Capítulo 7

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Talvez Erik fosse um babaca, talvez não. Era difícil deixar as coisas claras quando nem mesmo ele colaborava. Passei o dia vasculhando câmeras de segurança com um armário as minhas costas, quase não consegui me concentrar, estava ficando insuportável ficar perto dele.

Não que ele tenha feito algo contra mim ou que eu sentisse algo que pudesse chegar a ser um problema, mas como eu poderia esquecer o que vi? Não estava sendo nada fácil.

— Sairemos em um minuto, Selene. Não demore.

— Tudo bem, já estou pronta. Não precisa me apressar.

Mais uma vez, vi a droga de uma sombra erguer o canto dos lábios dele e durou poucos segundos ali. Talvez eu prefira que ele seja um babaca, assim consigo lidar melhor com toda essa missão.

Respirei fundo passando as mãos pelos cabelos quando Erik sumiu pela porta, algo não parecia certo e mesmo que eu tivesse descoberto parte de sua vida, parecia que nada era realmente tão importante assim.

Oitenta pessoas foram mortas por suas mãos e entre eles seu parceiro, eu poderia ser a próxima. Tudo estava sendo tão confuso e tão rápido, o ar mal passava por dentro dos meus pulmões completamente antes de voltar a sair.

Coloquei o notebook dentro da bolsa e desci para o hall, a noite estava quente e quase não parecia que iriamos invadir um prédio completamente protegido ciberneticamente, sequer era necessário que houvesse seguranças rondando o local. Ainda estava me perguntando como a CIA tinha a certeza de que apenas um homem parrudo e uma mulher magricela com um computador dariam conta disso.

Guardei o fone que Erik me entregou antes de descer e o encontrei escorado do lado de fora do hotel, até o momento, fingiríamos passear pela rua e conversar sobre qualquer coisa corriqueiramente até chegarmos ao reservatório.

Erik quebraria o trinco da porta e me deixaria lá dentro antes de voltar para a porta principal, esse era o combinado. Ele parecia um guarda-roupa ao meu lado, poderia tirar de dentro dele a qualquer momento uma jaqueta felpuda para dias de neve.

— Então você roubou o banco mais protegido do mundo por causa de um tratamento para o seu irmão? — A voz dele cortou o silêncio entre nós.

Uni as sobrancelhas e ajustei os óculos, desde quando ele conversava? Ah, sim, combinamos para fingir naturalidade.

— Quando se vive com uma pessoa que amamos e está doente, se temos como conseguir ajuda, não importa realmente quais serão as consequências, apenas fazemos.

— Então quer dizer que faria de novo?

Ri com escárnio ajustando a bolsa no ombro.

— Quantas vezes fossem necessárias. David tem uma vida toda pela frente e se eu puder fazer algo para ajudar, não medirei esforço nenhum.

— A família em primeiro lugar?

— Não, quem amamos em primeiro lugar. Família é só uma palavra. — Ele ficou em silêncio e girou a cabeça na minha direção, eu bufei. — Meu pai meteu o pé quando eu tinha dez anos, pouco depois que David nasceu.

Ele ficou em silêncio por alguns segundos.

— Foi por isso que se tornou uma nerd rebelde?

Respirei fundo tantas vezes que me senti tonta e parei no meio do caminho.

— Tem como parar de me tratar como uma adolescente?

— Mas você fala como uma.

— Isso não quer dizer absolutamente nada.

— Isso eu duvido.

— Então tome — tirei a bolsa do ombro e estiquei para que ele pegasse. — Vamos, é tão autossuficiente e adulto, pode muito bem se virar sozinho, como tem dito desde que fui arrastada contra a minha vontade para a cadeia mais próxima.

ERRO 404 - Um Jogo PerigosoOnde histórias criam vida. Descubra agora