Capítulo 1

22 4 3
                                    

O sino da escola ecoou pelos corredores, anunciando o início de mais um dia. Louise ajustou a alça de sua mochila e entrou na sala de aula, seu refúgio temporário em meio ao caos diário. O ambiente estava preenchido pelo murmúrio dos colegas, que conversavam e riam. Ela encontrou seu lugar na última fileira, como de costume, e se preparou para mais uma aula de história.

Dante estava sentado na frente da sala, cercado por seus amigos, sempre o centro das atenções. Sua presença dominava o espaço, e Louise sentia o peso de sua arrogância mesmo a uma distância segura. As piadas e risadas que saíam do grupo de Dante eram quase como uma constante presença em sua vida, uma sombra que a seguia pelos corredores e a fazia se sentir pequena.

Enquanto o professor começava a aula, Louise tentou se concentrar, mas sua mente estava distante. As palavras de Dante, que costumavam ser apenas barulho de fundo, agora pareciam mais intensas. A escola havia se tornado um campo de batalha, e ela estava sempre na linha de frente.

Durante o intervalo, Louise se dirigiu ao seu canto habitual do pátio, um local tranquilo onde podia escapar do olhar dos outros. Ela se sentou sobre a grama e tirou sua câmera da mochila, procurando encontrar algum alívio na fotografia. O clique da câmera era um som que a acalmava, um lembrete das pequenas belezas que ainda existiam em sua vida.

Ela estava tão absorvida em seu trabalho que quase não percebeu a aproximação de Dante. Ele se aproximou com uma expressão estranha no rosto, uma mistura de curiosidade e hesitação. Louise levantou os olhos e encontrou o olhar dele diretamente sobre ela.

— Olá — disse ele, a voz era mais suave do que ela esperava.

Louise hesitou, sem saber se deveria responder ou ignorá-lo. A presença dele era inesperada, e ela não estava preparada para uma interação amigável, especialmente com alguém que a havia atormentado por tanto tempo.

— O que você quer? — ela perguntou, mantendo um tom frio.

Dante parecia surpreso com sua resposta, mas não se afastou. Em vez disso, ele parecia pesar suas palavras antes de falar.

— Eu... só queria ver o que você estava fazendo. Ouvir sobre... o que aconteceu.

O que ele estava falando? Louise se sentiu confusa e um pouco desconfiada. As palavras de Dante não eram as de alguém que costumava fazer piadas sobre ela. Havia uma sinceridade estranha na maneira como ele falava, e isso a deixou em alerta.

— Sobre o que? — ela perguntou, tentando entender.

Dante respirou fundo e, com um gesto nervoso, começou a falar.

— Eu soube do seu diagnóstico. O câncer. Eu... não sei o que dizer. Apenas sinto muito. — A sinceridade em sua voz era evidente, mas Louise ainda estava cautelosa.

Ela olhou para ele, tentando ler suas intenções. A dor e a surpresa que estavam refletidas no rosto de Dante eram novas para ela, e um pequeno fio de esperança começou a se entrelaçar com o medo e a desconfiança que ela sentia.

— Obrigada — ela disse, finalmente, com um tom mais suave. — Não sei por que você está dizendo isso, mas obrigado.

Dante fez um aceno quase imperceptível e se afastou, deixando Louise com seus pensamentos. A interação foi breve, mas algo dentro dela mudou. Era como se uma pequena fissura tivesse aparecido na parede de gelo que ela havia construído ao redor de si mesma.

Naquela tarde, enquanto voltava para casa, Louise pensou sobre a conversa com Dante. Ela não sabia o que esperar dele, mas, pela primeira vez, sentiu uma pontinha de curiosidade sobre o que poderia vir a seguir. O que estava acontecendo com Dante e o que isso significava para ela? A resposta, ela sabia, estava longe de ser clara, mas o que era certo é que algo estava começando a se transformar.

Eu Amo Você Onde histórias criam vida. Descubra agora