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Akane kaito

Não estava entendendo o que acabou de acontecer na minha frente. O Naoto saiu correndo do nada, deixando eu e os meninos na mão. Isso me deixou muito chateada, mas uma boa notícia é que meu primo Kazotoura saiu da prisão hoje. Eu até fui visitar algumas vezes e ofereci minha casa, caso ele precise de um lugar para morar até se reajustar.

Essa situação me deixou sem ânimo, mas terminei de entregar as últimas coisas que faltavam e fui para casa chorando. Minha sorte é que eu ainda tinha alguns cigarros guardados em caso de emergência. Sei que não é certo e que faz mal para minha saúde, mas é a única coisa que suaviza meu vazio emocional. Vocês devem pensar que isso é frescura minha, mas entendam que ele é meu namorado e me deixar plantada assim sem dar explicação.

Me lembrou um professor de matemática que eu tinha,  Saito. Eu era mais nova na época, uns 16 anos mais ou menos, e ele me tratava com tanta gentileza. Eu era sedenta por afeto, não importa o qual seja. O abandono pesou muito sobre mim, então tivemos um caso. Mesmo sabendo que ele tinha uma esposa e filhos, como não o amar? Ele tinha cabelo ondulado preto, longo, mas vivia com ele amarrado com as partes da frente solta. Tinha um piercing, transversal e brinco nas orelhas. A barba era feita mensalmente, com uma tatuagem com os nomes dos filhos. Costumava vestir roupas pretas e calça mais social. Tinha uns 30 e poucos anos. Foi com ele que perdi minha virgindade e sempre me dizia que largaria a esposa para ficar comigo, mas nosso relacionamento sempre foi secreto. Um dia, tínhamos marcado de nos encontrar em um restaurante.

— porra já estou te esperando aqui, faz 30 minutos e nada,cadê você?

Sem resposta por mensagem, eu decido ligar mais quem me atende e a própria corna

— o professor saito está? — murmurou com tranquilidade, mesmo tremendo pelo corpo tudo

— estamos ocupados agora, meu filho mais novo sofreu um acidente e viemos o levar ao hospital, mais queria deixar alguma mensagem a ele? — disse a voz suavemente

— era só sobre um trabalho que estou devendo, mais outra hora eu ligoo

Desligo o celular e nem entro no restaurante, derrotada vou ao bar beber todas e volto novamente ao orfanato tentando não chamar atenção indesejada…

Como forma de termos um tempo para ficar antes das aulas começar, perto da escola tem uma floresta e sempre vamos a esse lugar para termos um momento íntimo e nesse dia acabamos em uma discussão…

— você tem noção que ela ficou me fazendo perguntas? O que tem na cabeça ? Eu não disse que quem tem que ligar sou eu? — ele passou as mãos pelo resto totalmente frustrado

— eu não tenho culpa se você me deixou totalmente platanda esperando que nem uma idiota no restaurante — falo chateada — eu nunca senti isso antes, eu entreguei minha… a você eu realmente te amo, por favor não me abandona e se fugirmos juntos hum? — abraço ele com uma possessividade fora do comum

— sinto muito Akane, mas isso não vai acontecer, você sabe… vamos continuar às escondidas como sempre, certo?, você é muito especial para mim — ele beija o topo da minha cabeça

— mais se eu sou tão especial porque sou um segredo? — afasto ele do abraço, e nos meus olhos só tem ódio e começo a me afastar

Até escuto ele me chamar, porém ignoro isso tudo era tão frustrante…

Tudo desmoronou quando ele decidiu acabar com tudo por mensagem. Nas aulas, ele me ignorava e eu mandava várias mensagens e até o ameaçava. Já cheguei a aparecer na casa dele como babá dos filhos dele. Naquela mesma hora que ele me viu, os olhos dele se arregalaram e ele ficou pálido como um lençol. Minha pressão estava tão alta que ele nem estava indo às aulas e, num dia comum, em que estávamos apenas no lugar onde costumávamos ir para momentos mais íntimos, só para relembrar os bons momentos, ele apareceu...

— amor — me aproximo dele com um sorriso, mas ele sai correndo…

Eu não sabia que aquilo ia acontecer, se eu soubesse... infelizmente no meio da perseguição um dos meninos da minha sala me parou, então dei a devida atenção a ele. As aulas já estavam prestes a começar e os alunos já estavam chegando. Até que, de repente, eu e o garoto percebemos um movimento estranho no estacionamento. Tinha muita gente parada lá e, com a curiosidade, decidimos nos aproximar. O que eu vi foi o meu primeiro amor morto e enforcado, a polícia considerou suicídio. Fui até o velório dele, tentei ao máximo ser descreta, até que a mulher dele me viu e gritou.

-ASSASSINA, POR CULPA DELA MEU MARIDO TA MORTO - disse entre as lágrimas

Minha reação foi sair correndo de lá, a polícia não podia fazer nada contra mim, pois no horário do crime eu estava com um dos alunos e já tinha sido dado como suicídio, porém não consegui não perceber os olhares de ódio que as pessoas da escola davam a mim, como se dissessem 'eu sei que a culpa é sua'. Eu iria levar a morte da culpa dele para sempre em meu peito, parece que tudo que tu toco ou amo, se destrói...

Depois desse incidente, prometi a mim mesma nunca mais me relacionar com alguém comprometido. Meus pensamentos são interrompidos pelo som da campainha tocando. 'Quem será?', pensei. Ao abrir a porta, vi meu primo parado ali com uma mala. Com tudo que aconteceu, esqueci completamente que meu primo Kazotoura foi libertado da prisão recentemente.

— não vai dá um abraço no seu primo? Preferido — diz ele com um sorriso, onde abraço ele com força e carinho

— que saudades primo — falo com um sorriso

— nem me fale, ficar 11 anos preso não foi fácil, mais me conta as novidades hum?

— vou contar tudo, mais que sem educação da minha parte, entre por favor — fico de lado permitindo que ele entre

Enquanto batíamos um papo muito necessário, arrumei o sofá para ele poder dormir. Era um sofá-cama e estava tudo bem. Arranjei também um cantinho para as roupas dele, ele era a única pessoa da minha família que eu tinha. Vocês devem estar me perguntando por que ele foi preso. Pelo que eu sei, há 11 anos, ele deu uma facada no seu melhor amigo por achar que ele estava o traindo. Era uma guerra de gangues, Tomando contra a Valhala. E para ele não se sentir culpado, o amigo dele, o Baji, deu-se outra facada, e ele decidiu levar a culpa, passando 11 anos na prisão. Mas o mais importante é que ele se arrependeu e está aqui de novo comigo. Nossa conversa me fez esquecer até do que o Naoto fez comigo mais cedo, ou de todas as vezes que ele vacilava comigo e vinha pedir desculpas. Pedi uma pizza para comermos enquanto assistíamos a uma série até cair no sono necessário.














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