the collision of the century

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             P   R   E   S   E   N   T   E

— Eu tive que me apaixonar por ele para ele me contar sobre o câncer — falei para Mikaela, minha terapeuta.

Ela faz uma anotação em seu caderno.

 Se me permite dizer... — Mikaela finalmente diz alguma coisa depois de tanto me ouvir. — Nenhum de vocês tem culpa de nada. Não tem porque definir qual lado está errado, os dois tinham suas próprias questões para agirem de tal forma — foi a análise que ela fez de tudo o que contei. — Você tinha as suas inseguranças e Jisung estava assustado por saber que iria morrer e o fato de ele se sentir culpado com a ideia de deixar as pessoas tristes com a sua morte era o que fazia ele se afastar delas, achando que isso amenizaria a dor do luto. É um peso que ele não suportaria carregar na vida das pessoas.

 Você não entende — levantei para tomar um copo de água. — O Jisung é de longe o certo dessa história e ele ter morrido não apaga o que ele me fez.

Um nó se aloja na minha garganta e eu sei que começaria tudo de novo. A crise, o choro, as lembranças, a dor...

 Não consigo imaginar o que ele pode ter feito de tão ruim pra você — Mikaela diz, compassiva. — A maneira como falou dele até agora me passou a impressão de que Jisung é uma pessoa doce e amorosa.

Sim, ele era.

Esfreguei as mãos no rosto, assombrado pela sua ausência. Perturbado com a sua inexistência.

 É porque não cheguei nessa parte ainda — relembrei dolorosamente, sentindo meus olhos arderem.

A terapeuta me observa atentamente.

— Então possiga — ela pede.

Me sinto voltando no tempo quando retorno a contar o restante da história para ela. 

                             🧤🔫

Só o Changbin e Bangchan puderam vir e advinha? Engini veio junto. Não sei por qual porra de motivo essa cara tá aqui.

Sei que eles estavam atoa em casa porque Changbin disse que estavam entediados, mas era ele que eu havia chamado e não o Engini. Talvez eu não tivesse sido específico o suficiente.

Não é possível.

É uma merda sentir que não posso contar com ninguém. Nem com os meus próprios amigos.

— O que você queria falar com a gente? — Chan pôde virar um shot de vodka graças a burrice do barman que acreditou que realmente tivéssemos vinte anos ou que fingiu que acreditou para ganhar o dinheiro sem se importar com um bando de adolescentes enchendo a cara.

— Nada — resmunguei, sem ânimo. — Foi uma desculpa pra chamar vocês pra virem beber comigo.

Estávamos sentados à mesa ao fundo do pub, que eu só chamava de bar porque isso aqui era só para encher a cara então dá na mesma merda.

— Porra, até que enfim! — Engini bateu seu punho contra a mesa de madeira envelhecida. — Me diz que voltou a ser o Minho divertido de antigamente? Você era mais legal quando comia umas bocetas, ia pra rachas, se metia em confusão e era todo revoltado com a vida — afundou a mão em meu ombro, rindo idiotamente.

Já fui assim pelo mesmo motivo de me odiar ainda hoje. A diferença é que eu não projetava mais o meu auto-ódio sendo ruim com as pessoas e fazendo as mesmas coisas que o Engini para tentar ser pelo menos um pouco parecido com ele.

Querido Han (minsung) Onde histórias criam vida. Descubra agora