cap. 18

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Briana, ainda cercada pela leve brisa que rodopiava ao seu redor, deu um passo à frente e ergueu as mãos, seus olhos brilhando intensamente. O círculo ao redor dela começou a pulsar, a areia mágica reagindo ao poder crescente. Ellie, Allison e os outros observavam com cautela, esperando o próximo movimento da bruxa.

— Preparem-se — Briana disse com uma voz rouca, e logo começou a recitar um feitiço, sua voz ecoando pela delegacia como se estivesse ressoando de vários lugares ao mesmo tempo. Um clarão de luz azulada se formou no centro do círculo, começando a revelar fragmentos da criatura que os atormentava.

A primeira coisa que surgiu foi uma silhueta indistinta, mas imponente. A forma era feminina, de estatura alta e esguia, mas com uma musculatura impressionante. Paul, que estava observando tudo atentamente, apertou os punhos ao ver aquilo, sentindo um estranho arrepio na espinha. Seus olhos rapidamente buscaram os de Deniel, seu pai, que estava em pé no canto da sala, observando tudo com uma expressão fechada. Eles não trocaram uma palavra, mas a troca de olhares foi suficiente para que ambos soubessem o que o outro estava pensando.

— Força descomunal — murmurou Briana enquanto continuava o feitiço. — Agilidade, reflexos sobrenaturais, como os de um lobo, mas mais rápidos e ferozes. Capaz de rasgar até o metal mais duro com as mãos.

Ellie franziu o cenho ao ouvir isso. As características da criatura eram familiares demais. — Briana, essas habilidades... elas parecem...

— Não interrompa — Briana cortou, sua voz saindo com autoridade. — Isso não é tudo.

A figura no círculo começou a se delinear com mais precisão. Suas mãos, alongadas e com unhas afiadas como garras, eram cobertas por uma pele pálida, quase translúcida. Mas o que chamou a atenção de todos foram os olhos: duas esferas prateadas, sem qualquer traço de humanidade, mas cheias de dor e fúria reprimida.

Paul sentiu o coração apertar no peito. Algo naquelas características lhe parecia terrivelmente familiar, uma conexão que ele não queria aceitar. Ele olhou novamente para Deniel, que, apesar de manter uma expressão séria, estava visivelmente abalado. O que eles estavam vendo não era apenas uma criatura qualquer. Ambos sabiam que aquilo estava muito mais próximo deles do que poderiam ter imaginado.

— Há mais — Briana continuou. — A criatura tem um controle incomum sobre o ambiente ao seu redor, como se pudesse manipular a terra e o vento. Um poder que só uma bruxa com um sangue muito forte poderia manifestar.

— Isso explica a magia... — Allison sussurrou, olhando para Ellie com preocupação.

Briana terminou de traçar o perfil da criatura, a imagem agora clara diante de todos. Era algo grotesco, mas ao mesmo tempo dolorosamente familiar. As habilidades eram uma mistura das que eles conheciam, tanto de lobos quanto de bruxas, mas a combinação dava uma força e poder devastadores. No entanto, a aura ao redor dela emanava uma tristeza e uma raiva profundas.

Deniel quebrou o silêncio. — Briana, você disse que essa criatura era uma pessoa antes. Quem era ela?

Briana deu de ombros, visivelmente incomodada com a pergunta. — Isso é o que eu não sei. Mas alguém com esse nível de poder... ela teria que ser de uma linhagem muito antiga, muito forte.

Paul estava prestes a perguntar  quando um pensamento sombrio o atingiu. Ele olhou para Deniel novamente, e dessa vez o pai pareceu confirmar o que estava passando pela mente dele. Ambos se lembraram de alguém com características semelhantes, alguém que havia desaparecido há muito tempo. Paul sentiu o estômago revirar com a possibilidade.

— Deniel... — Paul começou, mas sua voz falhou. Ele estava conectado com aquilo de uma maneira que não podia explicar.

— Paul, você precisa focar — Sam o chamou de volta à realidade. — Não sabemos ainda quem ou o que é, mas temos uma pista.

Ecos Da Lua - Paul Lahote (2° Parte)Onde histórias criam vida. Descubra agora