Eu Amo Você

Capítulo 2

Na manhã seguinte, o sino da escola ecoou pelos corredores, mas, desta vez, soou diferente para Louise. As palavras de Dante ainda reverberavam em sua mente, como um eco distante que ela não conseguia ignorar. Ele sabia sobre o câncer. A simples ideia de que seu segredo mais profundo e pessoal havia se espalhado a fazia estremecer, mas a sinceridade no tom de Dante havia mexido com ela de uma forma inesperada.

Louise entrou na sala de aula, mas em vez de seguir direto para seu lugar habitual na última fileira, ela hesitou por um momento, observando Dante de longe. Ele estava, como sempre, cercado por seus amigos, mas seu comportamento parecia diferente. Ele não ria alto, não era o centro das atenções, e, por um breve momento, os olhos dele cruzaram com os de Louise. Ela desviou o olhar, confusa.

Durante a aula de história, ela lutou para se concentrar. A cada vez que o professor falava, sua mente vagava de volta para Dante e o que ele havia dito. Era como se as peças de um quebra-cabeça estivessem espalhadas à sua frente, mas ela ainda não soubesse como montá-las.

O intervalo chegou mais rápido do que o esperado. Louise foi ao seu habitual canto no pátio, o refúgio que sempre a ajudava a escapar do tumulto da escola. Porém, hoje, a sensação de tranquilidade que ela buscava não estava lá. Ela tirou a câmera da mochila e começou a fotografar, mas seus pensamentos continuavam voltando para o momento com Dante.

De repente, uma voz familiar interrompeu seus pensamentos.

— Você sempre tira fotos por aqui?

Louise olhou para cima e, mais uma vez, viu Dante. Havia algo diferente nele, uma suavidade em seu olhar que a desconcertava.

— Às vezes — ela respondeu, tentando esconder sua surpresa com a presença dele. — Por quê?

Ele se sentou a uma distância segura, como se não quisesse invadir o espaço dela, mas também não quisesse ir embora.

— Não sei — ele começou, olhando para o chão. — Acho que nunca realmente reparei no que você fazia. Eu... bem, eu queria pedir desculpas.

Louise franziu a testa. Aquilo não era algo que ela esperava ouvir, especialmente de alguém como Dante, que sempre parecia acima de qualquer sentimento de culpa ou arrependimento.

— Desculpas? — ela repetiu, cética. — Pelo quê?

Dante olhou para ela, e por um momento, o habitual ar de superioridade que ele carregava pareceu desaparecer. Ele parecia... vulnerável.

— Por tudo. Pelas piadas, pelos comentários, por não perceber o que você estava passando. Eu sei que não muda nada, mas... eu realmente sinto muito.

Louise ficou em silêncio por alguns segundos, absorvendo as palavras dele. Parte de si queria rejeitá-las, rir na cara dele e dizer que desculpas não consertariam o que ele havia feito. Mas outra parte, uma parte que ela não sabia que existia, queria acreditar que ele estava sendo sincero.

— Eu não sei o que dizer — ela admitiu, sua voz mais baixa do que o normal. — Você não é a pessoa que eu esperava ouvir isso.

— Eu sei — ele respondeu rapidamente. — Nem eu esperava dizer. Mas... as coisas mudam.

Louise suspirou, sentindo o peso das últimas semanas em seus ombros. Desde o diagnóstico, a vida parecia diferente, mais frágil, mais incerta. E, talvez, era por isso que ela sentia essa pequena abertura para escutar Dante, para tentar entender suas motivações.

— Acho que todos estamos mudando — ela disse, finalmente. — Não sei se isso é bom ou ruim.

Dante concordou com um leve aceno de cabeça, e por um momento, os dois ficaram em silêncio. Não havia necessidade de palavras. Algo não dito pairava entre eles, algo que ambos entendiam, mas nenhum dos dois sabia como expressar.

Quando o sinal tocou, anunciando o fim do intervalo, Dante se levantou lentamente.

— Se você quiser... — ele começou, hesitando por um momento. — Podemos conversar mais. Eu sei que não sou a melhor pessoa para isso, mas... eu gostaria de tentar.

Louise o observou por um instante, incerta do que responder. Aquele era o mesmo Dante que havia feito parte dos piores momentos de sua vida escolar, mas também parecia ser uma nova versão dele, alguém que ela não conhecia ainda.

— Talvez — foi tudo o que ela disse, antes de se levantar e caminhar de volta para a sala de aula.

Enquanto os corredores da escola se preenchiam com o som dos alunos retornando às aulas, Louise sentia que algo dentro dela estava, aos poucos, mudando. O que isso significava, ela ainda não sabia, mas uma coisa era certa: o mundo ao seu redor parecia um pouco menos previsível, e, por alguma razão, ela estava disposta a descobrir o que viria a seguir.