Capítulo 4

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Ovos e bacon...

O cheiro parecia flutuar em cima de mim conforme a consciência voltava aos poucos, era tão bom. Passei tanto tempo sobrevivendo de cereal e leite, que parecia ter esquecido o quanto o cheiro fazia minha boca encher de água.

Não que eu passasse fome, apenas não tinha tempo para ficar na cozinha. Tudo o que eu fazia levava tempo e acabei me acostumando a comer coisas rápidas e práticas para não abandonar o computador.

Eu deveria ter começado a me importar mais com isso.

Me deparei com uma enorme bandeja na mesinha de frente para a minha poltrona, eram tantas coisas que precisei olhar em volta para me certificar de que estava realmente dentro do jatinho. Havia comida para três pessoas, eu tinha certeza disso.

Embora isso tivesse chamado minha atenção não só pelo cheiro, mas também pela aparência incrível que tinha, houve algo a mais que me fizeram virar erguer o olhar e encontrar um azul penetrante fixo em mim.

— Droga, o que está fazendo? — Murmurei me ajeitando, massando as mãos pelo tecido da camisa amarrotada para então, voltar a olhar na direção dele. — Cara, isso é estranho. Pare de me encarar assim.

Ele respirou fundo passando os dedos sobre os lábios, apoiando o cotovelo sobre o próprio braço.

— Coma, estamos quase chegando.

Franzi o cenho confusa, talvez o sono estivesse me fazendo ter alucinações.

— Coma você, armário.

— Já comi.

Olhei novamente para as coisas em cima da mesinha, não iria conseguir comer tudo aquilo, seria impossível.

— Tudo isso? — Ele assentiu sem mudar um milímetro sequer da posição que estava. — Está pensando que sou o quê? Um elefante? Não estou passando fome, obrigada.

Ele exalou.

— Não perguntei, estou dizendo para comer porque já estamos chegando, menina.

Cerrei os olhos para ele e busquei meus olhos ao lado da badeja, mas não antes de mostrar o dedo do meio para ele. Ao encaixar as hastes, juro ter visto um brilho de divertimento passar pelo azul cintilante.

— Qual é o problema de vocês aceitarem que tenho mais idade do que aparento? Droga.

Não houve uma resposta para isso, ele apenas se levantou e voltou para o lugar onde havia sentado antes, me deixando com a bandeja imensa de comida outra vez. Faríamos uma missão juntos, ele não era responsável pela minha nutrição, que inferno.

Mas também, não consegui resistir ao cheiro quente e macio dos ovos mexidos a minha frente. Comi sem me importar com o tempo, nem mesmo quando o jatinho começou a fazer sua descida.

Pelo que esse tal Chad havia conseguido antes do guarda-roupa gigante o afugentar, precisaria encontrar um pequeno lugar na Rua Smithfield. Basicamente, um reservatório de gás em frente ao prédio onde o armário ambulante teria que entrar. Aparentemente, não era realmente gás que guardavam dentro do complexo e sim a rede de computadores que mantinham o prédio em segurança máxima.

Seria moleza se não houvesse seguranças em volta do reservatório e eu garantiria que entrar no prédio fosse fácil, pelo menos eu esperava que sim.

Erik desceu primeiro, como se eu não existisse dentro do jatinho. E quase precisei arrastar as bolsas com o notebook monstruoso que entregaram para mim, além de ter me mostrado que ele não possuía cavalheirismo nenhum.

Como Nathaly havia dito, tudo estava basicamente preparado e um carro nos esperava na porta do aeroporto. Embora isso tivesse me impressionado mais do que deveria, Dublin me fez perceber que além de um lugar lindo, tudo o que ela disse era verdadeiro.

ERRO 404 - Um Jogo PerigosoOnde histórias criam vida. Descubra agora