Capítulo 11

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Na sala de aula, o pessoal estava agitado, afinal, era aula vaga. Se alguém observasse cada canto, encontraria um aluno mexendo no celular, desenhando, pulando nas mesas, rabiscando a lousa ou conversando animadamente com os amigos.

Cebolinha estava na lousa, tentando fazer um desenho cartoon, mas estava ficando meio… estranho.

— Ah... Eu não levo jeito pra isso — suspirou, frustrado, falando sozinho.

Mônica, que passava por ali, não perdeu a chance:

— Tá desenhando o quê, Cê?

— Tô tentando recriar um desenho que fiz no meu caderno — respondeu ele, sem tirar os olhos do rabisco.

Mônica olhou o desenho torto e fez uma careta.

— Isso era pra ser o quê? Além de torto, é feio.

— Nossa, precisa humilhar não. Mais no meu caderno ficou ótimo, sério

— Cadê? — perguntou Mônica, interessada.

Cebolinha deu uma olhada ao redor.

— Peraí. — Ele se afastou da lousa e foi até sua mesa. Revirou seus materiais, mas nada do caderno. Depois de pensar por alguns segundos, lembrou: tinha emprestado pro Franjinha. Ele olhou em volta da sala até encontrar o garoto, mas, para o seu "azar", Do Contra estava ali, conversando com ele.

Respirou fundo. A última coisa que queria era interromper a conversa e acabar fazendo contato visual com Do Contra. "Vai ter que ser", pensou, e foi até lá.

— Mano, você tá com meu caderno? — perguntou, tentando focar só no Franjinha.

— Tô sim, aqui — disse Franjinha, entregando o caderno com um sorriso. — Valeu, Cebola.

Cebolinha pegou o caderno, mas não resistiu: olhou de canto de olho para Do Contra. Para sua surpresa, ele estava virado, olhando para o lado. Um aperto veio no peito, mas ele ignorou e voltou até Mônica, que o esperava com os braços cruzados.

《《  《》  》》

Na saída da escola, Do Contra estava de frente para o portão, esperando Nimbus. Os dois iam para casa juntos, pois precisavam ajudar a mãe com algo importante. Enquanto aguardava, olhava para os lados, vendo os colegas indo embora. Foi então que avistou Cebolinha indo embora com Cascão.

— Será...? — pensou.

Mesmo depois de tanto tempo, Do Contra ainda se perguntava: "Será que o motivo do afastamento foi o beijo?". Desde o dia em que se distanciaram, essa era a dúvida que o atormentava. A única explicação que fazia sentido era essa. Ele se culpava, acreditando que talvez tivesse deixado Cebolinha desconfortável.

— Ele tem razão pra não falar mais comigo...

Do Contra continuou observando os dois, até que a voz de Nimbus surge ali.

— Vamos?

Do Contra estava tão focado que nem percebeu o irmão chegando.

— DC? — Nimbus chamou novamente.

— Foi mal, eu tava distraído — disse, desviando o olhar de Cebolinha para o irmão.

— Caramba, hein? Você demora. Tava fazendo o quê lá dentro?

— Esqueci uma coisa na sala, voltei pra buscar.

— Tá legal, vamos logo. A mãe tá esperando.

《《   《》  》》

Já em casa, à noite, Do Contra saiu do banho, com a toalha jogada em volta do pescoço. Ele se sentou na cama e começou a secar o cabelo. Quando foi pegar o celular na bancada, notou uma mancha na mão: a queimadura que tinha feito com cola quente a uns tempo a trás.

— Caralho, fui um idiota mesmo — murmurou, se xingando por não ter sido mais cuidadoso.

Por um breve momento, ele lembrou de quem cuidou da queimadura. Foi gentil, calmo, e lidou com tudo com tanto cuidado. Sem pensar duas vezes, Do Contra pegou o celular e mandou uma mensagem:

[Oi Cebola, pode falar agora ou tá ocupado?]

Ele esperou, mas a mensagem não chegou.

—Deve estar sem internet ou com o celular descarregado —pensou.

— Se ele não responder, falo com ele amanhã na escola.

Do Contra queria, mais do que nunca, entender o motivo do afastamento. Se fosse o que ele suspeitava, não se perdoaria por ter feito Cebolinha se sentir mal por causa de um desafio bobo.

— Porra, por que eu fui aceitar brincar com aqueles desocupados...

A única coisa certa era: ele ia ter que falar com Cebolinha, de uma vez por todas.

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