that day when you and me

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O homem fardado me leva para a sala de espera da delegacia.

Sou instruído a me sentar em uma das cadeiras, com mais outros dois foras da lei aqui e aguardar que o policial me chame para o interrogatório.

Bufei, puto por ter sido pego pichando um muro com uns amigos. Mas diferente de mim eles conseguiram se safar a tempo.

Essas coisas sempre acontecem comigo.

O policial chama o rapaz branquelo de cabeça raspada com cara de bravo sentado ao meu lado e ele segue para a sala de interrogatório. Balanço minha perna, inquieto.

— Ei, você é o Minho, não é? — uma voz grave e melodiosa chega aos meus ouvidos. Reconheci o rosto familiar de um dos alunos da Expand High School e inesperadamente o garoto loiro toma o assento ao meu lado. Não lhe respondi. — A gente estuda na mesma escola.

Não me diga...

Continuei em silêncio, fitando um ponto fixo distante.

— O que fez para estar aqui? — Jisung perguntou, olhando-me com os olhos cor avelã curiosos. Novamente o ignorei, irritado e aflito demais para fazer amizade nesse momento — Eu tô aqui porque furtei uma arminha de brinquedo — riu analasado.

Ok, aquilo me arrancou um sorriso genuíno do rosto.

Uma arminha de brinquedo? Não tinha coisa melhor para ele ter sido prejudicado furtando não?

— É patético, eu sei — revirou os olhos e ao finalmente olhá-lo notei o pequeno desenho de coração vazado feito com algum cosmético de tinta de preta acima de sua bochecha. Ele sempre usava roupas claras, lenços de pescoço e luvas diferentes. É um estilo que eu acharia ridículo em qualquer menino, mas nele combina bastante. — Se eu soubesse que seria pego tão facilmente teria roubado mais coisas, tipo doces, carrinhos, mais arminhas, jogos de tabuleiro ou uma máscara para não me identificarem.

Ele é tagarela e eu teria me irritado se seu falatório não estivesse acalmando os meus nervos de certo modo. Por um instante esqueci que estava em uma delegacia e que quando sair daqui estarei bem encrencado.

— O lance da máscara é uma boa ideia — parei de bancar o rebelde calado, decidindo falar. — Vou me lembrar disso da próxima vez.

— De vez em quando tenho ideias mirabolantes — ele abriu um sorriso que me fez esquadrinhar seu rosto por uma estranha duração de tempo tanto para ele quanto para mim.

Ele tinha um sorriso lindo.

Mais do que isso, seu sorriso é como uma obra de arte que escapou dos museus mais famosos. Nunca vi nada tão belo quanto impactante.

Nunca o olhei nessa proximidade, é como se eu estivesse vendo ele pela primeira vez. Sequer nos falamos alguma vez na vida e normalmente um nem olhava na cara do outro, fosse na sala de aula ou quando passávamos perto no corredor da escola.

— Pensei que você fosse do tipo certinho — dei voz aos meus pensamentos. O loirinho me encarou e eu acabei não sustentando o contato visual.

Algo nele me deixava em sinal de alerta, com a eficiência de uma ameaça desconhecida, cuja eu deveria manter distância antes que me atinja, paradoxalmente demandando o oposto nisso, simultaneamente irradiando um magnetismo potente que atrai as pessoas feito um ímã para suas armadilhas.

Naquele dia conheci o efeito que ele tem.

— Por que? — levantou as sobrancelhas bem desenhadas.

— Sei lá... — disfarcei meu olhar minucioso sobre ele. — Você parece ser perfeitinho demais pra esse tipo de coisa.

O policial veio, anunciando a vez de Jisung na sala de interrogatório.
Agora o medo de como meus pais reagiriam retomou nas minhas entranhas. Em breve seria a minha vez.

Querido Han (minsung) Onde histórias criam vida. Descubra agora