Capítulo 5

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A tarde passou lenta, com o silêncio da biblioteca preenchendo os espaços entre Louise e Dante. O que mais a surpreendia não era a presença dele, mas a calma que ela sentia ao tê-lo por perto. As palavras não ditas pareciam mais importantes do que qualquer conversa que pudessem ter naquele momento. Ambos estavam processando algo interno, lutando contra tempestades particulares que os haviam levado até ali.

Ao sair da biblioteca, Louise sentiu o peso das horas em seus ombros. A relação complicada com Dante estava longe de ser resolvida, mas talvez isso não precisasse ser resolvido imediatamente. Ela estava exausta de tentar encontrar respostas rápidas para tudo.

O final da tarde trouxe uma leve brisa, e Louise decidiu caminhar até o parque próximo à escola. O céu começava a ganhar tons alaranjados, e o movimento das folhas nas árvores acompanhava seus passos. Sentada em um banco isolado, ela sentiu o celular vibrar em seu bolso. Uma mensagem de sua mãe. Nada fora do comum, apenas um lembrete do jantar e uma pergunta sobre como foi seu dia. Louise sorriu, mas a saudade e o medo, velhos companheiros, surgiram logo em seguida.

Ela ainda não havia contado à mãe sobre o que estava acontecendo com Dante. Talvez porque ainda não sabia ao certo o que isso significava. As palavras dela e dele estavam enredadas em algo que Louise não conseguia desvendar. Mesmo que sentisse a sinceridade nos olhos de Dante, havia um mar de incertezas dentro dela.

De repente, o som de passos a tirou de seus pensamentos. Ela se virou e viu Clara se aproximando, sua melhor amiga desde sempre. Clara sentou-se ao lado de Louise, o olhar cheio de preocupação. Ela sabia, sem que Louise precisasse dizer uma palavra, que algo estava pesando em sua mente.

— Você está quieta hoje — Clara disse, a voz baixa, como quem não quer invadir.

Louise suspirou, apoiando o queixo nas mãos.

— Muita coisa acontecendo. — Ela deu uma pausa. — Dante apareceu de novo.

Clara arqueou uma sobrancelha, claramente surpresa.

— De novo? E você falou com ele?

Louise assentiu lentamente.

— Ele disse que mudou, que quer ser alguém melhor. E, honestamente, parece sincero, mas... não sei se consigo lidar com isso agora.

Clara ficou em silêncio por um momento, e depois colocou uma mão no ombro de Louise.

— Você não precisa tomar decisões agora. Você está lidando com muita coisa. Se ele realmente mudou, ele vai entender o seu tempo.

Louise sabia que Clara estava certa. Mas havia uma parte de si que não queria mais fugir das coisas, que queria enfrentar seus medos de uma vez por todas — tanto a doença quanto as questões emocionais. Talvez fosse o tempo que a estivesse empurrando a isso, a percepção da brevidade das coisas.

O sol já começava a se pôr, e Clara se levantou, segurando a mão de Louise para que ela a acompanhasse.

— Vamos, ainda tem uma vida lá fora esperando por você.

Louise sorriu, levantando-se e caminhando ao lado da amiga. Naquele momento, ela percebeu que, por mais complexas que fossem as questões que ela enfrentava, não estava completamente sozinha. Havia pessoas como Clara, sempre ao seu lado, e até mesmo Dante, que de uma forma inesperada, parecia oferecer uma nova perspectiva. O caminho à frente seria longo, cheio de incertezas e desafios, mas, talvez, também de novas possibilidades.

***

Na manhã seguinte, Louise se viu novamente diante do espelho, mas algo estava diferente. Ainda havia dúvidas, mas também havia uma centelha de esperança que não estivera lá antes. Ela pegou a mochila e saiu para a escola com uma sensação renovada, como se um novo ciclo estivesse prestes a começar.

Assim que entrou na escola, viu Dante novamente. Ele estava no mesmo lugar de sempre, mas dessa vez, quando os olhares se cruzaram, ele sorriu de um jeito tímido e respeitoso, como quem sabe que a mudança não vem da noite para o dia, mas se constrói aos poucos.

E Louise, pela primeira vez em muito tempo, sorriu de volta.

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