friends

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Acordei de madrugada com meu celular tocando. Cocei os olhos, preguiçosamente e busquei pelo aparelho na mesa de cabeceira.
Respirei fundo, irritado por ter perdido o sono. Xinguei quem quer que seja me ligando a essa hora e atendi sem nem olhar o nome do contato.

— Alô?

Escutei o soluço de uma mulher chorando percorrer a linha.

— Quem é?

Ele... — ecoou a voz embargada. — Ele não tá abrindo os olhos, Minho. O monitor cardíaco mostrou que o coração dele parou de bater — seu choro se tornou desesperado.

Minhas pálpebras fecharam por um momento, segurando o celular com a mão tremendo, absorvendo conforme cada pontada em meu peito feria.

Não. Não. Não. Não. Não. Não.

Paralisei, sem respirar, e todo o sono se dissipou.

Entrei completamente em pânico, sentindo meu coração esmagar minhas costelas e sendo preenchido com um sentimento terrível.

Não pode ser. Meu Jisung não, ele não. Por favor, tudo menos isso.

Em poucos minutos estive saindo de casa com tudo o que preciso enquanto visto minha jaqueta com pressa e disparo em minha moto para o hospital.

Doía para respirar, doía para processar que isso estava acontecendo, doía existir agora. Absolutamente tudo machucava.

Corri pelo hospital desesperado, odiando como meus olhos ardiam.
Ignorei o alerta dos médicos e a discussão aos prantos entre o pai e a mãe de Jisung na entrada, indo até ele e me debruçado sobre seu corpo. Ver ele naquela cama de hospital me deixava sem chão.

O monitor não indicava nenhuma linha ondulada de batimento cardíaco que seu coração reproduzisse, aquela linha de vida simplesmente estava reta, e por fim, inexistente. Jisung segue deitado, com o acesso e  desacordado. Eu seguro sua mão, torcendo para que ele abrisse seus olhos lindos.

Por favor, acorde loirinho. Viva por mim.

Sua pele amarela clara estava pálida, ficando cada vez mais cinzenta. A palma de sua mão contra a minha era fria.

— Não me deixe — meus lábios tremeram, inconformado. — Fala comigo, amor — ouço minha voz embargada.

Ele não responde.

Ele não abre os olhos.

Ele nem ao menos se mexe.

— Você não morreu, você não morreu, você não morreu — me recuso a aceitar, chorando em silêncio.

Os médicos me afastaram dele para carregarem o corpo sem vida e eu tentei impedir inutilmente.

Por que estão levando ele? Ele não morreu. Eles se enganaram.

Não.

Não.

Não.

Não.

Não.

Despertei um pouco assustado, apertando a coberta com força em meus dedos e ofegante. Abracei minhas próprias pernas e afundei a cabeça entre os joelhos, repassando o pesadelo por minha minha mente.
Repeti para mim mesmo que era apenas isso, um pesadelo. Não foi real.

Esfreguei as mãos pelo rosto, perdido em meu próprio quarto. Cada parte de mim clama por ele, com Jisung é onde eu me acho e tudo tem um propósito. Tudo só faz sentido quando estou com ele.

Eu precisava ouvir sua voz e saber que ele ainda existia. Foi por isso que peguei meu celular e levantei da cama.

Caminhei para a janela do quarto enquanto discava seu número. Abri as persianas e me sentei no batente da janela. Meu olhar pairou na rua solitária, contando os segundos para ele atender.

Querido Han (minsung) Onde histórias criam vida. Descubra agora