Capítulo 6

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O sorriso de Dante ainda ecoava na mente de Louise enquanto ela atravessava os corredores da escola. Algo havia mudado naquele breve momento, algo sutil, mas inegável. Pela primeira vez, em muito tempo, ela sentiu que as coisas não estavam fora de controle. Não que a situação com Dante estivesse resolvida — longe disso — mas havia um espaço para respirar, para que ambos pudessem encontrar um novo equilíbrio, mesmo que isso levasse tempo.

Louise foi até sua sala de aula e se acomodou na cadeira ao fundo, sentindo o olhar curioso de algumas pessoas. O silêncio entre ela e Dante parecia ter sido notado, mas ninguém ousava perguntar diretamente. A professora entrou logo em seguida, interrompendo qualquer tentativa de conversa e iniciando mais uma aula rotineira. No entanto, Louise se viu distraída, seus pensamentos vagando entre o presente e as lembranças do passado.

Ao final da aula, Clara apareceu como sempre fazia, carregando uma pilha de livros que precisava devolver à biblioteca.

— Como está indo o seu dia? — Clara perguntou, sem muita cerimônia.

Louise deu de ombros, um sorriso tímido nos lábios.

— Normal, eu acho. Melhor do que eu esperava, na verdade.

Clara olhou para ela por alguns segundos, como se estivesse avaliando o que significava "melhor" para Louise naquele momento.

— Que bom. Mas você parece diferente — Clara comentou. — Mais... leve.

Louise parou por um segundo, considerando as palavras da amiga. Era verdade, ela se sentia menos sobrecarregada. Talvez fosse o efeito da conversa que tiveram no parque no dia anterior, ou talvez fosse algo dentro dela que, finalmente, estava se ajustando.

— Acho que estou começando a aceitar as coisas como são — Louise disse. — Não é fácil, mas não posso continuar fugindo de tudo o tempo todo.

Clara sorriu, satisfeita com a resposta. Ela sabia que a amiga estava lidando com muito mais do que o aparente. A doença de sua mãe, a relação conturbada com Dante, e até mesmo o peso de suas próprias expectativas.

— E o Dante? — Clara perguntou, hesitante. — Como foi hoje?

Louise suspirou, cruzando os braços.

— Nos encontramos de novo, mas foi diferente desta vez. Ele me parece... genuíno. Não sei o que fazer com isso ainda, mas estou disposta a dar tempo ao tempo.

Clara acenou, contente com a resposta. Ela sabia que Louise estava no caminho certo, mesmo que ainda fosse repleto de incertezas.

***

Mais tarde naquele dia, Louise decidiu ir até o jardim da escola, um local onde costumava passar o tempo antes de toda a confusão com Dante. Era um espaço tranquilo, longe da agitação dos corredores, e ela sempre se sentia em paz ali. Enquanto se aproximava, avistou Dante sentado em um dos bancos, o olhar perdido no céu.

Ela hesitou por um momento, mas algo dentro dela a empurrou para frente. Sem dizer uma palavra, ela se sentou ao lado dele. Por um instante, o silêncio foi tudo o que precisaram.

— Você costumava vir aqui, não é? — Dante perguntou, sem tirar os olhos do horizonte.

Louise assentiu, surpresa por ele se lembrar.

— Era o meu lugar de fuga.

Ele sorriu de leve, como quem entende.

— Também estou tentando encontrar um lugar assim. Um lugar onde as coisas façam mais sentido.

Louise olhou para ele, notando o cansaço em seus olhos. Não o cansaço físico, mas aquele que vem de dentro, das lutas invisíveis que cada um carrega. Pela primeira vez, ela viu Dante não como o rapaz que a magoou, mas como alguém que também estava lutando suas próprias batalhas.

— Eu não espero que você me perdoe — Dante continuou, a voz baixa. — Só queria que soubesse que estou tentando ser alguém melhor. Para mim. E se, algum dia, você puder me ver de outra forma... estarei aqui.

Louise ficou em silêncio, processando suas palavras. Ela não tinha todas as respostas e, na verdade, nem queria tê-las naquele momento. Mas havia algo de honesto em Dante agora, algo que ela não tinha visto antes.

— Acho que todos nós estamos tentando — Louise disse, finalmente. — E talvez seja isso o que importa.

Dante olhou para ela e, pela primeira vez, pareceu aliviado. O peso entre eles parecia ter diminuído um pouco, como se, naquele momento, ambos tivessem encontrado um pequeno pedaço de paz.

***

Nos dias que se seguiram, as interações entre Louise e Dante continuaram breves, mas menos tensas. Havia uma trégua não dita, uma aceitação de que ambos precisavam de espaço para se curar. Clara, sempre ao lado de Louise, notava a mudança na amiga, mas não pressionava por detalhes. Ela sabia que o processo de cura era lento e, às vezes, solitário.

Naquela tarde, quando Louise estava prestes a sair da escola, recebeu uma ligação de sua mãe. A voz do outro lado parecia animada, o que era raro nos últimos tempos.

— O médico disse que meus exames estão melhores, querida. As coisas estão finalmente melhorando!

Louise sentiu uma onda de alívio percorrer seu corpo. A notícia, tão esperada, trouxe lágrimas aos seus olhos.

— Isso é ótimo, mãe. Estou tão feliz.

Enquanto desligava o telefone, ela olhou para o céu, sentindo o peso que vinha carregando finalmente começar a se dissipar. Talvez, apenas talvez, as coisas estivessem começando a se ajeitar.

Naquele momento, ela soube que, apesar de todas as tempestades, ainda havia espaço para dias de sol.

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