Capítulo| 07: Noite difícil

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Morgana Hallow

Acordei com a respiração pesada, meu corpo ainda preso no calor do sonho inquieto que tive. Por um segundo, eu não sabia onde estava, mas então a realidade me atingiu como um soco. Ghost estava ali, seu corpo grande e quente pressionado contra o meu. Senti seu braço pesado ao redor da minha cintura, me mantendo firmemente no lugar, como se ele soubesse que eu poderia tentar escapar. Mas o que realmente me fez congelar foi a sensação de algo duro, rígido, contra a minha bunda. Minha respiração acelerou, e o calor subiu para as minhas bochechas antes que eu pudesse controlar. Não, isso não podia estar acontecendo. Mas estava. Ele estava excitado, mesmo enquanto dormia. Meu coração começou a bater tão forte que eu achei que ele poderia ouvir. A imagem da noite anterior voltou à minha mente de forma avassaladora. Suas palavras, seu toque, o controle absoluto que ele tinha sobre mim. Não, não era hora para isso. Eu precisava me manter focada, precisava sair dali.

A respiração de Ghost era tranquila, quase relaxada, como se ele estivesse completamente em paz. Ele parecia tão vulnerável naquele momento, o contrário da presença opressora que tinha sido enquanto estava acordado. Aproveitei isso. Lentamente, comecei a me mover, tentando deslizar para fora do aperto dele sem o acordar. Cada centímetro que eu me afastava era uma pequena vitória, mas o meu corpo estava tenso, cada músculo preparado para reagir se ele acordasse. A cada mexida que ele fazia, eu congelava. Seu corpo se movia levemente na cama, um suspiro baixo escapava de seus lábios, mas ele não despertava. Continuei, deslizando o corpo devagar, até que finalmente consegui me desvencilhar do braço pesado dele.

Com o coração martelando no peito, me virei para encará-lo. Mesmo adormecido, ele parecia perigoso. Seus traços fortes e a mandíbula marcada, relaxada pelo sono, eram quase... Sedutores. Seus lábios eram bem contornados, a sobrancelha clara, cheia, e os círios da mesma cor, eram tão lindos de fitar. Me odiava por pensar nisso. Balancei a cabeça, afastando esses pensamentos. Me aproximei devagar, ajoelhando-me ao lado da cama. Minhas mãos trêmulas começaram a procurar nos bolsos da calça dele, tateando com cuidado, tentando não fazer nenhum movimento brusco. A cada toque, a tensão crescia. Sentia o calor do corpo dele tão próximo ao meu, e, sem querer, esbarrei em seu volume.

"Foco, Morgana, foco!" Pensei, mordendo o lábio com força.

Minhas mãos encontraram algo duro no bolso dele. Segurei a respiração enquanto puxava o objeto para fora lentamente. Era a chave. Meu coração deu um salto de alívio, mas o som suave de um gemido escapou dos lábios de Ghost quando ele se mexeu novamente na cama. Eu congelei, o corpo inteiro paralisado enquanto ele se ajustava, seu braço movendo-se levemente para o lado onde eu estava. Meu coração quase parou quando ele soltou um suspiro longo, mas não abriu os olhos. Ele continuava dormindo.

Segurando a chave firmemente na mão, comecei a me levantar, o mais silenciosamente possível. Estava tão perto de escapar. Corri na ponta dos pés pelo carpete macio, sentindo a textura entre os dedos dos pés. Quando alcancei a porta, lancei um olhar rápido para trás, Ghost não se moveu um centímetro, e parecia dormir profundamente. Era o que eu esperava...

Minhas mãos suavam enquanto eu girava a chave no trinco. O silêncio ao redor me dava uma falsa sensação de alívio, como se eu pudesse escapar sem que ele percebesse. Quando a porta finalmente se abriu, uma brisa fria atingiu meu rosto. O alívio fora imediato. Estava pronta para dar o primeiro passo para fora, para sentir o gosto da liberdade novamente. Pegaria o meu carro e logo iria à polícia, entregar esse maldito bastardo que pensa que irá fazer tudo isso e sair impune. Mas antes que eu pudesse reagir, a porta foi empurrada com força, quase me derrubando. Uma mão firme, tatuada até os dedos, segurava a porta aberta ao meu lado. Veias saltando pela extensao do braço. Meu coração afundou, a esperança se dissipando como fumaça. Fechei os olhos, sentindo a minha testa bater levemente contra a madeira da porta enquanto eu soltava um suspiro frustrado. Como eu tinha sido tão ingênua?

- Boa tentativa, querida. - A voz dele era baixa, carregada de ironia, mas também uma pitada de diversão que me fez querer gritar.

Senti a presença dele ao meu lado, tão próxima que era impossível ignorar. Ele empurrou os fios do meu cabelo para o lado, deixando um beijo lento na minha nuca, que se arrepirou em seguida. Ghost girou a chave novamente, trancando a porta com um clique frio e final. O som parecia ecoar pelo quarto, um lembrete cruel de que eu estava de volta à estaca zero. Mas ele não parou por aí. Eu o vi enfiar a chave dentro de sua calça, enterrando-a na cueca, me forçando a ver o movimento dos dedos. Minha raiva explodiu.

- Você é desprezível! - Soltei, sentindo o calor subir pelo meu rosto. - Desgraçado! Maldito! - Eu o amaldiçoei em voz baixa, cada palavra cheia de ódio e frustração. Eu o xinguei de todas as formas possíveis, desejando que ele nunca tivesse nascido. Eu o amaldiçoei até a sua descendência, se é que alguém como ele teria filhos.

Ghost apenas sorriu, como se minhas palavras fossem insignificantes, como se ele estivesse se divertindo com meu ódio. Em um movimento rápido, ele se abaixou e agarrou minhas coxas, me erguendo do chão com facilidade. Gritei de surpresa, mas ele me jogou por cima do ombro como se eu não pesasse nada. Eu senti o calor do corpo dele contra o meu, a firmeza de seu aperto, e me contorci em uma tentativa inútil de me soltar.

- Eu sei... - Foi tudo o que ele disse, sua voz carregada de uma calma irritante. Não havia esforço em suas palavras, nem nas suas ações. Ele se movia com a confiança de alguém que tinha todo o controle da situação, caminhando pelas sombras do quarto como se fosse o dono de tudo, de mim.

Eu desisti de lutar. Meu corpo se soltou, aceitando a derrota, sentindo cada passo dele como uma sentença. A raiva ainda fervilhava dentro de mim, mas o cansaço era maior.

- Eu espero que a polícia o encontre. - Resmunguei, minha voz agora fraca, resignada. Estava exausta, tanto física quanto emocionalmente. Sabia que lutar contra ele era inútil naquele momento. Apenas fechei os olhos e deixei meu corpo ser levado, o som de seus passos abafados no chão ecoando pelo quarto, misturado ao som distante da noite lá fora. A chuva havia parado, e apenas os ruídos noturnos enchiam o ar. O silêncio era quase opressor, como se o mundo lá fora estivesse em paz, enquanto o caos reinava dentro daquela casa.

Ghost me jogou na cama sem qualquer esforço, como se eu fosse uma boneca de pano. Meu corpo afundou no colchão, mas meus olhos se fixaram nele, ainda cheios de raiva e desprezo. Eu o odiava, odiava tudo o que ele representava, mas havia algo nele, algo que mexia com a minha mente, algo que eu não queria admitir. Ele se aproximou, o sorriso malicioso nunca deixando seu rosto. Seus olhos ainda estavam vermelhos, como se tivesse acabado de acordar, os cabelos bagunçados e olheiras quase imperceptíveis embaixo dos olhos. Ghost se inclina, puxando a blusa para cima, seu corpo formado em músculos que me davam água na boca. A pele dele era quente e ligeiramente áspera ao toque, e eu podia sentir o cheiro dele, uma mistura de algo exótico e envolvente que me fazia querer mais. Eu fiquei paralisada, o coração batendo forte no peito.

- O que está fazendo? - Indaguei, surpresa com o seu gesto.

- Está calor aqui dentro.

Engoli seco, o vendo passando por mim enquanto joga a blusa em meu rosto.

- Babaca. - Murmuro, ainda quente. Removo o pano do meu rosto e o arremesso longe.

Ghost se deita na cama e logo se cobre, abrindo um espaço.

- Vem.

Apenas suspiro, me arrastando pelo colchão até estar novamente em seus braços.

- Você não vai me deixar escapar, não é? - Indago, baixinho.

Ele murmura um "Não". Mordo a bochecha.

- Por que eu?

Ghost não me responde, voltando a segurar em minha cintura e me apertando contra o seu corpo. Eu odiei aquilo, justamente porque eu me sentia bem daquela forma. Deitei em cima da minha mão e fiquei encarando algum ponto distante através da janela, até voltei a dormir novamente.

Dark Redemption [Simon Riley]Onde histórias criam vida. Descubra agora