Capítulo 44

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Enquanto Maya tenta desvendar os mistérios entre o sonho e a realidade, essas músicas capturam a intensidade emocional e a confusão interna que ela sente. Deixe-se levar pelas melodias enquanto a história se desenrola.

Playlist
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New beginning



Maya

O quarto estava quieto, exceto pelo som suave do monitor ao lado da cama, marcando o ritmo constante do meu coração. Tudo parecia normal, mas a normalidade não fazia sentido. Eu ainda podia sentir a dor fantasma, o eco de algo muito real — ou, pelo menos, parecia ter sido. Aquela sensação de escuridão, de morte.

Tentei sentar-me, meus olhos buscando alguma explicação na janela, na luz suave que entrava. Mas a sensação de que algo estava profundamente errado era inescapável. Então, antes que eu pudesse organizar meus pensamentos, a porta abriu com um leve rangido, e Billie entrou no quarto.

Ela parecia a mesma, mas algo em sua presença me deixou confusa. O cabelo dela estava diferente do que eu me lembrava — a raiz vermelha, o resto preto. Havia um brilho em seus olhos, uma preocupação profunda misturada com alívio, mas também uma certa leveza que não combinava com tudo que eu tinha vivido... ou sonhado?

— Maya — ela chamou meu nome suavemente, como se estivesse com medo de quebrar algo delicado. Seus olhos buscaram os meus, e sua voz trouxe um conforto familiar.

Eu não soube o que dizer no início. As lembranças turvas ainda martelavam na minha mente. Respirei fundo, tomando coragem para fazer a pergunta que me atormentava.

— Eu... eu morri, Billie? — Minha voz saiu hesitante, quase um sussurro, mas o silêncio após a pergunta foi ensurdecedor.

Billie me olhou fixamente, suas sobrancelhas se juntando em confusão.

— O quê? — Ela deu um passo à frente, sentando-se na beira da cama, claramente surpresa pela minha pergunta. — Maya, sobre o que você está falando? Morreu? Você está viva, aqui comigo.

Balancei a cabeça, tentando encontrar as palavras certas. Eu sabia que ela não entenderia sem explicações.

— É que... Eu lembro de tanta coisa... Mas ao mesmo tempo, nada disso parece real agora. — Minhas mãos tremeram ao pegar as dela, buscando uma âncora. — Eu lembro de você... começando a me seguir, Billie. Lembro da Ashley... ameaçando nós duas, de eu sendo sequestrada. De você me encontrando dias depois. — Eu parei por um momento, tentando não ser levada pela emoção. — Lembro de você... sendo esfaqueada. Seus batimentos... eles pararam.

Billie me olhou como se eu estivesse narrando um pesadelo distante, mas não pareceu reconhecer qualquer parte da história.

— Espera — ela interrompeu suavemente, seus olhos estavam fixos nos meus. — Ashley? Quem é Ashley? Eu nunca conheci ninguém com esse nome. E... esfaqueada? — Ela balançou a cabeça, claramente confusa. — Maya, isso... isso não aconteceu. Nada disso aconteceu.

O ar ao nosso redor parecia ficar mais denso. Meu coração acelerou, e eu recuei um pouco, me sentindo completamente fora da realidade.

— Como assim... Não aconteceu? — Minha voz tremeu. — Eu lembro, Billie. Lembro de cada detalhe. Até do Michael... ele começou a me perseguir também, se juntou a Ashley. Eles faziam ameaças psicológicas, brincavam com a gente. — Apertei minha mão contra a cabeça, tentando afastar o caos que parecia se formar ali. — Eu morri. Ashley me esfaqueou, e depois eu... levei um tiro. Eu senti tudo, eu vi tudo. Como isso pode não ter acontecido?

Billie segurou minhas mãos com mais firmeza, seu olhar suave, mas ainda assim desconcertado.

— Maya, você está aqui, viva. Eu não sei o que aconteceu, ou o que você sonhou enquanto esteve desacordada, mas nenhuma dessas coisas é real. — Ela suspirou, sua expressão ficando mais séria. — Houve um acidente... de carro, nós duas nos machucamos, e você esteve em coma por dois anos. Mas eu estou aqui, estou bem, e nada disso que você está dizendo faz sentido pra mim.

Dois anos.

As palavras dela bateram em mim como um tsunami. Dois anos? Como isso poderia ser verdade? Minha mente estava presa em tantas outras memórias, outras realidades, como se eu tivesse vivido várias vidas em um intervalo tão curto.

— Mas tudo parecia tão real — eu sussurrei, me sentindo perdida. — Eu senti a dor, o medo... e depois a morte. Eu lembro de te ver sem vida, e agora tudo isso parece... como um sonho. Mas e se...? — Minha voz se dissolveu em incerteza.

Billie me puxou para perto, envolvendo-me em um abraço apertado. Ela sempre soube como me acalmar, mas agora eu não sabia se conseguia confiar em nada além do que eu mesma havia vivido. Ou sonhado.

— Eu não sei o que você viu, ou o que sentiu — Billie começou, sua voz baixa e reconfortante. — Mas estou aqui agora. E estamos vivas, juntas. Isso é o que importa.

Eu me agarrei a ela, deixando as lágrimas finalmente caírem, enquanto tentava processar essa nova realidade. Será que tudo aquilo era apenas um reflexo de um pesadelo em coma? E se fosse, por que parecia tão real? Enquanto as emoções se acalmavam dentro de mim, uma pergunta silenciosa pairava no fundo da minha mente:

Se tudo foi apenas um sonho, por que ainda parece tão real?

Eu me afastei ligeiramente, olhando nos olhos de Billie, sentindo a confusão diminuindo aos poucos, mas não desaparecendo por completo.

— Você me prometeu algo... num parque, antes do acidente — eu sussurrei, a memória da proposta surgindo como um farol no meio do caos. — Isso foi real?

Billie franziu a testa, seus olhos se suavizando enquanto tentava recordar.

— Nós falamos sobre o futuro muitas vezes, Maya... mas eu não lembro de uma proposta no parque. Talvez isso também tenha sido parte do seu sonho?

Eu não sabia se estava aliviada ou desapontada, mas uma coisa era clara: esta realidade, seja qual fosse, era onde eu estava agora. E, por mais que o passado me puxasse para trás, eu precisava seguir em frente.

— Então, estamos começando do zero — eu disse suavemente, tentando me ajustar à ideia.

Billie sorriu de leve, segurando meu rosto com delicadeza.

— Um novo começo.

Eu não sabia se estava aliviada ou desapontada por ouvir aquilo. Era estranho como algumas memórias pareciam tão nítidas, enquanto outras escapavam pelos meus dedos, como areia. Eu estava prestes a responder quando Billie deslizou as mãos pelas minhas coxas, suavemente, como se estivesse tentando me lembrar do presente, afastando-me das sombras do passado.

– Vamos focar no agora – ela sussurrou, seus lábios roçando os meus, sua voz cheia de uma promessa silenciosa.

Eu estava prestes a me perder em suas palavras, quando senti o calor do seu toque subir pela minha pele.

My Dear Stalker - Billie Eilish| G!P (EM HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora