"A new beginning"
BillieA luz suave da manhã começou a tocar o quarto, me despertando lentamente. A sensação de estar entre os lençóis quentes, com o corpo ainda pesado de cansaço, era quase confortante. Por um instante, esqueci-me de tudo: da cirurgia, das dores e da angústia que parecia nunca ter fim. O calor tranquilo de Maya ao meu lado me lembrou que o pior havia passado. Ainda não sabia como lidar com tudo o que tinha acontecido, mas, por agora, só o silêncio do novo dia importava.
Desviei o olhar para Maya, que dormia tranquilamente, sua respiração lenta e ritmada. O cabelo bagunçado caía no rosto, e seus lábios estavam ligeiramente entreabertos. Um leve sorriso se formou em meu rosto enquanto a observava, tentando gravar aquele momento em minha memória. Por tanto tempo, eu vivi envolvida em uma tensão constante, lutando para mantê-la segura, para lidar com meus próprios demônios. Mas agora, tudo parecia calmo. A paz que eu tanto procurei finalmente estava ali, deitada ao meu lado.
Meu corpo ainda estava fraco, mas decidi sair da cama, sem acordá-la. Os movimentos eram lentos e cuidadosos, como se meu corpo estivesse reaprendendo a se mover depois de tudo que passei. Peguei uma camiseta qualquer e a vesti, sentindo a textura macia do tecido contra a pele. Caminhei até a cozinha, me apoiando levemente nas paredes enquanto me acostumava com a dor leve que ainda restava. Cada passo era um lembrete de que eu ainda estava me recuperando, mas não me deixei abater por isso.
Quando cheguei à cozinha, respirei fundo, sentindo o cheiro do ar fresco da manhã entrando pela janela entreaberta. Queria preparar algo para Maya, uma pequena surpresa. Eu nunca fui a melhor cozinheira do mundo, e nosso café da manhã seria simples, mas o gesto era o que importava. Café forte, torradas e frutas. Nada demais, mas suficiente para mostrar que eu me importava. Enquanto colocava as fatias de pão na torradeira e esperava a água ferver para o café, fiquei pensando em tudo o que tínhamos vivido nos últimos meses. Desde o primeiro encontro até o sequestro, a cirurgia... parecia uma sequência interminável de momentos que testavam nossos limites. Mas, de alguma forma, chegamos até ali, juntas.
O som das torradas saltando me tirou dos meus pensamentos. Preparei o café e arrumei a mesa com cuidado. Era engraçado como algo tão simples como um café da manhã normal podia parecer tão especial depois de tudo o que passamos. O barulho de passos leves me fez virar, e lá estava Maya, parada na porta da cozinha, com um sorriso suave nos lábios. Seu cabelo estava bagunçado, e os olhos meio fechados pelo sono, mas ela parecia ainda mais linda assim, completamente à vontade.
— Bom dia — sua voz saiu suave, ainda rouca de sono, enquanto se aproximava de mim. Ela me envolveu com os braços em um abraço leve, deixando um beijo delicado no meu pescoço. Seu toque fez com que uma onda de tranquilidade me preenchesse.
— Bom dia — respondi, tentando segurar o sorriso que já tomava conta do meu rosto. — Eu fiz café... ou pelo menos tentei.
Ela riu, um som que eu poderia ouvir pelo resto da vida sem nunca me cansar. Sentamos à mesa, ainda num silêncio confortável, comendo o café da manhã simples que eu preparei. Apesar de tudo, havia algo reconfortante em partilhar esses momentos. Eram pequenos, mas, ao mesmo tempo, enormes.
— Como você está? — Maya perguntou, e eu senti sua preocupação genuína na forma como ela olhava para mim.
— Estou melhor — respondi sinceramente. — Ainda dói um pouco, mas acho que estou finalmente começando a me sentir como eu mesma de novo.
Ela assentiu, seu olhar se suavizando. Sabíamos que a recuperação física seria lenta, mas ambas entendíamos que a verdadeira cura, a emocional, levaria mais tempo. As cicatrizes internas eram profundas, e, por mais que eu não quisesse admitir, havia uma parte de mim que ainda se sentia vulnerável.
— E você? — perguntei, virando o foco para ela. — Como você está lidando com tudo?
Maya ficou em silêncio por um momento, como se estivesse escolhendo cuidadosamente suas palavras.
— É... difícil, de certa forma — ela admitiu, sua voz suave. — Ver você assim, tão perto de... perder você, me fez perceber muitas coisas. Eu... tenho medo, mas ao mesmo tempo, me sinto mais próxima de você do que nunca.
Seu olhar encontrou o meu, e naquele momento, todas as palavras não ditas entre nós pareciam flutuar no ar. Eu sabia que havia muito que precisávamos conversar, coisas que deixamos de lado por causa das circunstâncias. Mas, por enquanto, aquele silêncio entre nós era suficiente.
Terminamos o café da manhã, e Maya começou a limpar a mesa, insistindo que eu ficasse sentada. Apesar de meu corpo ainda fraco, havia algo dentro de mim que queria fazer parte da rotina de novo, mesmo que fosse apenas pequenos gestos. Mas acabei cedendo e me sentando no sofá enquanto a observava.
Quando ela terminou, sentou-se ao meu lado, apoiando a cabeça no meu ombro. Ficamos assim por um tempo, apenas aproveitando a presença uma da outra, o som suave da respiração dela ao meu lado. A leveza daquele momento contrastava com tudo o que tínhamos passado. Era como se o mundo ao nosso redor tivesse finalmente desacelerado, permitindo-nos um breve descanso.
— Sabe — Maya começou, sua voz baixa e reflexiva — eu nunca imaginei que estaríamos aqui, agora. Quando tudo começou... eu estava com tanto medo. De você, da perseguição, de tudo. Mas agora... — Ela levantou a cabeça, olhando diretamente nos meus olhos. — Não consigo imaginar minha vida sem você.
Senti meu coração apertar com suas palavras. Por tanto tempo, eu a observei de longe, sem saber se algum dia ela me aceitaria como eu era, com todos os meus defeitos e obsessões. Mas ali estávamos, compartilhando nossos medos, nossas fraquezas, e, ainda assim, tão conectadas como nunca.
— Eu também não consigo imaginar isso — respondi, apertando levemente sua mão. — Passamos por muita coisa, Maya. Eu sei que cometi erros... mas agora, tudo o que eu quero é te proteger. Ser a pessoa que você merece.
Ela sorriu, aquele sorriso caloroso que fazia o mundo parecer menos complicado.
— Você já é — ela disse simplesmente.
Ficamos em silêncio de novo, mas dessa vez era um silêncio cheio de entendimento. Havia uma longa estrada pela frente, e sabíamos que a vida não seria sempre fácil, mas, naquele momento, estávamos em paz. Havia uma sensação de que, não importa o que viesse a seguir, enfrentaríamos juntas.
Deitei minha cabeça no colo de Maya, e ela começou a passar os dedos pelo meu cabelo, um gesto simples, mas que me trouxe uma paz profunda. Senti meus olhos se fecharem aos poucos, o cansaço finalmente me dominando. O último pensamento que passou pela minha mente antes de adormecer foi de que, finalmente, estávamos no caminho certo.
O futuro era incerto, mas, pela primeira vez, não havia medo, apenas esperança.
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Eu achei esse capítulo tão fofinho vey 😭
Eu qro agradecer os 128 votos! Eu nunca imaginei que uma fanfic que eu criei por puro tédio iria ter essa little repercussão. Tipo, tô mto felizinha ^^
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My Dear Stalker - Billie Eilish| G!P (EM HIATUS)
FanfictionEm Los Angeles, Billie Eilish se vê obcecada por Maya Collins, uma aspirante a escritora que se torna sua musa. O que começa como admiração logo se transforma em uma perseguição inquietante. À medida que Billie se aproxima, Maya precisa desvendar o...