Capítulo 4

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A luz da manhã filtrava-se pelas cortinas do quarto de Do Contra, acordando Cebolinha que ainda estava na cama improvisada. O som do despertador começou a tocar e o aroma de café fresco invadiu o quarto. Cebolinha espreguiçou-se e piscou para se acostumar com a claridade, olhando para Do Contra, que ainda estava na cama.

— Bom dia, Cebola — disse Do Contra, tentando se espreguiçar. — Dormiu bem?

— Até que sim — respondeu Cebolinha, levantando-se e esticando os braços. — E você?

— Melhor agora que estou acordado — disse Do Contra, indo para a cozinha. — Vou preparar o café da manhã. Fica à vontade.

Cebolinha foi ao banheiro para se arrumar. Enquanto escovava os dentes, pensava sobre a noite anterior. A experiência de passar a noite na casa de Do Contra parecia ter mudado um pouco a dinâmica entre eles, mas ainda estavam se ajustando.

Quando saiu do banheiro, encontrou Do Contra na cozinha, preparando um café da manhã simples.

— Não sabia que você sabia cozinhar — comentou Cebolinha, observando Do Contra fazer panquecas.

— Não sou um mestre, mas sei me virar — respondeu Do Contra, com um sorriso. — Senta aí, logo vai estar pronto.

Cebolinha se sentou à mesa, observando Do Contra com um misto de curiosidade e reserva. O ambiente estava confortável, mas ainda havia uma leve tensão enquanto ambos se ajustavam à nova situação.

— Então, sobre ontem... — começou Cebolinha, tentando puxar assunto.

— É, foi uma noite diferente — concordou Do Contra, virando uma panqueca.

— Não esperava que passar a noite aqui fosse tão... tranquilo — Cebolinha dizia com um tom suave enquanto olhava para a janela da cozinha, que iluminava bem o ambiente. — Pelo menos não tivemos nenhum problema com a maquete.

Nesse momento, Nimbus entrou na cozinha, ainda com cara de quem acabou de acordar.

— E aí, pessoal — disse Nimbus, bocejando. — Já tô morrendo de fome.

— Bom dia, Nimbus — respondeu Cebolinha. — O Do Contra está preparando panquecas.

— Ótimo! — Nimbus se sentou à mesa, animado com o café da manhã. — DC, faz aquela de chocolate.

Do Contra respondeu acenando com a cabeça em sinal de sim.

— Como assim, panqueca de chocolate? — perguntou Cebolinha, curioso.

— Sim, o DC faz umas muito boas — sorriu Nimbus. — Já experimentou, Cebola?

— Não, mas deve ser bom — respondeu Cebolinha, olhando para Do Contra, que já colocava as panquecas no prato. — DC, você gosta disso?

— Mais ou menos, eu não curto muito doce — disse Do Contra, colocando o prato na frente de Nimbus e Cebolinha. — Quando eu faço, é mais para o Nimbus. Esse aí é formiga.

— Valeu, DC! — agradeceu Nimbus, já devorando a comida.

《《  《》  》》

Depois de um café da manhã descontraído, Cebolinha e Do Contra se prepararam para sair e continuar o trabalho na maquete. Enquanto caminhavam para a escola, a conversa entre eles era mais prática, focando nos detalhes da apresentação.

— Então, o que devemos focar hoje? — perguntou Cebolinha, olhando para o projeto da maquete.

— Precisamos terminar a parte final e revisar alguns detalhes para a apresentação — explicou Do Contra. — Se conseguirmos, adiantar algumas coisas seria bom.

— Verdade — disse Cebolinha. — Vamos trabalhar nisso.

Enquanto caminhavam, havia uma nova sensação no ar. Eles estavam começando a se adaptar à nova dinâmica, tentando entender melhor como se apoiar um ao outro enquanto ainda se ajustavam.

《《  《》  》》

Na sala, Cebolinha estava fazendo sua lição enquanto escutava música com seus fones. Era uma sensação maravilhosa ouvir música na sala de aula. Ele sentia o vento fresco da tarde batendo em seu rosto, já que sentava ao lado da janela. Esse ar fresco era uma bênção todas as semanas.

Em seus fones, tocava "Dancin", uma música que ele amava, que sempre dava uma energia boa e melhorava o dia, não importa como estivesse. Porém, essa maravilha foi interrompida quando a música parou de repente e ele percebeu que seus fones haviam descarregado.

— Droga... e eu nem trouxe o fone com fio — pensou Cebolinha, frustrado, enquanto tirava os fones.

Voltou a fazer sua lição, agora com um pouco de preguiça. O professor, que estava sentado em sua mesa, levantou-se e foi até o centro da sala.

— Pessoal, prestem atenção aqui, por favor.

Todo mundo deixou o que estava fazendo e olhou para o professor.

— Eu queria saber como está indo o trabalho de vocês. Já começaram? Já terminaram?

A sala ficou em silêncio. A maioria ali nem tinha começado. O professor esperou por algum tempo, mas ninguém se pronunciou.

— E aí, pessoal? — perguntou de novo, sem obter resposta. — Ninguém?

Dando um suspiro, ele pegou seu bloco de notas com os nomes das duplas.

O resto da aula foi o professor perguntando a cada dupla como estava o trabalho. Muitos disseram que estavam "se organizando", enquanto outros mentiram descaradamente, dizendo que já estavam quase terminando. Esses últimos eram Titi e Jeremias, e Cascão e Carminha. Nada surpreendente.

《《  《》  》》

Na última aula, que era de educação física, o pessoal estava jogando queimada. Cebolinha e Do Contra estavam no mesmo time. O jogo rolava, e os jogadores iam sendo queimados aos poucos.

Do Contra já estava exausto. Ele tinha perdido a conta de quantas vezes jogou a bola. Titi, que estava no time adversário, estava levando seu time nas costas, tornando cada vez mais difícil queimar alguém.

— Ele não vai durar muito tempo — disse Cebolinha, tomando fôlego. — Uma hora, vai se cansar de carregar o time sozinho.

Enquanto Cebolinha falava, Titi aproveitou o momento de distração. Com toda a força que tinha, lançou a bola diretamente no rosto de Cebolinha. O impacto foi tão forte que ele quase caiu para trás, ficando desorientado.

A turma ficou chocada. Alguns jogadores se aproximaram para ver se Cebolinha estava bem, enquanto Do Contra, que estava indo beber água, voltou apressado ao ver o que tinha acontecido. Ele segurou Cebolinha pelas costas, percebendo que o nariz dele estava sangrando muito.

— Poxa, Cebola, foi mal! — disse Jeremias, um dos garotos que se aproximaram, rindo nervosamente. — Mas que bolada!

— Gente, calma aí — disse Denise, também rindo. — Foi engraçado, mas...

— Engraçado? — Do Contra interrompeu, irritado. — Tá todo mundo vendo que ele tá sangrando, né?

Os risos pararam rapidamente, e os garotos que riram ficaram sem graça.

— Desculpa aí, Cebola — disseram, sem jeito.

Titi chegou, claramente arrependido.

— Cara, foi mal mesmo! Me empolguei demais e exagerei na força.

Cebolinha não conseguia responder, ainda desorientado. Cascão então apareceu e colocou a mão no ombro dele.

— Deixa que eu levo ele pra enfermaria — disse Cascão para Do Contra.

Do Contra assentiu, observando com uma expressão estranha enquanto Cascão ajudava Cebolinha a sair. Uma sensação incômoda crescia dentro dele, uma pontada de ciúmes que ele não sabia identificar direito.

Mais tarde, na última aula, Cebolinha entrou na sala, mais recuperado. Ele explicou o que tinha acontecido, e o professor o deixou sentar em seu lugar.

— Tá melhor agora? — perguntou Do Contra.

— Tô sim, nada demais. Não precisa se preocupar — disse Cebolinha, com um sorriso leve.

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