*𝐎 𝐀𝐌𝐎𝐑 𝐈𝐍𝐄𝐒𝐏𝐄𝐑𝐀𝐃𝐎*

003. 𝙴𝚕𝚕𝚎𝚗 𝙼𝚒𝚕𝚕𝚎𝚛

⋇⊶⊰❣⊱⊷⋇ 🌔🌕🌖 ⋇⊶⊰❣⊱⊷⋇

Há momentos em que sentimos coisas inexplicáveis. Um deles é quando estamos dormindo, mas, ao mesmo tempo, temos a sensação de estar acordados. Isso é um pouco estranho, ou até mesmo louco. Conseguimos até ouvir as vozes das pessoas ou os barulhos ao nosso redor. Pode parecer loucura, eu sei, mas não consigo explicar como isso começa; só acontece.

Já fazia um tempo que eu estava no chão, sentindo meu corpo doer por causa das agressões e da posição. Não sei que horas eram, mas sei que já havia passado da uma da madrugada.

Eu ouvia os sons ao meu redor há algum tempo, e a cada momento eles ficavam mais altos e agudos do que o normal, fazendo meus ouvidos doerem. Os sons vinham de todos os lugares ao mesmo tempo. Eu me remexia em agonia, mas não conseguia acordar.

Os sons eram muitos. Eu ouvia as respirações das pessoas que moravam na casa, o som dos galhos das árvores batendo forte no teto do meu quarto, a fonte que ficava um pouco à frente da varanda do meu quarto. Sentia um vento gelado vindo de fora, passando por baixo da porta e fazendo meu corpo todo tremer. Isso fazia minha audição se aguçar ainda mais, acelerando meu coração. Eu ouvia rosnados, uivos e passos das feras pisando forte no solo molhado, fazendo meu corpo tremer de medo.

Tentei acordar e mexer meu corpo quando percebi que as feras estavam vindo em direção à casa. Elas vinham da floresta atrás da casa, que também ficava em frente ao meu quarto. Tentei acordar novamente, mas nenhuma das minhas tentativas funcionava, me deixando apavorada ao ouvir os passos das feras se aproximando cada vez mais.

Implorei a Deus, implorei aos meus irmãos para ouvirem os passos das feras, pois eles são alfas lúpus e poderiam vir socorrer a irmã caçula deles.

Mas nenhuma das minhas preces foi ouvida...

Cada passo que aquelas feras davam na floresta, em direção à mansão, fazia meu coração errar uma batida, e minha respiração se tornava cada vez mais desregulada. A cada minuto, eu ficava mais desesperada.

O vento estava começando a ficar mais forte, batendo na porta da varanda e fazendo um grande barulho, o que causava um tremor de medo em meu corpo, me deixando arrepiada dos pés à nuca. As portas da varanda tremeram com força e logo se abriram com tudo, fazendo o vento gelado tomar conta do meu corpo, deixando-o mais arrepiado do que o normal e fazendo-o tremer de frio.

O vento não só trouxe o frio da madrugada, mas também cheiros de diversas coisas, como o das rosas molhadas em frente à minha varanda, que eu planto quando estou entediada. No entanto, não consigo apreciar por muito tempo o cheiro das rosas, porque logo sinto um enjoo causado pelo odor de sangue que emanava das feras que estavam cada vez mais perto da mansão. Seus cheiros se misturavam com o do sangue, me deixando nervosa por não sentir repulsa por seus aromas, apenas pelo maldito cheiro de sangue.

Mas, a diferença entre o cheiro deles e o do sangue é que, com o deles, eu me sinto relaxada, nervosa, ansiosa e feliz, como se isso fosse a melhor coisa que poderia acontecer em toda a minha vida.

Já o cheiro de sangue que emana deles está tão forte que mal consigo respirar. Cada vez que inspiro, o cheiro me causa ânsia. Sinto meu corpo tremer de frio e medo.

Independentemente de não sentir enjoo com o cheiro deles, fico apavorada, pois estão vindo em minha direção. Eles podem ter cheiros bons, mas também podem ser perigosos, e a maldita porta está bem aberta, como se dissesse: "Venham me devorar e me fazer algum mal."

Logo, eles param em frente à minha varanda, como se esperassem por algo... Seus corações batem tão rápido que acho que vão infartar, e sinto até a adrenalina correndo rápido em suas veias. Escuto sons de ossos, como se estivessem sendo quebrados. "Como assim sons de ossos?" Penso.