Ecos Da Lua - Paul Lahote (2° Parte)

cap. 4

Ellie deitou-se ao lado de Paul e Aiyana, o quarto mergulhado em uma tranquilidade que só o silêncio da noite podia proporcionar. Paul, já adormecido, estava abraçado à pequena Aiyana, com um braço protetor ao redor dela. A menina, ainda segurando a mão do pai, suspirava suavemente enquanto dormia, e Ellie, do outro lado da cama, observava os dois com um misto de ternura e preocupação.

Por mais que tentasse, Ellie não conseguia fechar os olhos e se deixar levar pelo sono. Algo dentro dela, um sentimento de inquietação, a mantinha acordada. Enquanto observava o rosto sereno de Paul, seus olhos foram atraídos para o colar que ele usava, aquele que ela mesma havia dado a ele no dia do seu aniversário. Era um pingente de lua, uma peça simples, mas carregada de significado.

Ellie tocou o próprio colar em seu pescoço, o que combinava com o de Paul, e sorriu ao se lembrar de como ele dizia que ela brilhava na escuridão da noite quando estava em sua forma de lobo, com seu pelo branco como a neve. Aquele colar simbolizava o vínculo inquebrável que compartilhavam, um laço que só se fortalecia com o tempo.

Seus pensamentos então se voltaram para Aiyana. Ela lembrou-se do dia em que a pequena nasceu, um dos momentos mais felizes e aterrorizantes de sua vida.

Flashback

A noite estava quente, e o cheiro do mar chegava até a casa onde Ellie estava. Ela havia passado horas em trabalho de parto, cercada por Allison, Emily e Leah, que a ajudavam com palavras de encorajamento e apoio. Paul estava ao lado dela, segurando sua mão, seu rosto uma mistura de preocupação e esperança.

— Vai dar tudo certo, Ellie — Paul sussurrou, apertando a mão dela com força. — Você é a mulher mais forte que eu conheço.

Ellie, apesar da dor, olhou para Paul e viu o quanto ele estava nervoso. Mas, em seus olhos, havia uma determinação inabalável que a fez se sentir segura.

Finalmente, após horas de esforço e dor, o choro de um bebê ecoou pelo quarto. Ellie nunca havia sentido algo tão poderoso quanto ouvir o primeiro choro de sua filha. Allison a colocou gentilmente em seus braços, e Ellie sentiu o coração derreter ao ver Aiyana pela primeira vez.

— Ela é linda — Paul disse, com a voz embargada. Ele estava visivelmente emocionado, com lágrimas nos olhos. Ellie sorriu para ele, sentindo-se inundada por um amor que nunca havia experimentado antes.

— Ela é perfeita — Ellie sussurrou, com os olhos cheios de lágrimas enquanto acariciava o rostinho da filha depois de conseguir acalma-la. A pequena Aiyana, com os olhos ainda fechados, segurou o dedo de Ellie com uma força surpreendente para alguém tão pequena.

Ellie voltou ao presente, sentindo uma onda de emoção. Aiyana cresceu tão rápido, e cada momento ao lado dela era um presente. Ela se lembrou dos primeiros passos da filha, do primeiro "mamãe", e das incontáveis noites em que a embalou até dormir. Cada memória estava gravada em seu coração, e Ellie sabia que faria qualquer coisa para proteger aquela pequena vida.

Tentando dissipar a ansiedade que a mantinha acordada, Ellie decidiu ir até a cozinha para beber um pouco de água. Ela se levantou cuidadosamente, tentando não acordar Paul e Aiyana, e deslizou para fora da cama.

O chão frio sob seus pés a trouxe de volta à realidade. Ela caminhou até a cozinha, o silêncio da casa amplificado pela escuridão da noite. Ao alcançar a pia, Ellie encheu um copo de água e tomou um gole, deixando o líquido frio acalmar um pouco sua mente.

Enquanto estava ali, perdida em pensamentos, Ellie quase soltou o copo ao sentir mãos firmes segurando sua cintura, puxando-a para um abraço. Ela virou-se rapidamente, apenas para ver o sorriso sonolento de Paul.