Jisung e eu terminavámos de guardar as últimas peças de Monopoly na caixa.
Já estava perto das nove e o senhor Han ainda não havia chegado. Jisung havia me emprestado um de seus pijamas que serviu em mim, uma calça e uma camisa quadriculadas.
Ele usava um parecido com o meu e estava extremamente fofo.
— Quem é ruim agora? — zombou rancoroso, levando a caixa para o baú enorme cheio de brinquedos.
Não me lembro a última vez que choveu tanto assim em Omaha. Aparentemente o frio congelante e os trovões estrondosos lá fora fizeram a minha mãe finalmente entender que voltar para a casa num temporal desses estava fora de cogitação.
— Jogos de tubeleiro definitivamente não são pra mim — determinei, aceitando ter perdido para ele em todas as vezes que recomeçavámos o jogo.
— Você ainda é bom com os eletrônicos — Jisung sorria tanto quanto eu, resquícios das inúmeras crises de riso que tivemos durante esse tempo ainda preenchiam o estoque da nossa baterial social, energéticos demais para ainda dormir.
Um clarão eminente iluminou o céu segundos antes de todas as luzes se apagarem completamente e a escuridão alastrar a cidade.
Tenho certeza que ninguém odeia mais a falta de energia elétrica do que eu.
— Tava demorando — Jisung resmungou. Não consegui vê-lo.
— Vou ligar a lanterna do meu celular — pego o aparelho onde deixei na cama e ativo a luz da lanterna. Vejo Han pegando seu celular para o uso da lanterna também.
— Vai ser melhor se acendermos as velas — sugeriu, se guiando do quarto afora. — A bateria do meu celular tá quase acabando.
— O meu tá em sessenta porcento, mas para chegar em trinta e depois quinze é um pulo — verifiquei.
Fui com ele para a cozinha e procuramos as velas. Jisung pegou um fósforo da caixinha que eu encontrei enquanto o ajudava a achar as velas nas gavetas do armário e o impedi de acender, tomando o palito de fósforo da sua mão para fazer isso.
Agora ele tinha uma vela para ele e eu tinha uma para mim. Voltamos para o quarto, falando sobre qualquer coisa feito dois tagarelas que nunca ficavam sem assunto e isso quando não aprontavámos algo pateticamente aleatório e então conseguíamos ser pior que crianças bagunceiras.
— Ele não vai voltar para a casa hoje — Jisung disse, de frente para mim enquanto de lado para a janela. Sua vela estava sobre a escrivaninha ilumindando um canto do quarto e a minha estava em uma estante de livros praticamente vazia iluminando o outro canto. — Ele está com a nova namorada.
Meu olhos ficaram presos em seu rosto, admirando como a chama das velas no ambiente o deixou surreal. Os olhos de Jisung são mágicos.
Ele é o garoto mais lindo que eu já vi.
— Como tem certeza disso?
— Ouvi ele falando pelo telefone mais cedo. Foi tenebroso, ele parece estar realmente apaixonado.
— Isso é ótimo — o faço ver pelo lado bem. — O amor faz bem para as pessoas.
— Depende do tipo de amor... — ele tira os olhos da janela e o modo como me encara me deixa imersivo em seus olhos. — Alguns mais te destroem do que fazem bem.
— Você já se apaixonou? — perguntei curioso como nunca.
Han fez que sim, dando a entender que foi uma experiência ruim ao julgar por sua expressão.
— Uma vez e você?
— Acho que já... nem sei se dá para considerar que foi amor — torci o nariz, me lembrando de todas as minhas possíveis paixões não recíprocas e outras eu acabava confundido com o que era apenas atração. As garotas que eu gostava sempre se aproximavam de mim para ter uma chance com o Engini, no final das contas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Querido Han (minsung)
FanficHan Jisung vivia uma vida limitada. Ele temia o tempo e recorria ao imediatismo para fugir dos dias monótonos. Sem dar tempo as pessoas se apegarem a ele e principalmente sem permitir se apaixonar, mas isso muda quando ele conhece Minho. O que começ...