Capítulo 19

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Era uma tarde ensolarada quando Dante e Louise finalmente chegaram à casa dos pais dele. O ar estava tenso, e Louise, embora nervosa, tentava se manter calma. Vestia um lenço delicado sobre a cabeça, um hábito que adotara desde que o tratamento do câncer a fez perder os cabelos. Ela se sentia vulnerável, mas não queria que aquilo a definisse.

Dante apertou sua mão suavemente antes de tocar a campainha. — Vai dar tudo certo, Lou. Não importa o que aconteça, estou com você — disse ele, tentando confortá-la, mas também a si mesmo.

A porta se abriu, revelando os pais de Dante, com expressões neutras. Eles cumprimentaram Louise educadamente, mas era claro que a tensão no ar era palpável. Depois de uma breve conversa, todos se sentaram à mesa da sala, e a mãe de Dante ofereceu chá.

A conversa inicial foi cortês, com perguntas superficiais sobre a escola e os planos futuros. Contudo, logo os pais de Dante começaram a expressar suas preocupações veladas.

— Então, Louise, Dante nos contou que vocês estão se conhecendo melhor. Você parece uma jovem muito doce — começou a mãe de Dante, com um sorriso que não alcançava os olhos. — Mas... você ainda está lidando com o tratamento, certo?

Louise assentiu, sentindo o desconforto aumentar.

— Sim, estou finalizando meu tratamento. Foi difícil, mas estou melhorando. — Tentou manter a confiança na voz, mas sentiu que algo estava errado.

Dante percebia o tom estranho nas perguntas, mas antes que pudesse intervir, seu pai sugeriu uma pausa na conversa.

— Dante, pode nos ajudar um minuto na cozinha? — chamou o pai, indicando com um olhar que queria falar a sós.

Relutante, Dante se levantou, seguindo os pais até um canto mais afastado da sala, onde Louise não pudesse ouvir... ou pelo menos, assim eles pensaram.

— Filho, você sabe que admiramos sua bondade, mas precisa ser realista — começou seu pai, em voz baixa. — Louise é uma boa garota, mas ela está doente. Você não pode se comprometer com uma situação dessas agora. Sua vida está só começando, e cuidar de alguém com uma doença tão grave não é simples. Vai exigir muito de você.

A mãe de Dante assentiu, com a mesma expressão preocupada. — Nós só queremos o melhor para você, querido. Não é que não gostemos dela, mas... você não está pronto para uma responsabilidade dessas.

Dante ficou em choque. O sangue subiu à sua cabeça e a raiva começou a ferver. — Vocês não têm ideia do que estão dizendo! — retrucou, a voz mais alta do que pretendia. — Louise é muito mais do que uma "garota doente". Ela é forte, determinada, e está superando o câncer. E eu estou com ela porque *eu quero*, não por obrigação. Vocês acham que podem decidir por mim?

Antes que pudessem continuar, uma voz baixa interrompeu a conversa.

— Não precisam continuar, eu já ouvi o suficiente.

Todos se viraram para ver Louise parada à porta, os olhos cheios de dor e raiva. Ela respirava fundo, tentando segurar as lágrimas, mas era claro que estava profundamente magoada. — Eu não queria causar problemas. Achei que, se vocês me conhecessem, entenderiam que Dante é capaz de tomar suas próprias decisões. Mas agora vejo que vocês não me veem assim.

— Louise, por favor... — começou a mãe de Dante, mas foi interrompida.

— Não, já entendi o que vocês pensam. E Dante, você não precisa me defender. Se seus pais acham que eu sou um fardo, não preciso ficar aqui.

Dante, furioso, virou-se para os pais. — Se vocês realmente não conseguem ver quem a Louise é, então não vou ficar para ouvir mais nada. Estou indo embora, e não volto até vocês respeitarem minhas escolhas.

Louise olhou para Dante, surpresa, mas não hesitou quando ele a tomou pela mão e começou a sair da casa. A mãe de Dante, com os olhos arregalados, tentou falar mais uma vez.

— Dante, por favor, não faça isso. Você não precisa tomar decisões impulsivas. Estamos apenas preocupados com você!

— Estou seguindo meus sentimentos — respondeu Dante, a voz firme, mas triste. — E agora, estou indo com a pessoa que me entende.

Eles saíram da casa sem olhar para trás. No caminho, Louise finalmente desabou em lágrimas, e Dante parou para abraçá-la, sentindo o peso da situação cair sobre seus ombros.

— Eu sinto muito por isso, Lou — disse ele, beijando o topo de sua cabeça, sentindo o lenço de seda em seus lábios. — Meus pais não têm o direito de tratá-la assim. Eles não sabem o que estão perdendo ao não conhecê-la de verdade.

Louise soluçou, mas apertou o abraço. — Você não tinha que fazer isso, Dante... Não quero ser um motivo de briga entre você e sua família.

— Você não é — respondeu ele, com firmeza. — Eles é que escolheram brigar. Eu escolhi estar ao seu lado.

***

Ao chegarem à casa de Louise, sua mãe ficou surpresa ao ver Dante carregando uma mochila e com os olhos cheios de frustração.

— O que está acontecendo? — perguntou ela, olhando de Louise para Dante.

Louise respirou fundo, ainda tentando controlar suas emoções. — Houve uma... discussão com os pais de Dante. Ele... ele vai ficar aqui por um tempo. Pode ser?

A mãe de Louise, percebendo o que se passava, apenas assentiu. — Claro, Dante. Pode ficar o quanto precisar. Somos uma família aqui.

Dante sorriu, agradecido. — Muito obrigado, senhora.

Louise finalmente conseguiu relaxar um pouco, sentindo-se segura em casa. E, ao lado de Dante, soube que, mesmo com todos os desafios, eles estavam enfrentando aquilo juntos.

***

No dia seguinte, Dante voltou à casa dos pais para pegar suas coisas que ficaram. A tensão estava no ar, mas ele sabia o que precisava fazer.

— Filho, isso não está certo — disse seu pai, vendo-o empacotar seus pertences. — Você não pode simplesmente sair por causa de um desentendimento.

— Um desentendimento mãe? Eu entendi que vocês não gostaram dela. E estou seguindo meus sentimentos, Pois eu quero oque é melhor para mim — respondeu Dante calmamente. — E se vocês não conseguem respeitar isso, então não posso ficar nem mais nenhum minuto.

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