capítulo 45

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O ambiente no estúdio de dança estava carregado de tensão silenciosa. As batidas da música ecoavam pelas paredes, mas para Orm e Ling, o som parecia distante, abafado pelos sentimentos não resolvidos que permeavam o ar entre elas. Orm, sempre meticulosa, ajustava sua postura, o olhar fixo em Ling, que parecia deliberadamente evitar seu contato visual.

A sessão de dança começou, e os dois grupos , Orm com um parceiro, e Ling com Mia , assumiram suas posições. O instrutor pediu que praticassem movimentos de improviso, encorajando a criatividade e a conexão entre os pares.

Orm, sempre orgulhosa de suas habilidades, começou a dançar com uma confiança calculada, mas com cada giro e passo, seus olhos não conseguiam deixar de buscar Ling. Ela notou a proximidade entre Ling e Mia, como elas se moviam em sintonia, e isso a incomodava mais do que ela gostaria de admitir. Mia, por outro lado, era uma dançarina talentosa, mas parecia mais interessada em testar os limites da paciência de Orm do que em dançar.

Quando o instrutor anunciou uma breve pausa, Orm não perdeu tempo. Aproximou-se de Ling, ignorando Mia completamente, e com uma voz carregada de provocação, disse: “Você está melhorando, Ling. Mas ainda está longe de me alcançar.”

Ling, que já estava no limite de sua paciência com as constantes provocações de Orm, olhou diretamente nos olhos dela, a postura rígida. “Não estou competindo com você, Orm. Estou aqui para dançar, não para alimentar o seu ego.”

“É mesmo? Porque parece que você está se divertindo bastante com sua nova amiguinha,” Orm respondeu, com um tom de ciúme que ela não conseguiu disfarçar.

Ling fechou os olhos por um segundo, tentando manter a calma. “Orm, eu não sou sua propriedade. Você não pode controlar com quem eu danço ou converso.”

Orm se aproximou mais, a voz baixa e tensa. “Mas você era minha, Ling. E não suporto ver outra pessoa perto de você.”

Antes que Ling pudesse responder, Mia, que havia notado a tensão, se aproximou, interrompendo o momento. “Vocês duas precisam de um tempo, ou querem resolver isso dançando?”

O comentário de Mia trouxe um leve sorriso aos lábios de Ling, mas o olhar dela permanecia fixo em Orm. “Talvez seja isso que precisamos. Uma última dança para deixar tudo claro.”

Sem hesitar, Orm aceitou o desafio. “Vamos ver se você consegue me acompanhar, Ling.”

A música começou novamente, e desta vez, Orm e Ling dançaram juntas, uma explosão de movimentos que misturava paixão, raiva e uma atração inegável. Cada passo era uma provocação, cada toque, um lembrete do que elas compartilhavam e do que haviam perdido. Os outros dançarinos pararam para observar, a intensidade entre elas era palpável.

No final da dança, ambas estavam ofegantes, os rostos próximos, o suor escorrendo pelas testas. Orm sussurrou, quase como uma confissão: “Eu não suporto ver ninguém tocando você, Ling. Você é minha.”

Ling, ainda ofegante, respondeu com uma voz firme, mas carregada de emoção: “Eu não sou de ninguém, Orm. Não mais.”

Com isso, Ling se afastou, deixando Orm sozinha no centro do estúdio, encarando as emoções conflitantes que ainda queimavam dentro dela. O espaço entre elas parecia maior do que nunca, mas a dança havia dito o que as palavras não conseguiram.

Orm ficou ali, assistindo Ling se afastar, sentindo que havia muito mais em jogo do que apenas uma dança. Havia algo profundo, algo que elas precisariam confrontar se quisessem encontrar algum tipo de paz — juntas ou separadas.

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