, estendendo a mão para tocar o braço ferido de Ling. "Mas você...."

"Eu estou bem," Ling interrompeu, recuando, a voz rígida. "Vamos embora."

O tom cortante de Ling fez Orm congelar. Ela queria insistir, mas havia algo no olhar distante de Ling que a fez hesitar. Ling estava se distanciando, não apenas fisicamente, mas emocionalmente, e Orm sentiu um aperto no peito ao perceber isso.

O caminho de volta ao carro foi silencioso, carregado de uma tensão quase insuportável. Orm não disse mais nada, sentindo-se impotente diante da barreira que Ling havia erguido. Ela queria agradecer, queria se desculpar, mas as palavras não saíam.

Chegando ao carro, Ling abriu a porta para Orm, os lábios cerrados, evitando qualquer contato visual. Orm entrou, sem saber como quebrar o silêncio que parecia se tornar cada vez mais pesado. Ling entrou logo em seguida, o braço ainda latejando, mas se recusando a mostrar qualquer sinal de fraqueza.

No caminho de volta, Orm olhou para Ling várias vezes, tentando achar uma brecha, uma forma de se conectar. Mas Ling manteve os olhos na estrada, concentrada, recusando-se a dizer uma palavra sequer. A distância entre as duas parecia se alargar cada vez mais, como um abismo que Orm não sabia como atravessar.

Quando finalmente chegaram em casa, Ling saiu do carro rapidamente, mal esperando Orm descer antes de começar a se afastar. Orm tentou chamá-la, mas Ling não olhou para trás, seguindo para o seu quarto sem dizer nada.

Sozinha, Orm ficou parada por um momento, sentindo-se mais perdida do que nunca. A dor física de Ling era visível, mas a dor emocional era algo que Orm não sabia como consertar. O arrependimento e a confusão inundavam seus pensamentos, enquanto ela observava a porta do quarto de Ling se fechar.

Orm suspirou profundamente, sentindo o peso das consequências de suas ações. Ela sabia que havia algo mais profundo ali, algo que precisava ser resolvido, mas, pela primeira vez, sentia-se incapaz de lidar com a situação.

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