Blood and Healing - ZARRY

Capítulo 16

                             ZAYN

Quando menos esperamos somos pegos de surpresa. As vezes coisas boas, às vezes coisas ruins, mas cabe a cada um de nós avaliar para saber o que está acontecendo e tirar o melhor proveito disso. Teve um dia em que fui pego de surpresa por uma chuva bem no dia que eu decidi ir de bicicleta passear pelas ruas de Londres, no dia da minha folga, e isso pode ser visto como algo ruim para outras pessoas. O fato de ter sido em um dia de inverno, deixou a chuva ainda mais gelada ao ponto de me sentir congelando, e cheguei em casa com as roupas coladas ao meu corpo, foi desagradavel. Mas me vi sorrindo enquanto sentia os pingos gelados da chuva tocar meu rosto, molhar meus cabelos escuros e obviamente, molhar minhas roupas.

Andar de bicicleta é libertador. Você esvazia sua mente e pode se conectar com seu interior, avaliar seus pensamentos e sentimentos. Aumentei o volume dos meus fones de ouvido, senti a mesma emoção que Katy Perry sentia ao cantar Firework. Sorri ao som daquela música e até mesmo balancei minha cabeça no mesmo ritmo. Era incrível como eu conseguia me conectar tão fácil com as emoções e sentimentos dos outros, sentir e deixar transbordar de mim.

Esse era um dos motivos que fazia eu me sentir mais sentimental que outras pessoas. Segundo meu melhor amigo, Niall, eu era um emocionado e iludido, que sonhava em encontrar o amor da minha vida. Não poderia discordar dele, porque era verdade, eu era sim, um emocionado iludido.

Sorri ao me lembrar da primeira vez que beijei um garoto, quando eu tinha treze anos e corri contar para Niall que eu tinha encontrado o amor da minha vida e íamos nos casar quando eu terminasse a faculdade. Niall, pacientemente, me falou que as coisas não eram bem assim e chorei por dois dias quando soube que Alex tinha pedido Abby em namoro e que me beijou só para ter certeza que gostava mesmo de meninas.

Quando contei para minha mãe, ela me abraçou e falou que eu não deveria chorar por quem não merecia minhas lágrimas e me falou que o garoto certo estaria em algum lugar me esperando. Não tive nenhuma crise quando me dei conta que gostava de meninos, e meus pais me aceitaram e sempre me apoiaram, assim como Niall.

Deveríamos aprender com nossos erros e nunca mais repeti-los, mas lá estava eu todo apaixonado no baile da escola, quando Thiago me convidou para ir com ele e no fim do baile eu acabei sozinho e sem nem ter ganhado nenhum beijo dele. Jurei para Niall e para mim mesmo, que nunca mais iria me apaixonar de novo, porque os garotos só me faziam sofrer e me mantive bem forte durante o nosso primeiro ano de faculdade. Mas já sabemos que nem isso eu consegui cumprir quando me vi diante do Harry. Acho que me apaixonei naquele minuto por ele e Niall teve que me ouvir falar dele por dias, e me senti muito burro por ter ficado tão encantado com ele que nem me lembrei de pegar seu número.

Eu tinha planos para meu futuro e neles não incluía um cacheado alto e forte de olhos verdes que, por sinal, é um lutador muito gostoso, mas agora eu via ele em todos meus planos, pelo resto da minha vida.

Cuidar das pessoas sempre foi minha paixão e tive certeza da profissão que queria ter quando ainda era um adolescente magrelo, não que eu tenha mudado muito porque ainda sou bem magrelo, e tivemos que fazer um trabalho sobre as profissões que salvam vida e me encantei pela medicina.

Mas nunca pensei em como era estar do outro lado da situação. Quando se é você o responsável por cuidar de tal vida, você tem a confiança e usa tudo o que aprendeu. Embora eu ainda não tenha me formado e não tenha sido efetivado no Hospital Central de Londres, já assisti a algumas cirurgias da galeria das salas de operações e já acompanhei os médicos indo até os familiares e lhes atualizado sobre seus entes queridos, mas estar deste lado do hospital, em uma sala de espera vendo a dor e ansiedade da espera nos rostos das pessoas, é horrível.