Capítulo 2

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Acordo com um sobressalto na minha cama, ao escutar o soco que Louis deu na minha porta para me acordar. Sequei a baba que escorria da minha boca e esfreguei meus olhos, procurando pelo meu celular perdido em meio às cobertas.

O outono de Londres muitas vezes era excruciante, uma preparação do que viria no inverno. Minha única vontade era de permanecer embaixo das minhas grossas cobertas.

Me arrastei até meu armário e vesti uma roupa quente e confortável para ir até o orfanato. Verifiquei meu celular, e já eram 9 horas, mandei uma mensagem para a tia Agnes, avisando que iria lhe visitar depois do almoço.

— Bom dia.

— Bom dia. Que cara de bunda é essa? — perguntei, enquanto me sentava na pequena mesa da cozinha.

— Não é nada... Na verdade tem sim uma coisa— Louis suspirou e depois de colocar duas xícaras na mesa, se sentou também.

— Pode me falar, se eu puder, te ajudo.

— Sabe o Gael? Eu achei que estava rolando uma coisa a mais, entre nós. Mas levei o maior balde de água fria — abaixou a cabeça, após tomar um gole de seu café.

Encarei meu café, tentando me lembrar quem era Gael. Tommo nunca me falou que estava afim de alguém, ainda mais um dos garotos de programa que sempre chamamos. Mas não tinha jeito, não me lembrava mesmo quem era Gael.

— Tommo, sinto muito. Quem era o Gael mesmo?

— Você precisa começar a perguntar o nome das pessoas, Styles, ou melhor, procurar um médico. Tenho certeza que você levou muitos socos na cabeça e isso afetou a parte que grava os nomes das pessoas — Falou e revirou seus olhos azuis exageradamente.

— Vai me falar quem é ou não?

— Gael, Harry, é o rapaz moreno que estou comendo a mais de um mês.

— Por isso você pedia sempre o mesmo? Se apaixonou pelo rapaz? Achei que o nome dele era Rick — dei de ombros com aquela informação sobre o nome do rapaz.

— Eu não me apaixonei, só pensei que tínhamos um "lance" especial.

— Claro! Você pensando em lance especial com ele, e ele com um lance especial no seu dinheiro — Falei debochado, porque só um idiota se apaixona por um garoto de programa. — Mas o que aconteceu?

— Não enche. O que aconteceu é que, eu chamei ele pra sair, ir em um restaurante, e ele me falou que nesses tipos de encontros demanda muitas horas do seu tempo e por isso o valor é mais alto.

Tomei um gole de café para evitar rir na cara do Louis, mas não consegui e cuspi café na mesa toda.

— Seu nojento babaca — esbravejou comigo e jogou na minha cara, o pano de louça que estava sobre o encosto da cadeira dele. — Pode limpar essa sujeira, antes de você sair.

— Desculpe, Tommo, mas você foi muito otário.

— Cala a boca.

(...)

Olhar o sorriso no rosto da tia Agnes, era um quentinho no meu coração. Saber que pelo menos uma pessoa se importou comigo, nessa minha vida esquecida pelo universo, era até que reconfortante.

— Meu querido, que saudade de você. O que houve com seu rosto? Vem, vamos entrar — Tia Agnes atropela as palavras, enquanto passava seus dedos com a pele mais enrugada devido a sua idade, em meu rosto.

Entramos no orfanato, e precisei respirar fundo e conter as lembranças, que na grande maioria não eram todas boas. Segui Tia Agnes até a cozinha, e durante o caminho ela foi me atualizando sobre as coisas e falando que faria um chá para me aquecer.

Blood and Healing - ZARRYOnde histórias criam vida. Descubra agora