Capítulo 10

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Louise olhou-se no espelho mais uma vez, ainda se acostumando com o reflexo. Seu couro cabeludo agora liso refletia a luz, e, apesar da diferença, ela se sentia mais forte do que nunca. Porém, à medida que a manhã da volta às aulas se aproximava, o sentimento de vergonha voltou a surgir. E se olhassem demais? E se cochichassem? Essas dúvidas giravam em sua mente como uma tempestade, ameaçando a paz que ela havia encontrado até ali.

Naquela manhã, Clara estava lá como sempre, pontual e sorridente. Ela entrou no quarto de Louise sem cerimônia, já acostumada a estar presente nos momentos mais vulneráveis da amiga.

— Preparada? — perguntou Clara, cheia de entusiasmo, mas claramente ciente da hesitação de Louise.

Louise respirou fundo e deu um passo incerto em direção à mochila que estava sobre a cama. Vestida com seu uniforme, ela estava pronta em todos os sentidos, menos no emocional. Sentiu a mão de Clara em seu ombro, transmitindo confiança.

— Eu... não sei, Clara. E se todos olharem? E se rirem de mim? — Louise confessou, baixando a cabeça.

Clara deu um passo à frente, forçando Louise a encará-la.

— Você já enfrentou o pior, Louise. Não deixe o que as pessoas pensam te abalar agora. Você é forte. Se alguém disser algo, eles que têm que lidar com a sua força, não o contrário.

Louise mordeu o lábio, ainda incerta.

— E se eu não estiver pronta?

Clara sorriu de leve, segurando as duas mãos de Louise.

— Se você não estiver, a gente volta. Mas eu sei que você está pronta, mesmo que não perceba ainda. E além disso... você não está sozinha, lembra?

Louise assentiu lentamente, absorvendo as palavras da amiga. Finalmente, deu um último olhar para o espelho antes de pegar a mochila e seguir Clara em direção à porta.

A caminhada até a escola parecia mais longa do que o normal. Cada passo era uma mistura de determinação e medo. No entanto, com Clara ao seu lado, Louise sentia uma pequena bolha de segurança, como se nada pudesse realmente feri-la enquanto sua amiga estivesse por perto.

Ao chegarem ao portão da escola, os murmúrios e olhares não demoraram a surgir. Alguns cochichavam entre si, e Louise sentiu o peso de cada olhar, mesmo quando tentava ignorá-los. Ela apertou a alça de sua mochila com força, sentindo o calor subir por seu rosto.

Mas então, algo inesperado aconteceu.

Dante, que até então estava um pouco afastado, caminhou até ela com um sorriso tranquilo no rosto. Quando ele chegou perto o suficiente, Louise notou o que ela nunca teria imaginado: o cabelo dele também estava raspado. A surpresa a fez parar, os olhos arregalados de incredulidade.

— Dante... você raspou o cabelo? — ela sussurrou, quase sem acreditar.

Ele deu de ombros, como se fosse a coisa mais normal do mundo.

— Achei que precisaria de uma companhia — disse ele com um sorriso. — E, além disso, cabelo cresce de novo, certo?

Louise sentiu as lágrimas ameaçarem, mas desta vez, eram de pura emoção e gratidão. Dante, que sempre tinha uma palavra de conforto ou uma piada para aliviar a tensão, tinha dado um passo tão significativo para mostrar que ela não estava sozinha, nem mesmo nas pequenas coisas.

Clara, é claro, não perdeu tempo.

— Olha só, o novo estilo da escola! — disse ela, passando a mão na cabeça de Dante com uma risada. — Acho que vou ter que raspar o meu também pra não ficar de fora.

Louise finalmente soltou uma risada, sentindo-se mais leve do que em semanas. O peso que ela havia sentido naquela manhã agora parecia quase insignificante. Ela olhou para Dante e Clara, e, naquele momento, soube que poderia enfrentar qualquer coisa.

Entraram juntos na escola, com os olhares e cochichos ainda presentes, mas agora, Louise não se importava mais. Ela tinha algo muito mais importante: o apoio daqueles que realmente importavam.

E, por isso, ela estava pronta para o que viesse.

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